Neve preta e tóxica encobre região da Sibéria e preocupa população local

15/03/2019 às 06:002 min de leitura

Você já ouviu falar em neve preta tóxica? Na Rússia tem! A região siberiana de Kuzbass, que abriga em média 2,6 milhões de pessoas, é um dos maiores campos de carvão do mundo, com resíduos constantemente expelidos por diversas fábricas. Os jornais The Guardian e Siberian Times afirmam que a neve está contaminada com pó de carvão preto tóxico, liberado no ar pelo fato de os poços de carvão serem abertos.

Um funcionário de uma das usinas de carvão comentou nas mídias locais que o dispositivo que deveria proteger o escape do pó não está funcionando já há algum tempo, porém esse fenômeno parecer ser comum na área, sem que esteja ligado a uma fábrica específica. Naquela região da Rússia, a neve branca já deixou de ser normal.

O pó de carvão fica no ar; quando a neve cai, torna-o visível, deixando um aspecto escuro por toda a região. As imagens são chocantes, pois mostram a quantidade de sujeira que circula por Prokopyevsk, Kiselyovsk e Leninsk-Kuznetsky, três cidades da região carbonífera. 

Fonte: Siberian Times

Kuzbass — País dos Ferreiros, em tradução livre — é uma das maiores minas de carvão do mundo, abrangendo mais de 26 mil quilômetros quadrados. Em 2015, o Ecodefense, grupo de ação ambiental sem fins lucrativos, divulgou um relatório constatando que a expectativa de vida dos cidadãos chega a ser 3 a 4 anos menor do que a média nacional russa. Falando dos problemas de saúde, há quase o dobro de chances de sofrer com tuberculose, câncer e transtornos mentais, como paralisia cerebral infantil, ameaças que chegam a afetar mais de 2,6 milhões de habitantes da região.

De acordo com o mercado de importações, o maior comprador do carvão russo é a Grã-Bretanha, que recebeu mais de 8,5 milhões de toneladas de carvão no ano de 2017 — quase 90% provenientes da região de Kuzbass. A Grã-Bretanha utiliza o carvão para fabricação de cimento e aço em usinas elétricas, prática que o Reino Unido está comprometido a abandonar até 2025.

O que vem preocupando ambientalistas e defensores ambientais é que não há medidas fortes de proteção, por isso tem havido pressão para que sejam desenvolvidas. Infelizmente, não há maneira de tornar o uso do carvão ambientalmente correto e, mesmo que a neve preta não esteja caindo em boa parte do mundo, o problema gira em torno do dióxido de carbono liberado pelas usinas, principal causa da mudança climática.

Fonte: Siberian Times

O que alarma ainda mais os especialistas é que de certa forma o governo vem tentando mascarar a neve escura, tentando pintá-la ou disfarçá-la, o que acaba gerando mais protestos. O pó de carvão afeta diretamente a vida da população, uma vez que contém uma variedade de metais pesados perigosos, incluindo arsênio e mercúrio; além de se juntar à neve, acaba sendo depositado nos rios, prejudicando a fauna local.

Após diversos protestos, a Rússia tem demonstrado um pouco mais de seriedade ao tratar do assunto, mas talvez o que mais desperte a atenção para o problema seja o fato de haver um boicote à venda de carvão para a Grã-Bretanha, segundo Vladimir Silvyak, membro do grupo Ecodefense. É um meio um pouco drástico de pressionar as autoridades, agindo diretamente na economia do país, mas talvez assim eles se preocupem de vez com o problema.

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