Embate histórico entre Einstein e Bohr tem novo desfecho

11/03/2012 às 07:132 min de leitura

Niels Bohr e Albert Einstein em fotografia de 1925 (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)

As disputas acirradas entre gênios são comuns: “Freud x Jung” e “Tesla x Edison” são duas das mais famosas brigas que já ocorreram na comunidade científica. Porém, nos anos 30, Albert Einstein e Niels Bohr começaram um embate sobre a consistência da física quântica que parece ter se resolvido apenas hoje, décadas depois do falecimento de ambos os cientistas.

A discordância entre os dois físicos começou em uma conferência realizada em 1930, quando Einstein desafiou o Princípio da Incerteza de Heisenberg ao declarar que se uma caixa cheia de fótons fosse aberta, permitindo que um deles escapasse, seria possível constatar esse evento com base no tempo pelo qual a caixa ficou aberta e na mudança de energia dentro dela, desafiando assim a relação de incerteza entre tempo e energia.

Porém, Bohr discordava de Einstein e usou a própria Teoria da Relatividade para solucionar o problema. Esse debate continuou por mais cinco anos, com a comunidade científica dando a “vitória” da discussão para Bohr.

Novo resultado para a disputa

Agora, em artigo recentemente publicado (PDF em inglês), o físico croata Hrvoje Nikolić pôde rever o embate sob o ponto de vista da física moderna e declarar que Bohr não estava certo. De acordo com a conclusão do paper científico, a resolução desse exercício mental envolve o princípio quântico de não localidade, originado a partir do entrelaçamento da caixa com os fótons.

Curiosamente, Einstein teria apresentado um artigo que dava indícios desse princípio em 1935, junto com Podolsky e Rosen (EPR), na tentativa de provar que a mecânica quântica estava incompleta. Porém, esse desafio de EPR é considerado inválido hoje, de acordo com o que sabemos sobre a física quântica. Entretanto, o EPR foi essencial para a descoberta da não localidade em 1964, por John Bell.

O paper de Nikolić se faz relevante para a física moderna por demonstrar que já havia um indício da não localidade logo em 1930, quando Einstein e Bohr começaram a discutir. Isso faz com que o desafio de EPR, de 1935, deixe de ser o primeiro exemplo histórico de um sistema quântico que não pode ser compreendido sem a evocação da não localidade.

Para a ciência, não importa se as partes envolvidas em uma discussão já faleceram. O assunto em si continua e, décadas mais tarde, pode ser que uma terceira pessoa prove que ambos os lados da disputa estavam errados.

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