Anne Bonny: a impetuosa pirata que aterrorizou os mares

20/04/2021 às 04:004 min de leitura

Durante o século XVIII, durante a Era de Ouro da Pirataria, havia uma regra clara: nada de meninos ou mulheres a bordo. Mas Anne Bonny não ligava para superstições e determinações masculinas, tornando-se uma das poucas piratas mulheres e sendo lembrada por sua coragem e temperamento.

Segundo o livro Uma História Geral dos Roubos e Assassinatos dos Piratas Mais Notórios, publicado em 1724 e escrito pelo Capitão Charles Johnson, “ninguém foi mais ousado ou corajoso” do que esta impetuosa corsária ruiva e de olhos verdes.

Quem foi Anne Bonny?

Nascida entre 1697 a 1698 nos arredores de Cork, na Irlanda, a mulher foi fruto do caso do advogado William Cormac com sua empregada, Mary Brennan.

Apaixonado pela criança, mas tentando manter as aparências, William vestia Anne como menino, mantendo seu cabelo curto e o apresentando para estranhos como Andy, um garoto que estava treinando para ser seu escriturário.

Porém, a verdade logo foi revelada, o que levou Cormac a zarpar com sua filha e amante para Charleston, Carolina do Sul, local no qual acabou prosperando o bastante para comprar uma plantação.

(Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)(Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)

A vida de Bonnie poderia ter seguido o mesmo rumo de outras jovens abastadas de sua época, mas quando sua mãe faleceu de febre tifoide em 1711, seu temperamento feroz começou a aflorar, com o livro de Johnson afirmando que ela passava noites em tabernas, e também teria esfaqueado uma criada durante uma discussão e espancado quase até a morte um homem que tentou estuprá-la.

Obviamente que seu pai não gostava nada desse comportamento, mas só a deserdou quando a jovem decidiu se casar com o pobre marinheiro chamado James Bonny em 1718. Irritada pela desaprovação, a moça se mudou para a área de Nassau, nas Bahamas, com o novo marido, parte do mundo conhecida na época como a República dos Piratas.

Uma vida no mar

O casal logo se viu desiludido um com o outro, pois a mulher esperava que seu esposo fosse alguém que desafiava às regras e ele acreditou que ela viria com a fortuna do pai. Foi quando Anne conheceu o capitão pirata John “Calico Jack” Rackam, com quem decidiu fugir para uma vida desbravando os mares.

(Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)(Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)

Como mencionei acima, marinheiros abominavam a ideia de ter uma mulher no navio, acreditando que isso traria azar, e quando um membro da tripulação de Rackam cometeu o erro de expressar sua preocupação sobre a presença de sua nova amante, foi desafiado pela moça para um duelo, no qual acabou sendo apunhalado no coração e jogado ao mar.

A partir daí, Bonny foi aceita como parte do grupo, vestindo-se como homem sempre que o barco partia para um ataque, lutando com uma pistola na mão e espada na cintura.

Mary Read: amizade ou amor?

Em determinado momento, Calico Jack e seus companheiros conquistaram um navio nas Índias Ocidentais, e ao seguir o código de conduta dos piratas e convidar os sobreviventes a se juntarem à sua tripulação, o capitão não imaginava que traria uma segunda mulher a bordo, Mary Read, que estava disfarçada de homem.

Anne ficou encantada logo de cara com "o belo companheiro" e acabou revelando para Read que era uma mulher, apenas para ser surpreendida com o fato de não ser a única a carregar tal segredo.

Mary Read. (Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)Mary Read. (Fonte: Biblioteca do Congresso/Reprodução)

As duas descobriram ainda mais semelhanças que as uniram - Mary também foi uma criança ilegítima que teve que se vestir como menino e era chamada de "Mark" - e alguns relatos afirmam que as duas teriam até se tornado amantes.

Mas talvez o que mais chamou a atenção de Bonny era a coragem e ferocidade de Read, com uma parte do livro de Johnson contando como a segunda mulher lutou em um duelo no lugar de um gentil rapaz parte da tripulação e que era seu amante para que o mesmo não se ferisse.

Contudo, conforme as moças se uniam, Rackam ficava cada vez mais enciumado, ameaçando cortar a garganta de Read, e novamente segundo Johnson, Anne teria contado o segredo do novo integrante para acalmar o capitão, com outros relatos sugerindo que eles acabaram formando um ménage à trois depois disso.

O fim das aventuras

Em 1720, após o navio de Calico Jack atacar sete barcos de pesca e dois saveiros, sua tripulação acabou caindo na mira das autoridades, sendo declarados Inimigos da Coroa da da Grã-Bretanha.

E em outubro do mesmo ano, enquanto comemoravam sua onda de boa sorte, foram atacados pelas forças da lei, mas muitos estavam bêbados demais para se preparar para batalha, com alguns desmaiando e outros procurando abrigo abaixo do convés.

Bonny e Read estavam entre os poucos corsários capazes de lutar, mas foi o combate foi em vão, com as mulheres, Rackam e os demais sendo presos e levados para a Jamaica para julgamento no qual foram condenados à morte.

(Fonte: Biblioteca e Arquivos do Museu dos Marinheiros/Reprodução)(Fonte: Biblioteca e Arquivos do Museu dos Marinheiros/Reprodução)

O pedido final de John foi ver Anne antes de morrer, talvez esperando algum conforto na visita da ex-amante. Porém, tudo que ela disse ao encontrar o capitão na cela era que "lamentava vê-lo ali, mas se tivesse lutado como um homem, não precisaria ser enforcado como um cão".

As duas moças escaparam da força afirmando estarem grávidas, o que foi confirmado após um exame. Sendo confinadas em celas vizinhas enquanto esperavam o nascimento das crianças, Mary faleceu em 28 de abril de 1721, mas nunca se soube ao certo qual foi o destino de Bonny.

Acredita-se que ela também pode ter morrido na prisão, contudo, fontes sugerem que a boa reputação de seu pai ajudou a libertá-la, e que ela teria voltado para Carolina do Sul, casado novamente e tido vários filhos.

O legado de Anne Bonny

Historiadores explicam que por mais que as façanhas de Anne - uma das poucas mulheres a se tornarem piratas - tenham sido relatadas na época, essas informações foram ocultadas posteriormente, talvez como uma forma de evitar que outras moças a usassem como inspiração.

“[Bonny e Read] romperam as fronteiras de gênero e surpreenderam as pessoas na época. Elas foram pioneiras em uma sociedade incrivelmente dominada por homens que criaram seu próprio caminho... [mas] foram esquecidas da história", explicou a professora Kate Williams.

(Fonte: IMDb/Reprodução)(Fonte: IMDb/Reprodução)

Por mais que sua jornada tenha sido suprimida antigamente, ela voltou a chamar a atenção nos séculos XX e XXI, com esta figura histórica sendo retratada em filmes e séries, como Black Sails, e até mesmo em jogos como Assassin’s Creed IV: Black Flag e também em canções, romances e mangás.

Além disso, em novembro do ano passado, Bonny e Read ganharam uma estátua na Ilha Burgh, no Reino Unido, e agora as duas mulheres podem ficar para sempre observando o mar que lhes trouxe tantas emoções e aventuras durante a Era de Ouro da Pirataria.

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