Anjo da Morte: ossos de Mengele são usados em aulas de medicina forense

13/01/2017 às 07:503 min de leitura

Você certamente já ouviu falar a respeito de Josef Mengele, também conhecido pelo infame apelido de “Anjo da Morte”, não é mesmo? Ele foi um cruel médico nazista que, durante a Segunda Guerra Mundial, realizou experimentos aterrorizantes e desumanos com prisioneiros — incluindo crianças — do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

Currículo tenebroso

Algumas das experiências que Mengele realizou durante a sua estadia no campo de extermínio envolveram matar bebês de fome para descobrir quanto tempo um recém-nascido seria capaz de sobreviver sem receber alimentos, costurar gêmeos (que estavam entre seus “temas” favoritos de pesquisa) juntos para criar siameses e conduzir estudos e injetar corantes nos olhos dos prisioneiros para mudar a cor da íris, entre muitos — muitos — outros testes torturantes.

Crianças de Auschwitz

Obviamente, como resultado, muitas de suas “cobaias” morreram no decorrer ou como resultado de suas experiências. Isso quando o Anjo da Morte — que mais merecia ser chamado de Demônio — não enviava os sobreviventes para serem dizimados nas câmaras de gás. Pois esse cara conseguiu fugir da Europa no fim da guerra e veio parar aqui no Brasil.

Primeiro, Mengele passou uma temporada no Paraguai, mas, depois de o Mossad — serviço secreto israelense — capturar outros fugitivos nazistas como ele, o Anjo da Morte veio para o nosso país, em 1960. Até onde se sabe, Mengele viveu em São Paulo tranquilamente até sua morte, em 1979, quando se afogou em Bertioga. Ele foi enterrado no cemitério de Rosário, em Embu das Artes, sob o falso nome de Wolfgang Gerhard, e nunca foi julgado por seus crimes.

Ossada diabólica

Depois de décadas no encalço do Anjo da Morte, uma operação de busca que envolveu os governos de Israel, dos EUA e da Alemanha Ocidental chegou até a sua sepultura. Em 1985, seu esqueleto foi exumado, e quem identificou os ossos como sendo de Mengele foi o patologista Daniel Romero Muñoz.

Josef Mengele na época em que ela era um oficial nazista a serviço do Terceiro Reich

O parecer de Muñoz foi confirmado através de exames de DNA conduzidos em 1992, e os infames ossos permaneceram esquecidos no IML de São Paulo desde então — já que a família de Mengele se recusou a repatriar os restos mortais de volta à Alemanha. Agora, após a ossada do nazista sinistro ficar esse tempo todo juntando poeira, o próprio Dr. Muñoz resolveu dar alguma utilidade a ela.

História gravada nos ossos

Os ossos estão sendo utilizados durante aulas de medicina forense na Universidade de São Paulo e, segundo o patologista, eles são um excelente “material didático”. Isso porque a ossada traz uma série de vestígios da vida de Mengele durante o período em que ele serviu o exército, bem como de problemas de saúde que ele sofreu durante seu exílio.

Anjo da Morte

Segundo Muñoz, graças aos registros médicos de Mengele, os patologistas sabiam, por exemplo, que ele havia sofrido uma fratura na pelve durante um acidente de moto em Auschwitz, e essa fratura está presente na ossada. Além disso, o crânio conta com um pequeno furo no zigomático (ou osso da bochecha) esquerdo, resultado de uma sinusite com a qual o Anjo da Morte sofreu por um longo período de tempo.

Dr. Daniel Romero Muñoz com os ossos de Mengele durante uma aula

Ademais, também existem registros de que Mengele sofreu com abscessos dentais — que ele mesmo tratava com uma lâmina afiada —, e o crânio traz esses vestígios. O mais interessante é que o corpo docente da USP espera que o estudo dos ossos desse personagem perverso transcenda as aulas de medicina e que o foco não se restrinja ao lado puramente científico da coisa.

De acordo com a Professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP, a intenção é abranger as análises para as áreas da História e da Ética também. Segundo Tucci, os ossos podem “ensinar” como os médicos, psiquiatras e outros cientistas a serviço dos nazistas usaram seu conhecimento para excluir os grupos étnicos considerados por eles como inferiores — classificação essa que resultou no genocídio.

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