Por que a evolução nos deu polegares? Há quem diga que é para dar socos

25/11/2014 às 13:072 min de leitura

Existe uma profusão de teorias antropológicas que buscam explicar a origem do polegar humano, em termos de seleção natural. Entretanto, enquanto a maior parte dos pesquisadores situa suas buscas em atividades como a coleta de frutos em árvores e a manufatura de itens, por exemplo, o biólogo evolucionista David Carrier, da Universidade de Utah, reparou que o polegar é absolutamente essencial para dar um soco no nariz de alguém.

Em pesquisa recentemente publicada na Biological Reviews, Carrier ressaltou que o soco — ou a projeção de um golpe com a mão assumindo o formato de uma maça — é possível apenas à mão humana... Notadamente, pelo posicionamento do polegar. Afinal, a mobilidade do dígito permite que ele proteja confortavelmente os ossos relativamente delicados da mão, formando um todo coeso e com alto poder de causar dano. Mas há ainda outra questão a ser levada em conta.

A extensão dos dedos indicador e anelar

Além do formato do polegar, há também mais uma característica, desta vez tipicamente masculina, que torna mais confortável o fechamento do punho para a devesa (e também para o ataque). Carrier observa que, em mãos masculinas, o dedo indicador normalmente é menos em extensão do que o anelar. Para ele, isso torna mais fácil acomodar o indicador sob o polegar, a fim de poder fechar adequadamente a mão em formato de maça.

Para ele, a estrutura da mão tipicamente masculina evoluiu paralelamente ao formato do rosto do homem — cuja formação oferece maior resistência a um soco.

Movimento de pinça

No caso das mulheres, entretanto, os dedos indicador e anelar são, normalmente, do mesmo tamanho. “Não é algo que esteja definido”, disse ele à referida publicação, “mas as evidências sugerem que a mão masculina evoluiu para se tornar uma maça melhor, enquanto que a mão feminina maximiza a destreza”.

Releituras antropológicas do polegar

Vale lembrar que as teorias levantadas em pesquisas por Carrier não representam o viés tradicional das pesquisas antropológicas relacionadas ao papel e à origem do polegar. De fato, tais teses são, antes, tentativas de reinterpretar a questão à luz de novos indícios.

Conforme dito anteriormente, uma das teorias mais aceitas é a de que o dígito se desenvolveu de tal forma por conta do movimento em pinça — algo que, para a pesquisadora Mary Marzke, da Universidade Estadual do Arizona, parece um tanto improvável. “Se você pensar no caso, você não utiliza [esse movimento] tantas vezes. Nem mesmo um cirurgião o utiliza tanto assim.”

Marzke, de fato, se interessa mais por outros movimentos possibilitados pelo polegar, incluindo a ação de agarrar em formato de copo, por exemplo. Essa frente é, de fato, defendida também por outro cientista de renome na área, o antropólogo Alastair Key — cujas pesquisas envolveram a instalação de sensores nas mãos de voluntários, a fim de medir a força que aplicavam durante a confecção de objetos de pedra primitivos.

Múltiplos movimentos e o desenvolvimento mental

Para Alastair Key, as pesquisas antropológicas tradicionalmente buscam respostas para a questão do polegar na mão dominante dos indivíduos — o que, aparentemente, não poderia esclarecer as coisas em sua totalidade. Afinal, trata-se a mão que segura pedra a ser golpeada/entalhada e transformada em ferramenta.

E, nesse ponto, volta-se ao movimento de agarrar “em copo”. Afinal, uma pedra a ser arremessada também figura como uma ferramenta das mais úteis, certo? “Eu posso arremessar como uma garota”, disse a linguista Suzanne Kemmer, da Universidade de Rice, “mas eu certamente o faço melhor do que qualquer chimpanzé”.

Kemmer, por sua vez, segue por seu próprio caminho teórico, igualmente curioso e verossímil. Para ela, os movimentos precisos proporcionados pelo polegar ainda foram determinantes para o desenvolvimento do cérebro humano. Ademais, convenhamos, seria difícil imaginar um movimento mais perfeitamente adaptado para sinalizar aprovação — ou para condenar à morte um gladiador derrotado (ok, essa utilização talvez seja hoje um tanto anacrônica).

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