Cientistas modificam cérebro de vermes para que eles não fiquem bêbados

16/07/2014 às 06:402 min de leitura

Segundo um estudo publicado no The Journal of Neuroscience, cientistas do Texas criaram vermes que não ficam bêbados depois de ingerir álcool. A pesquisa mostra que eles alteraram um canal molecular que faz a ligação do álcool com o cérebro do verme Caenorhabditis elegans, modificando a composição genética do parasita.

Normalmente, quando os vermes são colocados em uma placa com álcool, eles ficam bêbados, sem capacidade de se mexer e rastejando muito mais lentamente. Mas, com o canal modificado, os vermes agiram da mesma forma que agem quando não estão sob o efeito do álcool. De acordo com os pesquisadores, esse é o primeiro exemplo de modificação realizada com sucesso em animais para evitar intoxicação.

Como isso funciona?

De acordo com Jonathan Pierce-Shimomura, neurocientista da Universidade do Texas e coautor do estudo, essa modificação não altera a função normal do cérebro, permitindo que ele continue funcionando normalmente. Isso é importante porque o canal que é modificado, chamado de canal BK SLO-1, também desempenha importante papel na regulação da atividade dos vasos sanguíneos, neurônios e trato urinário.

Para chegar nesse ponto, Pierce-Shimomura e sua equipe passaram muito tempo fazendo testes e alternando entre erros e acertos. “Tentamos uma abordagem de força bruta, testando centenas de mutações para determinar qual permitiria que o canal BK funcionasse normalmente, prevenindo a ação do álcool”, disse ele.

Este efeito é bem diferente do “rubor asiático” ou “rubor de reação ao álcool”, uma condição que faz com que certas pessoas, a maioria de origem asiática, processe o álcool de maneira ineficiente. “Rubor asiático é devido ao metabolismo lento do álcool que produz um subproduto chamado acetaldeído”, explicou Pierce-Shimomura.

O futuro dessa pesquisa

Os pesquisadores agora esperam desenvolver drogas que façam o mesmo efeito em ratos e, eventualmente, em seres humanos. “Nós encontramos uma maneira de desenvolver futuros medicamentos que possam ter como alvo uma única proteína do cérebro humano, o chamado canal BK, para quebrar o efeito do álcool e evitar intoxicação”, disse o neurocientista.

É claro que uma droga dessa natureza leva um longo tempo até ser testada em humanos e, mesmo que eles consigam desenvolver o medicamento, o paciente provavelmente não iria se livrar de todos os sintomas da intoxicação, porque o álcool age em diversos alvos do cérebro humano.

Se os cientistas chegarem mesmo a essa descoberta, encontrando uma droga que cause o mesmo efeito que a mutação, isso será capaz de ajudar as pessoas a superarem a dependência do álcool e os efeitos da abstinência, porque o alcoolismo é um problema sério que atinge muitas famílias do mundo inteiro.

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