Por dentro da cultura incompreendida dos furries

09/09/2021 às 02:003 min de leitura

Nos últimos tempos, os furries — pessoas que se interessam por animais antropomorfizados (fursonas) — voltaram a ser motivo de curiosidade e de muita discussão. Ao longo das décadas, a cultura furry foi ridicularizada em fóruns da internet, como o 4chan. 

Aliás, furry significa "peludo" em inglês, mas a recomendação é não levar a tradução de forma literal e, sim, pensar na comunidade como bichinhos de pelúcia gigantes.

Aqui está uma breve síntese para entender a comunidade furry.

(Fonte: Quizur/ Reprodução)(Fonte: Quizur/ Reprodução)

O que é um furry?

Os furries são grupos de pessoas que participam de uma subcultura baseada em personagens animais, como os de animações, em que esses seres agem de maneira semelhante ao ser humano. Já assistiu a Space Jam ou conhece o Sonic? É por aí a ideia.

Por outro lado, nem todos da comunidade concordam com essa descrição. Aliás, esse é apenas mais um dos diversos aspectos complexos do mundo dos peludos. Todavia, as características gerais da subcultura furry não chegam a ser tão diferentes de outras. Por exemplo, eles têm até uma terminologia própria:

  • Therian: é o furry que se sente ligado ou tem uma intensa identificação espiritual com um personagem.
  • Fursuiters: são furries que estão fantasiados e, sim, tem até uma hashtag sobre eles, a #FursuitFriday.
  • Fursonas: são os furries que criam os próprios personagens, sendo que eles podem ou não agregar características de quem os criou.
  • Milfurs: membros da comunidade que integraram ou ainda integram o exército.

(Fonte: Twitter/@_foxchow/ Reprodução)(Fonte: Twitter/@_foxchow/ Reprodução)

Mundo comportamental dos furries

Devido ao crescimento do fandom, o mundo acadêmico começou a se interessar por essa subcultura. O projeto furscience.com é um exemplo de como ainda falta muito para compreender os furries, envolvendo vários estudiosos em uma pesquisa contínua sobre as origens, os comportamentos e os interesses dessa comunidade.

A Dra. Courtney Plante, da MacEwan University (Canadá), responsável por dirigir esse estudo, já obteve informações valiosas. Por exemplo, em termos demográficos, eles são compostos principalmente de pessoas de etnia branca. Além disso, tendem a ser de classe média e a se encaixar no que convencionamos chamar de nerds ou geeks. Foi esse projeto que chegou à conclusão de que associar furries a fetiches sexuais, como a mídia costuma fazer, não tem fundamento na cultura, por não ser uma prática da maioria.

E, por falar em estudos comportamentais, um dos assuntos mais recorrentes é se os furries pensam que são animais. Bom, esse é um aspecto muito complicado. Segundo o Furscience, tem quem afirme não se sentir 100% humano, sendo que alguns dizem que essa sensação é no sentido físico. Também há quem não se ache completamente humano espiritual ou mentalmente. Por fim, há aqueles que, se possível, seriam 0% humanos.

Muita cultura

Quando olhamos a comunidade furry com mais atenção fica fácil perceber o quanto ela é diversificada em relação ao perfil de fãs. Tem jogadores de RPG, de games online, escritores, atores, cantores e muito mais.

As atividades de todas essas pessoas podem ser divididas em duas linhas: as convenções furry e o fandom online. Seja qual for a situação, existe uma intensa analogia com a ficção e a presença dos fãs de quadrinhos é forte.

Aliás, há uma síntese do Anthropomorphic Research Project que considerou várias pesquisas sobre essa subcultura, demonstrando que a extensa maioria dos sites furry com mais popularidade, por exemplo o So Furry e o FurAffinity, estão ligados à arte, seja hospedando ficção e música relacionadas aos furries ou oferecendo fóruns para discussão.

Apesar de parecer tudo muito divertido, há um lado muito obscuro que une boa parte das pessoas desse grupo: segundo o projeto Furscience, boa parte dos furries tem uma história triste envolvendo intimidação física ou verbal (bullying), sendo que a maioria (61,7%) sofreu disso durante a adolescência.

Expansão do movimento

Nas últimas 3 décadas, o movimento furry continuou crescendo. É possível que muitos dos membros tenham descoberto seus interesses devido a afinidades em relação à arte e a filmes, mas não sabiam que existia essa comunidade ou que poderiam fazer parte dela. Como a era da internet permitiu a conexão entre milhares de pessoas, as coisas mudaram.

A maior visibilidade da subcultura furry também contribuiu para sua popularização. Os serviços de streaming com diversas produções sobre o tema são exemplos disso. Arlo, o Menino Jacaré, Tuca & Bertie, Monstros no Trabalho e My Father’s Dragon são apenas algumas das produções mais recentes. Isso sem contar os influenciadores do TikTok.

Mas nem tudo é bem-vindo ou serve de inspiração para a comunidade, especialmente no que diz respeito aos reality shows. Um dos debates mais recentes envolveu a atração Sexy Beasts: Amor Desmascarado. A ideia por trás do programa é criar um show onde casais se conhecem, porém fantasiados, para que o foco seja na personalidade dos participantes.

No entanto, parte da comunidade furry não gostou, pois se sentiu ridicularizada. Por outro lado, Masked Singer, o recente programa musical exibido pela rede Globo, não gerou tanta polêmica e está até sendo bem-visto, já que a onça-pintada do programa despertou uma curiosidade positiva em muitas pessoas sobre esse assunto.

(Fonte: Cinepop/Netflix/ Divulgação)(Fonte: Cinepop/Netflix/ Divulgação)

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