Conheça a triste história de Laika, o primeiro animal “cosmonauta” do mundo

21/03/2017 às 03:003 min de leitura

O primeiro homem a colocar os pés na Lua foi Neil Armstrong — seguido pelo astronauta Buzz Aldrin — em 1969. Antes dos norte-americanos, a primeira pessoa a flutuar no espaço foi o cosmonauta soviético Alexei Leonov, em 1962, mas ele não foi o primeiro ser humano a ir ao espaço. Quem fez isso foi Yuri Gagarin, conterrâneo de Alexei, que completou uma órbita ao redor da Terra em abril de 1961.

No entanto, a primeira criatura terrestre da História a deixar o nosso planeta e completar uma órbita ao seu redor não foi um humano. Quem teve essa honra — ou azar! — foi a cadelinha soviética Laika, que, no dia 3 de novembro de 1957, foi enviada ao espaço a bordo do satélite espacial Sputnik 2.

A cosmonauta

Laika foi um cão vira-lata encontrado nas ruas de Moscou pouco antes do lançamento do satélite, e ela foi considerada como candidata ideal devido ao seu pequeno porte e à natureza tranquila. Na verdade, os soviéticos se encontravam em plena corrida espacial contra os norte-americanos e queriam testar a viabilidade de enviar seres humanos em viagens espaciais.

Fonte da imagem: Space Answers

O pobre cão foi preparado durante alguns dias para a missão, e o treinamento basicamente consistiu em ir colocando Laika em gaiolas progressivamente menores até que ela se sentisse confortável no compartimento que a levaria ao espaço. Além disso, os soviéticos submeteram a cadelinha a algumas sessões em simuladores de voo para ela ir se aclimatando com sua missão.

Contudo, o que os soviéticos falharam em informar à Laika — e ao resto do mundo — é que a viagem da cosmonauta não teria volta, e que ela deveria morrer no espaço. Foi só depois do lançamento do Sputnik 2 que esse pequeno detalhe foi divulgado e, como era de se esperar, o sacrifício do animal causou uma onda de revolta.

Viagem sem volta

Segundo os organizadores da missão, Laika teria alimentos e água à sua disposição no interior do satélite, e seus sinais vitais seriam monitorados a partir da base soviética na Terra. O plano era que, depois que o oxigênio terminasse no interior do compartimento, a cachorrinha fosse alimentada com ração envenenada para que ela morresse com um mínimo de sofrimento. E muita gente acreditou que esse foi o seu fim até recentemente.

Fonte da imagem: Howl of a Dog

Só que, infelizmente para o animal, nem tudo saiu como planejado. Durante o World Space Congress que ocorreu em Houston em 2002, Dimitri Malashenkov, um dos cientistas que trabalharam na missão do Sputnik 2, revelou uma série de dados até então desconhecidos sobre o lançamento do satélite.

Segundo Malashenkov, no total, três cães foram treinados para a missão, Albina, Laika e Mushka, e a equipe teve que trabalhar contra o relógio para adaptar os animais às condições da apertada cabine do Sputnik. Para isso, conforme já mencionamos anteriormente, o trio foi posto em gaiolas cada vez menores durante períodos de 15 a 20 dias, e cada um foi preparado para “funções” diferentes.

Laika havia sido a cosmonauta escolhida para entrar em órbita, enquanto Albina, que já tinha voado duas vezes em um foguete de alta altitude, seria a substituta de Laika caso algo acontecesse com ela. Mushka, por sua vez, tinha como função testar os instrumentos do satélite e os aparelhos de suporte à vida.

Ao infinito e além

Malashenkov contou que os sensores colocados em Laika indicaram que, durante o lançamento do Sputnik 2, seu ritmo cardíaco disparou para duas ou três vezes em relação ao detectado com o animal em repouso, e voltou a cair depois que a cadelinha passou a experimentar a falta de gravidade.

Fonte da imagem: Time

O cientista disse que o pulso de Laika levou três vezes mais tempo do que o registrado durante os testes em terra para voltar ao normal, indicando que ela estava sofrendo um enorme estresse. Ademais, os sensores do satélite indicaram que a temperatura e a umidade no interior da cabine começaram a subir logo após o início da missão e, depois de um período entre 5 e 7 horas do lançamento, nenhum sinal vital de Laika foi detectado.

Até as revelações de Malashenkov, muitos acreditavam que Laika havia sobrevivido durante ao menos 4 dias em órbita. Inclusive havia quem pensasse que o bichinho durou uma semana inteira no espaço. Entretanto, na verdade, por volta da quarta órbita do Sputnik 2 ao redor da Terra, Laika já havia perecido devido ao estresse e ao excesso de calor no interior da cabine.

Fonte da imagem: Space.com

Laika não resistiu muito em sua viagem, mas completou um total de 2.570 voltas ao redor do nosso planeta dentro de seu “caixão” — que queimou durante a sua reentrada na atmosfera terrestre no dia 4 de abril de 1958. Mesmo assim, sua morte, embora triste, não foi em vão, já que a missão não só provou que um organismo vivo era capaz de sobreviver à falta de gravidade, como forneceu informações imprescindíveis para que os humanos pudessem continuar sonhando com alcançar o infinito e além.

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*Publicado em 27/04/2016

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