Caixas misteriosas de navio da 2ª Guerra Mundial aparecem no Nordeste

14/10/2019 às 10:002 min de leitura

Em janeiro de 1944, um navio alemão da 2ª Guerra Mundial naufragou próximo ao Brasil. Somente 50 anos depois, em 1996, ele foi encontrado a cerca de 1 mil quilômetros do litoral. Ninguém imaginaria, contudo, que essa teria sido a origem de caixas misteriosas que apareceram recentemente em praias do Ceará e outras regiões do Nordeste.

A história dessas caixas teve início em outubro de 2018, quando a primeira de muitas apareceu em Alagoas. Após isso, uma série de caixas começou a surgir em outras praias, contabilizando cerca de 200 unidades até agora. 

O evento tomou mais visibilidade a partir dos estudos sobre as manchas de óleo que afetaram os mares do Nordeste. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) acabou descobrindo novas informações acerca das caixas enquanto faziam análises sobre o óleo.

(Fonte: José Cláudio de Araújo/Divulgação)

Novas peças para o quebra-cabeça

Os materiais encontrados são grandes fardos de borracha, mas ainda não se sabe para o que eram utilizados. Em uma das caixas havia uma placa metálica com inscrições em alemão, uma pista importante para identificar a origem desses objetos. 

O professor Luís Ernesto Bezerra começou a se interessar pelo enigma das caixas após encontrar uma delas em Itarema, interior do Ceará. "[Ela] tinha uma inscrição pertencente à Indonésia Francesa, que ficou independente em 1953, ou seja, é muito antiga. Então começamos a pesquisas e encontramos confirmações desse naufrágio", afirma.

De acordo com o oceanógrafo físico do Labomar, Carlos Teixeira, o navio "SS Rio Grande" utilizava um nome brasileiro para se disfarçar dos inimigos de guerra e estava carregado com os tais fardos de borracha. Ao ser descoberto, ele foi afundado por forças aéreas dos Estados Unidos. Confira o vídeo neste link.

O professor Ernesto Bezerra nos ajuda a entender por que os fardos começaram a aparecer agora, tantas décadas depois do naufrágio. "Navios naufragados começam a sofrer corrosão, então, décadas depois, começam a vazar as suas cargas. E por ter acontecido no Oceano Atlântico perto do Nordeste, elas [as caixas] chegaram até aqui", conta.

E as manchas de óleo?

"A gente sabia das caixas, mas nunca tínhamos conseguido desvendar de onde elas vinham. Aí veio a problemática do óleo. Por coincidência, ou não, a ocorrência desse óleo está acontecendo na mesma época do ano em que as caixas começaram a aparecer no ano passado", afirma Carlos Teixeira.

De acordo com os pesquisadores, ainda não foi encontrada nenhuma evidência que relacione o vazamento de óleo e as caixas, sobretudo porque o petróleo encontrado nas praias que foi analisado é recente. "Para ter relação [com as caixas], o óleo teria que ser muito velho.", explica o oceanógrafo. 

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