Vampiros brasileiros: morcegos desenvolvem gosto por sangue humano no país

13/01/2017 às 11:542 min de leitura

Como você sabe, existem espécies de morcegos-vampiros na natureza e, apesar de esse nome ligeiramente sinistro despertar certa apreensão, a verdade é que os humanos não tinham muito que temer sobre esses animais. Bem, não até agora, pois parece que vão começar a ter — especialmente alguns humaninhos aqui do Brasil!

Vampiros brasileiros

Existem três espécies de morcego que se alimentam de sangue na natureza: a Desmodus rotundus, a Diaemus youngi e a Diphylla ecaudata, e todas são nativas das Américas. A primeira é conhecida por consumir o sangue de mamíferos — como porcos, cavalos e vacas, mas raramente o de humanos —, enquanto as outras duas se alimentam exclusivamente do sangue de aves, incluindo uma ocasional galinha aqui e ali.

Diphylla ecaudata em pleno voo

No entanto, de acordo com Bec Crew, do portal Science Alert, embora se acreditasse que os morcegos da espécie Diphylla ecaudata estavam apenas adaptados para consumir o sangue de aves, pesquisadores da Universidade Federal do Pernambuco descobriram que esses vampiros não só desenvolveram o gosto para sugar o sangue de mamíferos, como começaram a atacar humanos também!

Os cientistas fizeram a descoberta enquanto investigavam a dieta de uma colônia de morcegos da espécie D. ecaudata em Catimbau, uma área de caatinga da região nordeste, e se depararam com fezes desses animais contendo sangue de aves, mais precisamente, de galinhas, juntamente com sangue humano. Segundo Bec, isso é bem desconcertante, já que alterações na dieta não são algo assim tão simples para os morcegos.

Mudança de dieta

Conforme explicaram os cientistas, os morcegos precisariam passar por adaptações fisiológicas, morfológicas e de comportamento extremas para mudar de dieta. Isso porque o sangue de mamíferos tem uma composição diferente do de aves, especialmente no que diz respeito à parte nutricional.

Eles até que têm uma aparência simpática

Enquanto o sangue das aves apresenta uma maior quantidade de água e gordura, o dos mamíferos é mais rico em proteínas, por exemplo, e estudos sobre a fisiologia alimentar dos D. ecaudata revelou que esses morcegos estão adaptados para processar melhor o sangue de aves do que o de mamíferos.

Tanto que, durante alguns experimentos, ao tentar alimentar os D. ecaudata com o sangue de porcos, muitos dos morcegos preferiram ficar sem comer a “sair da dieta”, e alguns inclusive chegaram a morrer de fome por se recusar a consumir o sangue do mamífero. Portanto, a descoberta de que esses animais começaram a se alimentar de outras fontes realmente surpreendeu os pesquisadores.

Desvendando mistérios

De acordo com Bec, os pesquisadores fizeram outra descoberta interessante... Segundo a equipe, as presas mais comuns dos D. ecaudata são os jacus (Penelope jacucaca), os jaós-do-litoral (Crypturellus noctivagus) e as pombas-asa-branca (Patagioenas picazuro). Pois essas três aves vêm desaparecendo da região na qual os morcegos sugadores de sangue humano foram detectados devido ao desmatamento e à caça.

Os morcegos-vampiros oferecem riscos sérios à saúde dos humanos

Então, a próxima ave a entrar para o cardápio dos “vampiros” foram as galinhas, explicando a presença do sangue dessas aves nas fezes dos morcegos. Os pesquisadores explicaram que a população que habita na região é bem humilde e costuma manter um contato bastante próximo com as aves.

Assim, tudo parece indicar que uma coisa levou à outra, e os morcegos evoluíram uma adaptação para poder processar o sangue dos humanos — que estão ali por perto mesmo e têm mais sangue do que as galinhas, oras! Na verdade, existem implicações sérias com esse novo gosto desenvolvido pelos D. ecaudata, já que eles podem transmitir doenças graves, como o hantavívus, que pode ser mortal para os humanos.

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