As 2 possíveis explicações científicas para as 10 pragas do Egito

06/10/2021 às 11:003 min de leitura

De acordo com Êxodo 7:11, para convencer o faraó a libertar os hebreus (ou israelitas) liderados por Moisés e maltratados pela escravidão, o Deus de Israel teria transformado as águas do Rio Nilo em puro sangue; feito rãs surgirem por toda a parte; infestado a população com piolhos; levado uma revoada de moscas a tornar noite os céus; causado a morte sistemática dos animais e o surgimento de pústulas pelo corpo das pessoas; provocado a chuva de granizo que destruiu plantações; formado uma nuvem de gafanhotos; mantido três dias de escuridão; e ocasionado a morte dos filhos primogênitos e de animais.

Essas teriam sido as Dez Pragas que assolaram o Egito, como reflexo da fúria divina após o faraó negar o pedido feito por Moisés e seu irmão Aarão. Até hoje, a passagem bíblica é vista como um exemplo do que pode acontecer a uma pessoa se ela duvidar ou se recusar a reconhecer o poder de Deus Todo Poderoso.

Enquanto muitos cristãos fervorosos acreditam que as dez pragas aconteceram exatamente desse jeito, ainda que pareça fantástico — muito embora o poder do próprio Deus seja reconhecido como tal —, algumas teorias científicas que surgiram ao longo dos séculos sugerem que as pragas do Egito, de fato, ocorreram, mas de maneira diferente do que diz a Bíblia.

A teoria Trevisanato

(Fonte: MonPlaneta/Reprodução)(Fonte: MonPlaneta/Reprodução)

Em As Pragas do Egito: Arqueologia, História e Ciência Olhe na Bíblia, o microbiologista Siro Trevisanato escreveu que cinzas vulcânicas da Ilha de Santorini, localizada a sudeste do continente grego, teriam sido carregadas até o Egito e contaminado a água com uma coloração vermelha, atribuída ao sangue na Bíblia.

Isso teria acontecido devido à erupção minoica, também chamada Erupção de Tera, uma das maiores catástrofes vulcânicas da história dos últimos 10 mil anos, ocorrida em meados do II milênio a.C., entre 1650 e 1450 a.C. Suas cinzas conteriam um mineral conhecido como cinábrio, o sulfeto de mercúrio, do nome grego que significa “sangue perdido de dragão”.

Contudo, esse flagelo não foi o único relacionado à erupção minoica. Na verdade, de alguma forma Trevisanato conseguiu associar todas as pragas lançadas sobre o Egito ao que aconteceu em Santorini.

(Fonte: Testify God/Reprodução)(Fonte: Testify God/Reprodução)

Como ressalta um artigo da Time, a segunda praga teria acontecido exatamente pela quantidade expressiva de cinábrio na água, que teria a tornado ácida, fazendo as rãs saltarem de um ponto a outro em busca de água limpa.

A terceira e a quarta pragas, das moscas e dos piolhos, podem ter começado após os insetos se enterrarem nos corpos de humanos vivos e animais mortos enquanto o Egito continuava a sentir os efeitos da erupção.

Da quinta à oitava pragas, haveria ligação com os efeitos da chuva ácida, o subproduto das cinzas vulcânicas, que envenenara a grama. Os animais teriam consumido essa pestilência e a passado para os humanos, causando os ferimentos na pele.

(Fonte: The Not So Innocents Abroad/Reprodução)(Fonte: The Not So Innocents Abroad/Reprodução)

As tempestades de granizo foram, então, ocasionadas pela própria chuva ácida, que só não era tão violenta quanto a Bíblia alega. Os gafanhotos seriam uma consequência direta das condições muito úmidas, prosperando nesse ambiente ideal para o desenvolvimento. E, como é de se esperar em qualquer grande erupção, os 3 dias de escuridão deram origem à penúltima praga, com a quantidade de cinzas no ar.

Segundo os estudos de Trevisanato, a morte de todo filho homem primogênito pode ter acontecido devido a uma espécie de histeria coletiva motivada por um medo divino, visto que os primogênitos sempre foram encarados como um arauto dos Céus. Os pais os teriam sacrificado em um esforço desesperado para atenuar a ira de Deus.

A teoria Marr

(Fonte: Art Prints On Demand/Reprodução)(Fonte: Art Prints On Demand/Reprodução)

Trevisanato não foi o único, porém, a formular uma teoria para como teriam surgido as dez pragas do Egito. Em um artigo publicado no The New York Times em 1996, o epidemiologista Dr. John Marr sugeriu que a presença de algas vermelhas nas águas do Nilo teria causado uma sucessão de acontecimentos semelhantes aos desencadeados pela erupção minoica proposta pelo microbiologista.

Essa "maré vermelha" não só teria tingido as águas do rio, mas também matado os peixes, forçando as rãs a procurarem outro lugar ao perderem uma fonte primária de sustento. Segundo essa teoria, quando elas começaram a morrer de fome, insetos voaram em bando para se alimentarem de seus corpos.

Marr propôs que os piolhos também poderiam ser insetos chamados culicoides, que botam ovos na poeira e causam doenças como a peste equina. Nos humanos, o mormo teria sido a razão dos furúnculos na pele, uma condição descrita por Aristóteles em 330 a.C. e gerada pela ingestão de carne contaminada pelo contato de insetos.

(Fonte: BeliefNet/Reprodução)(Fonte: BeliefNet/Reprodução)

Já as mortes dos primogênitos e dos animais teriam sido causadas por uma toxina deixada pelos gafanhotos nas plantações mofadas e transportada pelo ar pelas tempestades de granizo que, de acordo com Marr, aconteceram de forma independente. Os três dias de escuridão, inclusive, teriam sido resultado de uma tempestade de areia.

"Para mim, não importa se os cientistas são capazes de encontrar uma base histórica para algo que aconteceu há 3,5 mil anos. A mensagem central é que Deus trouxe as pragas sobre o Egito para libertar os escravos israelitas", disse o rabino Yonathan Neril, diretor-executivo do Centro Interfaith para o Desenvolvimento Sustentável, em entrevista à Time.

Ele é apenas um dos que não estão dispostos a acreditar em toda essa especulação científica. No entanto, Neril reconhece que a ciência pode ajudar as pessoas a entenderem o motivo de as pragas, supostamente, terem acontecido.

E você, no que acredita?

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