Fazer o tempo parar não é coisa de cinema – seu cérebro consegue também

16/03/2018 às 02:003 min de leitura

Em “Peixe Grande”, o incrível Tim Burton criou uma cena que romantiza o momento no qual alguém vê, pela primeira vez, o amor da sua vida. No enredo, esse encontro faz o tempo literalmente parar, e a cena que retrata essa pausa é simplesmente incrível – veja logo abaixo.

A questão é que aquilo que parece ser coisa de cinema, como isso de o tempo congelar por algum motivo, pode, sim, acontecer de verdade. A história que você vai conhecer agora, a respeito de mais um truque do cérebro humano, começa com uma dor de cabeça, sentida por Simon Baker.

Achando que a dor estava mais estranha do que o normal, Baker resolveu tomar um banho quente para tentar aliviar o incômodo. De repente, ele teve uma experiência no mínimo curiosa: ao olhar para cima, em direção ao chuveiro, Baker percebeu que as gotas de água estavam paralisadas. A sensação visual bizarra durou alguns segundos e, depois disso, ele enxergou a água caindo normalmente.

O fato é que antes disso, Baker conseguia ver os pingos de água individualmente, como se realmente eles estivessem paralisados, congelados. Segundo a descrição dele mesmo, a volta ao movimento foi como ver as balas em câmera lenta em “Matrix”.

Aos 39 anos, o que poderia explicar a estranha experiência de Baker seria um aneurisma cerebral, um acidente vascular cerebral (AVC) ou uma crise epilética. A parte mais bizarra é que, além dessas complicações, a sensação de tempo congelado pode acontecer com qualquer pessoa que passe por alguma forte emoção.

Para tentar entender esse fenômeno, vale lembrar que o cérebro humano não tem receptores específicos para medir o tempo. Não é por causa disso, no entanto, que nosso cérebro não tem mecanismos dedicados a interpretar questões temporais. É como se houvesse uma espécie de relógio interno, que marca o tempo de maneira subjetiva.

Esse relógio mental bizarro é afetado pelas nossas emoções e também pelos receptores de outros sentidos. Já se sabe, por exemplo, que, quando vivemos emoções intensas, a forma como processamos o tempo acaba sendo alterada. Por isso talvez tenhamos a sensação de que um final de semana divertido passa voando enquanto um dia no cursinho parece demorar uma eternidade, explicando de uma maneira simples.

Ainda não se sabe ao certo por que o cérebro muda nossa percepção de tempo, mas a ciência acredita que alterações físicas causadas por medo – tais como aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e pupilas mais dilatadas – acabam afetando o funcionamento desse reloginho interno que, ao que tudo indica, pode ser alterado pelas nossas emoções.

Uma pesquisa realizada na Suíça sugeriu que uma parte do córtex visual é uma das responsáveis por calcular a passagem do tempo. Para chegar a essa conclusão, um grupo de participantes aceitou participar de um experimento bizarro, que simplesmente interrompeu a atividade dessa região do córtex visual por meio da criação de um campo magnético. Pois é. Cientistas fazem mesmo isso.

Os pesquisadores perceberam algumas coisas curiosas: os voluntários tiveram realmente dificuldade para acompanhar o movimento de uma série de pontos em um monitor e não conseguiram dar um palpite a respeito de quanto tempo os pontinhos estiveram na tela.

Como o cérebro é o órgão mais complexo do corpo humano, é razoável que ainda não se saiba tudo sobre ele, por isso esses estudos são tão importantes e acontecem com tanta frequência. A comunidade científica ainda não tem como afirmar, mas os pesquisadores acreditam que o cérebro tem um cronômetro que pode ser ativado por uma descarga forte de emoções.

No caso de Baker, talvez a temperatura da água com a qual tomava banho tenha potencializado o problema ao diminuir o fluxo de sangue no cérebro para irrigar as extremidades, como mãos e pés.

Quanto às imagens que capturamos a todo o momento, já se sabe que o cérebro vê tudo como uma sequência gigantesca de fotos individuais, como acontece para formar as cenas de um filme. Em alguns casos, essas imagens podem parecer dessincronizadas, o que provoca esse congelamento de imagem e, dentro da nossa percepção, de tempo também.

Esse processo provoca sensações bizarras, como a de ver tudo parado ou ouvir alguém falando antes de a pessoa começar a mexer a boca. Bizarro, né? E Você? Já tinha ouvido falar disso antes, fora de um contexto cinematográfico? Conhece alguém que tenha passado por esse tipo de situação alguma vez? Conte para a gente nos comentários!

*Publicado em 16/6/2015

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