Perigo: aquecimento global pode criar um novo surto mortal de varíola

A varíola está erradicada do mundo há quase 40 anos: em 1977, o último caso foi diagnosticado na Somália. Entretanto, ela ameaça a humanidade novamente, por conta do aquecimento global. O degelo na Sibéria pode trazer o vírus novamente à tona, com potencial risco aos seres humanos.

Numa cidade ao leste da Sibéria, na Rússia, durante a década de 1890, estima-se que até 40% da população tenha morrido durante uma grande epidemia de varíola. Centenas de corpos infectados foram enterrados no permafrost, que está apresentando um degelo até três vezes maior neste ano.

Esse derretimento pode expor os cadáveres e liberar os vírus na atmosfera, criando uma nova epidemia. Um susto semelhante aconteceu no mês passado, na península de Yamal, no norte da Rússia, quando o degelo liberou o mortal vírus antraz, que estava em corpos humanos e de renas enterrados no permafrost. Entretanto, “apenas” 1 criança e 2,3 mil renas morreram, e outras 24 pessoas se infectaram.

A cidade de Zashiversk foi abandonada na década de 1890, depois de um surto de varíola dizimar 40% de sua população

E é só o começo...

O corpos dos mortos com varíola no final de século 19 foram enterrados perto do rio Kolyma, e o vice-diretor de pesquisa do Instituo de Problemas Biológicos Cryolithozone, Boris Kershengolts, acredita que a varíola pode, sim, voltar à tona. Com o derretimento do gelo e a elevação do nível do rio, esses corpos podem reaparecer.

Viktor Maleyev, do Instituto de Pesquisa de Epidemiologias da Rússia, é ainda mais radical: ele acredita que o derretimento do permafrost pode expor outros vírus além do antraz e da varíola. “Eu acho que as mudanças climáticas nos trarão muitas surpresas. Eu não quero assustar ninguém, mas devemos estar prontos”, alertou.

No momento, um enorme mutirão está abatendo as renas infectadas pelo antraz e vacinando as saudáveis para que essa infecção não se alastre. Em 2016, o derretimento na região da Sibéria está muito maior e, de acordo com especialistas, merece uma atenção redobrada.

Cientistas estudam amostras do solo na península de Yamal, onde, no mês passado, morreu uma criança infectada por antraz