Ainda existem piratas no Brasil?

29/11/2022 às 04:002 min de leitura

Recentemente, uma notícia chamou a atenção de muita gente. Um navio chamado São Luiz, que estava abandonado na Baía da Guanabara há anos, foi levado pelo vento e colidiu com a Ponte Rio-Niterói, provocando seu fechamento.

Este fato levantou uma discussão sobre algo presente na costa do Rio de Janeiro e que permaneceu invisível na paisagem até então: a quantidade de barcos e navios largados por lá. Alguns deles, inclusive, carregavam até pouco tempo uma tripulação. Haveria, então, piratas no Brasil?

As descobertas sobre os "piratas"

(Fonte: Pirates Ship Vallarta)(Fonte: Pirates Ship Vallarta)

Historicamente, entendemos como piratas aqueles bandidos que realizam roubos, sequestros e saques em alto mar. Segundo o International Maritime Bureau (IMB), uma instituição sediada na Malásia que monitora a atividade de pirataria ao redor do mundo, esta situação permanece até hoje. Só para se ter ideia, em 2020, o IMB registrou 195 ataques no mar pelos oceanos, aumentando em 20% os casos em relação ao ano anterior.

Frente à notícia do navio que bateu na Ponte Rio-Niterói, o jornalista Caio Barretto Briso publicou, em seu perfil do Twitter, um testemunho sobre uma situação vivenciada por ele. Segundo escreveu, ao ouvir rumores sobre o São Luiz, ele pegou um barco e, junto de um fotógrafo, resolveu ir até a embarcação abandonada na Ilha de Fundão.

Ele teria descoberto então que haviam "piratas" neste local. Tratam-se de membros ligados a milícias e facções que atacam os navios e barcos abandonados para saquear tudo o que ainda tem algum valor, como o cobre e outros metais. Os sujeitos subiriam até os navios pela âncora para roubar tudo o que conseguissem.

Segundo Leandro Duran, professor de Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe, a pirataria afeta a todos. "Temos que considerar que a maior parte dos bens e produtos transita através de embarcações até hoje, então o mar é um espaço de trânsito extremamente interessante do ponto de vista econômico para eventuais saques. Isso impacta diretamente na economia mundial em termos de precificação de fretes e seguros", declarou ao portal TAB UOL.

Os guardiões do barco abandonado

(Fonte: Extra)(Fonte: Extra)

As descobertas sobre o navio São Luiz, que colidiu com a ponte, acabaram gerando uma reportagem de Caio Barretto Briso  que foi publicada no jornal O Globo em 2018. A matéria focou na rotina da tripulação presente na embarcação, que atuava basicamente nos cuidados para que ele não fosse invadido, como se fossem seguranças.

Descobriu-se então que ele seguia tripulado por funcionários da empresa Navegação Mansur, que era dona do navio desde 1994. Os trabalhadores ficavam 15 dias embarcados e folgavam outros 15.

O "capitão" na época era Paulo Carneiro, que tinha então quatro décadas de experiência no mar. Parte do seu trabalho era o de proteger o São Luiz dos piratas, à noite, quando costumam atacar as embarcações.

Uma descoberta feita pelo repórter era que, embora a estrutura estivesse bem enferrujada, os equipamentos do navio São Luiz ainda funcionavam e tinham fontes de energia. Ainda assim, durante o dia, as luzes internas eram desligadas para economizar combustível, obrigando os tripulantes a usarem seus celulares como lâmpada.

Caio ainda contou na reportagem que o São Luiz era uma exceção entre as mais de 100 embarcações abandonadas na Baía de Guanabara. Quase todas elas estavam tão enferrujadas e depenadas que não era mais possível fazer qualquer recuperação. Talvez ninguém imaginasse que, quatro anos depois desta matéria, o navio causaria um grande estrago e levantaria toda essa discussão.

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