Registro de impacto de cometa é descoberto no templo mais antigo do mundo

24/04/2017 às 13:223 min de leitura

Você já ouviu falar a respeito de um monumento de pedra chamado Göbekli Tepe? Nós já falamos sobre esse incrível lugar aqui no Mega Curioso, mas, basicamente, se trata de um complexo de templos situado na Turquia que teriam sido construídos por volta do ano 9,5 mil a.C. Isso significa que o local foi erguido há incríveis 12 mil anos — o que o torna o templo mais antigo do mundo —, antes mesmo da  agricultura se desenvolver na região e por povos que ainda não tinham conhecimento sobre o uso de metais.

Ilustração que mostra a construção de Göbekli Tepe

Até hoje a real finalidade de Göbekli Tepe é considerada um mistério (a teoria mais aceita é a de que os edifícios eram usados para fins religiosos), e os arqueólogos estão há décadas tentando desvendar o significado dos símbolos gravados nas pedras. Pois, de acordo com Fiona MacDonald, do site Science Alert, pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, acreditam ter decifrado algumas das inscrições — e elas fariam referência a um evento cataclísmico que afetou o desenvolvimento da civilização humana.

Registros astronômicos

Segundo Fiona, os pesquisadores traduziram o significado de símbolos presentes em um pilar de pedra conhecido como “Pilar do Abutre” — que você pode ver na imagem abaixo. Essa enorme coluna de pedra conta com vários animais talhados em posições específicas sobre sua superfície, e os cientistas descobriram que, na verdade, os desenhos correspondem a diversas constelações.

O intrigante Pilar do Abutre

Além disso, os pesquisadores acreditam que essas figuras fazem referência a um evento catastrófico que teria ocorrido 2 mil anos antes de Göbekli Tepe ser construído: o impacto de fragmentos de um cometa que teriam atingido a Terra há 13 mil anos. O mais incrível é que por volta dessa época uma mini Era do Gelo conhecida como “Dryas recente” teve início no nosso planeta — e esse período de tempo é considerado crucial para a história da humanidade.

A Dryas recente teve duração de cerca de mil anos e corresponde à época em que as primeiras civilizações do Neolítico surgiram e a agricultura começou a ser desenvolvida. O mais curioso é que, embora essa era do gelo fosse conhecida da Ciência, ninguém sabia ao certo que havia desencadeado seu início — sendo que uma das teorias mais populares era justamente a de que o impacto de um cometa poderia ser o culpado por desencadeá-la.

Evidências

Não que as inscrições traduzidas agora sejam uma prova irrefutável de que o impacto realmente aconteceu, mas elas se somam a outras evidências que já foram descobertas e que parecem indicar quando e como a Dryas recente teve início. Uma delas é a “anomalia de platina”, encontrada em sedimentos coletados em vários pontos ao norte do continente americano.

Impactos teriam desencadeado mini Era do Gelo

Como é bastante raro encontrar grandes quantidades de platina na crosta terrestre — mas é muito comum encontrar esse metal em cometas e asteroides —, a anomalia indica que um forte impacto ocorreu aqui na Terra por volta de 13 mil anos atrás.

Além da anomalia, outra evidência foi encontrada em núcleos de gelo coletados na Groelândia. Essas amostras também apontam que a Dryas recente teria começado por volta do ano 10.890 a.C., após a fragmentação de um cometa durante sua passagem no Sistema Solar. Pois os símbolos encontrados na coluna de Göbekli Tepe apoiam essas evidências.

Tradução

Para determinar se os fragmentos realmente atingiram a Terra, os cientistas usaram modelos criados por computador para recriar o posicionamento das constelações conforme descrito no pilar de pedra. Foi então que eles descobriram que os símbolos se referiam a um evento que ocorreu por volta do ano 10.950 a.C. — com uma margem de erro de 250 anos para mais ou para menos. Veja o mapa celeste da época recriado pelas simulações:

Posicionamento das constelações, segundo as inscrições presentes no pilar

De acordo com os cientistas, as gravuras parecem ter tido grande importância para o povo de Göbekli Tepe durante milênios e sugerem que a colisão dos fragmentos e as mudanças climáticas resultantes provocaram um sério impacto no planeta.

Uma das imagens, por exemplo, de um homem sem cabeça, foi interpretada como símbolo da extensa perda de vidas humanas. Descobertas arqueológicas apontam que culturas inteiras desapareceram da face da Terra durante esse período, como foi o caso da Cultura Clóvis, que habitava entre a fronteira do México e dos EUA entre 13.200 e 12.900 anos atrás. Outros símbolos parecem indicar mudanças no eixo de rotação do nosso planeta após o impacto.

Göbekli Tepe provavelmente foi muito mais do que apenas um complexo religioso

Ademais, os cientistas acreditam que as inscrições também apoiam a teoria de que a Terra possivelmente é sujeita a períodos com maior probabilidade de que impactos de cometas aconteçam — por conta do cruzamento da órbita do nosso planeta com a de fragmentos desses astros. Os pesquisadores ainda sugerem que Göbekli Tepe era muito mais do que um templo religioso e que ele possivelmente serviu como observatório astronômico.

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