Artes/cultura
05/02/2016 às 12:27•2 min de leitura
Parece uma meia roxa perdida no fundo do mar, mas não é: depois de 60 anos, os cientistas finalmente conseguiram definir do que se trata e de que tipo de espécie a Xenoturbella faz parte. O mistério que já durava décadas foi resolvido graças à descoberta de quatro novas espécies aquáticas, que deram pistas sobre a origem do estranho animal.
De acordo com o estudo, publicado na revista científica Nature, a criatura pertence a uma das vertentes mais primitivas de vida na Terra. Greg Rouse, professor e pesquisador responsável pela descoberta, disse: "Nosso apelido para ela era 'meia roxa'. Se você imaginar uma meia sendo retirada do pé e jogada no chão, é exatamente com isso que esses bichos se parecem – ou até mesmo com um balão esvaziado".
Balão, meia... Nada disso: é uma Xenoturbella
Os primeiros registros a respeito da Xenoturbella foram feitos em 1949, e os primeiros testes genéticos indicavam erroneamente que se tratava de um molusco, mas na realidade o DNA que fora sequenciado na ocasião era do que o bicho se alimentava. Falando nisso, a "boca" é o único órgão presente na espécie: ela não tem olhos, cérebro nem intestinos.
Outros cientistas chegaram a pensar que a bizarrice aquática era uma espécie supercomplexa que havia dado alguns passos para trás na cadeia evolutiva. No entanto, com a descoberta de novas espécies do animal, provenientes das profundezas do oceano Pacífico, os cientistas conseguiram fazer algumas observações importantes para definir do que realmente se tratava a "meia roxa do mar".
Algumas das novas variações do bicho são a Xenoturbella monstrosa, que pode chegar a 20 centímetros de comprimento, e a Xenoturbella churro, batizada em tributo ao conhecido doce frito com o qual o animal compartilha uma ligeira semelhança.
O certo é que o animal pertence à base da estrutura evolutiva. "Corroboramos com o fato de que eles devem ser encarados como um grupo significativamente primitivo. Um dos principais ramos da árvore da evolução da vida agora conta com quatro novas espécies em vez de uma só", diz Rouse.
A esperança de que o bicho seja chamado de "churros-do-mar" permanece. Foto: BBC (adaptado de Nature.com)
Existe um ponto, no entanto, que ainda não foi resolvido: os cientistas nunca viram uma Xenoturbella se alimentando. O professor disse: "Nós procuramos onde estão os moluscos, sequenciamos e descobrimos que eles, ou pelo menos seu DNA, ficam lá dentro. Entretanto, quando abrimos, o interior da criatura está vazio".
O mistério continua: ninguém aí perdeu uma meia no mar? Certeza?