Pessoas ricas tendem a ser mais desonestas, diz estudo [vídeo]

20/08/2013 às 07:193 min de leitura

Revele-me o recheio da sua carteira e eu lhe digo se nós devemos jogar dados. Parece estranho? Bem, uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Berkeley revelou que pessoas ricas tendem a trapacear até quatro vezes mais ao rolar dados. Algumas delas ganham centenas de milhares de dólares por ano e, mesmo assim, achavam justificável “alterar” os resultados por um prêmio de... US$ 50.

Mas essa postura foi percebida em diversas outras estatísticas. Por exemplo: no estado da Califórnia, aproximadamente 90% dos motoristas respeitam as faixas de pedestres. No caso de pessoas conduzindo carros luxuosos, entretanto, a possibilidade de quebrar a regra é de três a quatro vezes maior.

Nem mesmo um singelo pote de balas “destinado a crianças” escapou: entrevistados com melhores condições financeiras pegaram, em média, duas vezes mais do pote, mesmo após a observação de um dos membros do estudo (confira no vídeo acima, em inglês). A equipe também concluiu que contas recheadas conduzem a mais mentiras durante negociações e mesmo roubos em ambiente de trabalho.

A boa educação segue pelo mesmo caminho...

Mas não é apenas a honestidade que pode ser afetada por montantes de “faz-me rir”. Na verdade, as pesquisas conduzidas pelos psicólogos Dacher Keltner e Paul Piff também revelaram que o trato social pode ser drasticamente afetado pelo acúmulo de dinheiro. “Nós começamos a vislumbrar essa questão curiosa de como a riqueza influencia a generosidade”, disse Keltner, em entrevista ao site PBS NewsHour.

Pessoas ricas pegaram, em média, duas vezes mais "doces para as crianças". Fonte da imagem: Reprodução/YouTube (PBS NewsHour)

“Se você considerar os estratos sociais, quem dá as maiores proporções dos seus ganhos à caridade? As pessoas de classes mais baixas dão mais”, revela o pesquisador, acrescentando que pessoas com rendas relativamente mais baixas tendem a ter maior sensibilidade em relação às necessidades de outras pessoas. Em suma, contas bancárias mais recheadas conduzem com mais frequência a comportamentos pouco éticos. Mas por quê?

Vamos jogar Banco Imobiliário?

Entre os vários métodos utilizados pela equipe para estudar a influência da riqueza no comportamento social estava o bom e velho Monopoly (o nosso Banco Imobiliário, com algumas alterações). As regras são terrivelmente desiguais. Enquanto o psicólogo Paul Piff iniciava a partida com menos dinheiro, jogando apenas um dado e com uma peça no formato de um sapato velho, ao seu competidor eram garantidas todas as vantagens.

Mesmo vantagens/desvantagens óbvias são esquecidas quando se está por cima. Fonte da imagem: Reprodução/YouTube (PBS NewsHour)

Em outras palavras, ele poderia jogar dois dados, tinha um belo carro como pecinha de jogo e começava a disputa com uma boa quantidade de dinheiro falso. O resultado? Em pouco tempo, o sujeito passava a comemorar a sucessão de vitórias em um jogo no qual ele simplesmente não poderia perder.

“Você, como se fosse realmente uma pessoa rica, passa a atribuir o seu sucesso às suas habilidades e aos seus talentos individuais, tornando-se menos perceptivo em relação a todas as coisas que contribuem para que você esteja na posição em que está”, diz o pesquisador.

Quanto mais dinheiro, menos trato social?

Não apenas isso. Piff lembra também que, conforme começam a obter sucesso no jogo, as pessoas se tornam mais autoritárias com o pesquisador, chegando mesmo a ser grosseiras — o que vale até mesmo para pessoas pobres, que se veem temporariamente “poderosas” por conta do sucesso no jogo. “Eles começam a se portar como se fossem ricos na vida real.”

Os pretzels ali diminuem conforme aumenta o dinheiro falso sobre a mesa. Fonte da imagem: Reprodução/YouTube (PBS NewsHour)

Piff observou, por exemplo, que conforme acumulavam mais dinheiro e propriedades em Monopoly, os voluntários do estudo passavam a atacar avidamente o pote de pretzels colocado ao lado, disparando mandos e desmandos mesmo com a boca cheia.

O contrário também é válido

Bem, mas o que pode acontecer caso se consiga fazer com que um rico acredite, momentaneamente, não ser tão endinheirado e bem-sucedido? Conforme a equipe já esperava, dá-se exatamente o oposto: a “cobaia” assume de forma quase imediata uma postura mais ética.

“Se você pegar alguém rico e fizer com que, psicologicamente, ele acredite ter menos, ele se torna muito mais generoso, muito mais caritativo, muito mais devotado a oferecer ajuda a outra pessoa”.

"Basta fazer com que acreditem que são pobres ou ricos." Fonte da imagem: Reprodução/YouTube (PBS NewsHour)

Piff reforça que os mesmos resultados foram percebidos em diversos outros testes. “Não apenas no Monopoly, mas em vários outros experimentos que conduzimos, nos quais fizemos pessoas ricas acreditarem que eram pobres ou pessoas pobres acreditarem que eram ricas — é possível encontrar sempre as mesmas diferenças.”

Ricaços de boa índole

Bill Gates: um velho conhecido dos fundos filantrópicos. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Naturalmente, o que os estudos conduzidos pela equipe de Berkeley revelam são tendências e estatísticas. Conforme reforça o referido site, é fácil encontrar inúmeros milionários dispostos a doar grande parte de suas fortunas para fins de caridade. Entretanto, de acordo com as pesquisas, eles ainda representam uma minoria.

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