Os perigos enfrentados pelos voluntários que vão à Síria combater o ISIS

26/09/2016 às 12:413 min de leitura

Se existe uma organização que está tocando o terror pelo mundo, essa é o infame ISIS — Estado Islâmico do Iraque e do Levante —, o autoproclamado califado jihadista responsável por inúmeras mortes bárbaras e ações terroristas pra lá de sangrentas.

Criado entre os anos 2003 e 2004, o ISIS proclamou seu califado em 2014 e, desde então, vem lutando para se tornar a autoridade religiosa máxima de todos os islâmicos do planeta. O grupo também vem tentando dominar territórios muçulmanos, começando pelo Levante, uma região que, de modo geral, engloba Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e algumas áreas da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito.

Voluntários ocidentais — com e sem experiência militar — enfrentam sérios perigos para combater o Estado Islâmico

Para conter seu avanço, diversas forças militares estão trabalhando ativamente e formando várias coalizões internacionais. Entretanto, de acordo com Vytenis Didziulis, do portal Fusion, além dos soldados afiliados oficialmente aos diferentes Exércitos atuando contra o ISIS, inúmeros voluntários ocidentais — com e sem experiência de combate — estão arriscando suas vidas para ir até a Síria. Confira a seguir quais são alguns dos perigos que eles enfrentam:

1 – Conexões terroristas

Os civis ocidentais que decidem ir até a Síria para combater o ISIS geralmente acabam se incorporando às milícias curdas que atuam na região, conhecidas como Unidades de Proteção Popular ou YPG. Esse grupo está entre os maiores aliados dos EUA na guerra contra o Estado Islâmico e é responsável pelo recrutamento de centenas de voluntários norte-americanos e europeus.

A canadense Hanna Bohman passou 5 meses na Síria combatendo o ISIS

Entretanto, antes de entrar para a YPG, os voluntários devem ter em mente que, desde que o ISIS iniciou sua ofensiva em 2014, dezenas morreram enquanto combatiam o Estado Islâmico, e existem rumores de que os jihadistas oferecem uma recompensa de US$ 150 mil (perto de R$ 490 mil) pelos ocidentais que forem capturados.

Como se fosse pouco, dependendo da nacionalidade do voluntário, ele pode enfrentar sérios problemas legais quando retornar ao seu país de origem. Isso porque a YPG é um braço armado do Partido de União Democrática sírio, o PYD, e tem forte ligação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, que, por sua vez, é listado como uma organização terrorista internacional em diversas partes do mundo.

2 – Processo de seleção

Outro problema enfrentado pelos voluntários ocidentais — que decidem ignorar o risco de morrer em combate, de ser capturados pelos rebeldes e de acabar presos em seus países — é a dificuldade de travar contato com integrantes da YPG. A forma mais comum de fazer isso é através de uma página no Facebook chamada Lions of Rojava que funciona como uma espécie de canal de recrutamento oficial para estrangeiros.

Um ocidental combatendo voluntariamente junto aos curdos

Contudo, a maioria dos candidatos jamais recebe qualquer resposta dos administradores da página. Já os poucos que são contatados são orientados a preencher um questionário online no qual devem revelar informações como suas motivações para querer fazer parte da YPG, qual é seu conhecimento a respeito dos conflitos na Síria e da ideologia da organização, bem como sua postura política e religiosa.

O objetivo, com isso, é filtrar voluntários que tenham tendências homicidas, racistas ou que sejam meio maníacos mesmo. Afinal, assim como a YPG atrai muita gente disposta a realmente lutar pela causa, ela também chama a atenção de muitos malucos que simplesmente querem uma oportunidade para poder sair matando indiscriminadamente — e esse não é objetivo.

3 – Contato de risco

Depois de assumir os riscos iniciais associados ao recrutamento (item 1) e de passar pelo processo de seleção (item 2), as coisas se tornam gradualmente mais difíceis e incrivelmente arriscadas. Afinal, uma vez aceitos pela YPG, os ocidentais deverão estabelecer contato com uma entidade sem rosto através de um serviço de mensagens eletrônicas encriptadas, por meio do qual receberão instruções de como proceder.

Joanna Palani — de origem curda, mas residindo na Dinamarca desde os 3 anos de idade — também foi combater os terroristas

Geralmente, a primeira orientação que os voluntários recebem se refere à compra de uma passagem aérea até o Governo Regional do Curdistão, situado no Iraque. Eles ainda recebem um número de telefone para o qual devem ligar imediatamente após passar pelo controle de passageiros no aeroporto. A pessoa do outro lado linha informará um endereço seguro da organização — mas é impossível garantir que não se trata de uma armadilha do ISIS.

Só depois disso tudo é que os ocidentais são levados até a Síria — de forma ilegal, já que a maioria das fronteiras ao país está fechada. Muitos estrangeiros já foram detidos ao tentar atravessar de um lado a outro, portanto a travessia quase sempre acontece no meio da noite e envolve horas e mais horas de caminhada por um território inóspito e em guerra.

4 – Treinamento

Após atravessar a fronteira, os voluntários são levados a um centro de treinamento militar onde, além de orientações básicas sobre o uso de armamentos, eles recebem informações sobre a ideologia — fortemente enraizada no marxismo-leninismo — da YPG. Entretanto, nem todos os recrutas são aceitos pelo grupo curdo exclusivamente para lutar nos campos de batalha.

O australiano Ashley Johnston infelizmente morreu em combate; ele tinha 28 anos

Os curdos, como você deve saber, se encontram espalhados por regiões da Síria, do Irã, do Iraque e da Turquia e formam um povo que, historicamente, não possui um território próprio. Sendo assim, na verdade, eles estão lutando especialmente por essa causa, para ganhar o reconhecimento de nações do Ocidente — principalmente daquelas das quais eles recebem recrutas.

No fundo, segundo os curdos, eles não precisam de mais combatentes. Eles têm mais que suficiente. O que os curdos realmente desejam são ocidentais que representem suas pátrias nas batalhas, já que, segundo seu entendimento, quando um australiano, um canadense, um norte-americano ou um britânico está lutando ao seu lado, na realidade são seus países de origem que os estão ajudando e apoiando sua causa.

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