O curioso caso de Alexis St. Martin e o buraco no seu estômago

17/06/2018 às 12:002 min de leitura

O dia 6 de junho de 1822 poderia ter sido o último da vida de Alexis St. Martin. Ao menos foi o que ele deve ter pensado quando levou um tiro à queima-roupa — provavelmente acidental — de um colega de trabalho que estava a apenas um metro de distância.

Sem dúvida, não passou pela cabeça do rapaz, então com 20 anos de idade, que ele viveria até os 78 — e que se tornaria uma verdadeira cobaia para um obcecado fisiologista, o médico William Beaumont, único a atender na ilha de Mackinac, onde houve o ocorrido.

A cena é digna de desconfiança. Quem é que sobrevive a um tiro assim, tão de perto? A questão é que, contrariando as expectativas, St. Martin foi melhorando aos poucos e não morreu, mas virou rato de laboratório.

Naquela época, pouco se sabia sobre o funcionamento do sistema digestivo, e o médico encontrou no buraco de bala no estômago do caçador de peles uma oportunidade de, literalmente, observar os órgãos trabalhando.

O tiro fez um buraco do tamanho do punho de um adulto no peito do paciente. A força do impacto levou para dentro da cavidade fragmentos de roupa, que se juntaram a pedaços das costelas, fraturadas no processo. Os pulmões, o diafragma e o estômago do homem foram lacerados e, ainda assim, ele tinha sobrevivido.

A partir do momento em que começou a se recuperar da primeira cirurgia e passou o choque, St. Martin conseguia comer; o problema é que a fissura ainda estava aberta, e tudo o que era ingerido tendia a sair por ela, de acordo com relatos deixados pelo Dr. Beaumont.

Foi aí que eles decidiram alimentar o pobre paciente do jeito mais inusitado — por meio de um enema nutritivo, introduzindo pelo reto um misto de sortimentos processados.

E funcionou! Durante um tempo foi assim que ele sobreviveu, até que uma película protetora do estômago foi produzida pelo próprio corpo, e ele pôde começar a comer pela boca novamente. Só que, por algum motivo bizarro, o buraco não se fechou, mas cicatrizou aberto — gerando uma verdadeira obsessão para o Dr. Beaumont.

Ele liberou o paciente do hospital e o contratou como objeto de estudo, fazendo todas as experiências possíveis com St. Martin. Entre as práticas assustadoras que o médico inventou estavam introduzir alimentos no buraco e observar seu processamento, inserir os próprios dedos lá para coletar fluidos estomacais e, pasmem, colocar (mais do que uma vez!) a língua no ferimento para sentir o gosto do líquido, que ele descreveu em seus escritos como "não ácido".

A situação durou alguns anos, até que o pobre homem não aguentou mais e fugiu para o Canadá, onde se casou e teve seis filhos. Mas nada disso acabou com a obsessão de Beaumont, que tentou inúmeras vezes trazê-lo de volta, oferecendo dinheiro a ele e à empresa para a qual trabalhava, bem como aumentando a quantia para que ele abandonasse seus filhos e retornasse ao laboratório.

O pobre coitado só teve paz quando morreu, aos 78 anos, ainda com o buraco no seu estômago. Vários profissionais entraram em contato com a família pedindo acesso ao corpo — ou pelo menos ao sistema digestivo do falecido.

Para evitar autópsias não autorizadas, os parentes de St. Martin deixaram o cadáver exposto ao sol e somente depois o enterraram, já decomposto, em um local secreto. É isso que a gente chama de obsessão pela ciência!

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