Bob Innes: o homem que abriu um site de assassinos de aluguel

Um estudante de administração da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, Bob Innes não poderia imaginar que o que começou como parte de um trabalho do curso de Tecnologia da Informação se tornaria uma espécie de trabalho voluntário para a sociedade.

Com mais três colegas, Innes decidiu abrir uma companhia de segurança virtual e, para isso, criaram o site RentAHitman.com — um nome tão engraçado quanto controverso. Apesar de a tradução livre do domínio significar “contrate um assassino de aluguel”, a intenção dos amigos era fazer um trocadilho com a palavra "hit", que também pode ser usada no sentido de "tráfego de internet".

No entanto, como o negócio não foi para frente, Innes o abandonou e mudou seu foco para o ramo de análise de rede. Cinco anos mais tarde, já formado e com seu trabalho em tempo integral, ele se lembrou do site ainda em aberto e decidiu dar uma olhada na caixa de entrada do e-mail vinculado, e ficou surpreso ao descobrir várias pessoas genuinamente interessadas em contratar um assassino de aluguel.

A reviravolta

Bob Innes. (Fonte: SFGate/Reprodução)

Em meio as 300 mensagens de clientes em potencial que haviam entendido errado a proposta do site de Innes, havia uma mulher chamada Helen Kaplan, que estava presa no Canadá porque havia perdido seu passaporte, e desejava que três membros de sua família no Reino Unido fossem assassinados por, supostamente, afastá-la da herança do seu pai.

Mesmo sem uma resposta de Innes, a cliente insistiu enviando um segundo e-mail, que incluía nomes, endereços e outras informações essenciais para que o trabalho fosse feito, demonstrando estar realmente disposta a levar o crime adiante.

Vendo aquela quantidade imensa e assustadora de mensagens, Innes se sentiu na obrigação de fazer alguma coisa. Ele respondeu fingindo ter capacidade para realizar o pedido, encarnando o personagem de um mediador entre o contratante e o contratado, informando que colocaria Kaplan em contato com um "agente de campo".

(Fonte: Rolling Stone/Reprodução)

Em poucas horas, o homem estava em posse do nome legal, localização e número de telefone de Kaplan, que Innes acreditava poder fazer o que fosse possível para realizar seu desejo de matar alguém.

“Eu realmente senti que a vida de três pessoas estava em perigo”, disse ele, em entrevista à People Magazine.

Innes entregou as informações a um detetive particular e descobriu que Kaplan, na verdade, era procurada no Reino Unido por mandados de extradição por acusações mais sérias. Foi naquele momento que Innes percebeu haver acabado de salvar vidas, e que poderia fazer mais expondo as intenções dessas pessoas para o lugar certo: a polícia.

A corrente do bem

(Fonte: RTE/Reprodução)

Entre perguntas como “Quanto custa o serviço?” e até mesmo “Vocês estão contratando?”, Innes embarcou na jornada de caracterizar o RentAHitman.com na temática de um site estilo DeepWeb para contratar assassinos de aluguel, colocando várias informações falsas que endossariam o contato desenfreado dessas pessoas, como um falso "Ato de 1964 de proteção e Privacidade de Informação de Assassinos de Aluguel".

Recheado de uma ironia obscura e tênue, o site se tornou uma fachada para pegar pessoas mal intencionadas. Innes adicionou testemunhos de supostos clientes satisfeitos, selos de garantia, oferecimento de outros serviços "customizados" e políticas de proteção de informações e dados.

Os interessados que entram em contato são encaminhados para um campo onde deve preencher com dados pessoais e uma série de informações a respeito de seus alvos. Depois que o cliente aperta o botão "submeter", em vez de seu pedido ser redirecionado para a suposta base de 'agentes de campo' que atenderão seu caso, ele vai parar no departamento policial mais próximo da localização daquela pessoa – em um intervalo de 24 horas, uma vez que for confirmada a intenção do indivíduo de cometer o crime.

Essa corrente do bem entre Innes e as autoridades já rendeu cerca de 30 prisões e algumas condenações. O trabalho que o RentAHitman.com faz é totalmente solidário e ocupa o tempo livre de Bob Innes, que se vê como apenas um colaborador para a sociedade.