Conheça o homem que salvou milhares de vidas com seu braço de ouro

18/05/2018 às 09:013 min de leitura

A infância do australiano James Harrison não foi das mais fáceis. Aos 14 anos, ele precisou passar por uma grande cirurgia, quando um de seus pulmões foi retirado num procedimento que durou horas, isso sem falar nos 3 meses em que ficou internado para recuperação.

Uma experiência traumática como essa faria com que uma pessoa nunca mais quisesse saber de agulhas e hospitais, correto? Mas felizmente o exato contrário aconteceu. Dada a complexidade do procedimento a que foi submetido, ele precisou de 13 bolsas de sangue durante a operação, essenciais para ter continuado vivo até hoje. Logo após sua recuperação, o rapaz jurou que doaria sangue regularmente quando tivesse a idade mínima, como uma forma de retribuir a ajuda que recebeu de estranhos.

James HarrisonJames Harrison

Assim que completou 18 anos, James cumpriu sua promessa e começou a doar. Algo a se observar é que o homem odeia agulhas, e toda vez que uma enfermeira inicia o processo, ele vira o rosto para tentar diminuir o incômodo. E fez isso até a última doação.

Eritroblastose fetal

Na mesma época, cientistas australianos tentavam descobrir o motivo da morte de tantos bebês. Isso aconteceu nos anos 1960, e no período abortos espontâneos e crianças nascendo com problemas cerebrais eram comuns.

Logo descobriu-se que os bebês estavam sofrendo do que hoje é conhecido como eritroblastose fetal, ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Essa condição se manifesta de forma mais comum quando a mãe possui sangue com fator Rh negativo, e a criança em desenvolvimento, sangue com fator Rh positivo, fazendo com que o organismo materno rejeite o bebê.

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que a prevenção da doença era possível através da administração de um anticorpo raro, presente naturalmente no plasma de algumas pessoas. Vários bancos de sangue foram consultados em busca desse item precioso componente, e, coincidentemente, James Harrison era uma das pessoas que o tinham.

O homem com o braço de ouro

Assim que ele foi identificado como uma das raras pessoas com o anticorpo, os cientistas o contataram, perguntando se poderia participar de uma pesquisa intitulada Programa Anti-D. Como já era um doador de sangue rotineiro, não pensou duas vezes e aceitou auxiliar outras pessoas dessa forma também.

Harrison cercadoHarrison cercado por mães que se beneficiaram da vacina

Uma vacina foi desenvolvida utilizando o plasma de James como base, e em 1967 a primeira mulher grávida recebeu uma dose. Desde então, ele continuou fazendo doações regulares que, de acordo com a Cruz Vermelha, foram responsáveis por milhões de doses de anticorpos.

Os cientistas não têm certeza sobre os motivos de Harrison possuir essa característica, mas acreditam que o fato de ele ter recebido sangue de tantos doadores diferentes possa ter estimulado seu corpo a produzir os tão preciosos anticorpos.

Apesar de, em uma entrevista feita em 2010, o australiano ter falado que nunca pararia de doar, a idade fez com que ele fosse aconselhado a isso. Já com 81, idade além do limite para essa atividade, James fez sua 1173ª doação. Como se tratava da última, balões com os números 1 1 7 3 foram colocados no centro de coleta, e pais de algumas das crianças beneficiadas pela vacina apareceram para homenageá-lo.

Caricatura Caricatura feita em homenagem a James

Ele entrou para o livro dos recordes em 2003 como o homem que mais doou sangue no mundo, mas, em entrevistas, diz que, apesar do reconhecimento e das homenagens, o que torna a atitude mais gratificante é saber que está salvando a vida de crianças. Ele inclusive ajudou a própria filha, pois o fator Rh dela e de seu neto não eram compatíveis.

Agora aposentado da atividade, James espera que seu recorde de doação ainda seja quebrado, se for possível aparecer alguém tão dedicado à causa quanto ele.

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