Este é o selo mais valioso do mundo. Quer saber por quê?

28/02/2014 às 13:073 min de leitura

Esse pedacinho de papel vermelho e meio sujo que você vê acima é o selo mais valioso do mundo, ou, pelo menos, será no próximo mês de junho, quando ele poderá atingir um valor de entre 10 a 20 milhões de dólares em um leilão.

Esta joia histórica já está sendo chamada de “a Monalisa dos selos” e data do ano de 1856, quando ainda valia 1 cent. A pergunta que você deve estar se fazendo é “porque então esse selo chegou a ser tão valioso agora”?

A resposta é porque ele é especialmente único. É o único selo vermelho restante do ano de 1856 da Guiana Inglesa, conhecida atualmente como República da Guiana (localizada na costa norte da América do Sul), sendo considerado extremamente raro.  

Detalhes

Impresso em tinta preta sobre papel em tom de carmim, o selo apresenta uma imagem de um navio de três mastros e o lema da colônia britânica: “Nós damos e esperamos retorno” — os colonos britânicos eram conhecidos por não oferecer nada se o outro não fosse generoso.

O próprio navio desenhado é enquadrado por quatro linhas finas, com o país de emissão e valor escrito ao longo das bordas externas. Tudo isso é quase impossível de se ver no exemplo acima, mas esta imagem de baixo é reforçada e faz um trabalho melhor de iluminar os detalhes. Mesmo assim, ainda é difícil de reconhecer os detalhes, mas tudo foi identificado por análises de especialistas no assunto.

Fonte da imagem: Reprodução/Gizmodo

Este selo especial não é exposto ao público desde 1986. Mesmo a realeza britânica não podia dar uma espiada e provavelmente eles estavam mortos de curiosidade, pois esse selo é o único grande ausente da coleção real particular da família real.

Durante todo esse tempo, o exemplar esteve na coleção particular de John E. du Pont até sua morte em 2010.  Mas, vamos voltar um pouco mais no tempo para esclarecer alguns fatos.

Mais história

No início dos anos 1850, um carregamento de selos vindos de Londres para sua colônia britânica da Guiana foi adiado, forçando o correio local a procurar um lugar que produzisse substituições. A função ficou por conta de um jornal local, o Royal Gazette, que foi pago para produzir selos até que os exemplares do carregamento real de Londres chegassem.

Obviamente, esses selos impressos no mesmo lugar do jornal poderiam gerar falsificações. Por isso, para evitar esse tipo de coisa, um funcionário dos correios teve que rubricar individualmente cada selo antes que pudesse entrar em circulação. E o selo valioso é um destes, sendo o único que sobrou, pois eles foram produzidos apenas por um curto período até que a remessa da Inglaterra fosse liberada para a Guiana.

Primeiramente, o selo pertencia a um rapaz escocês, Vernon Vaughan, que o viu e o adquiriu com a idade de 12 anos em 1873, quando ele estava vivendo com os pais na antiga Guiana Inglesa. O menino o vendeu por alguns trocados a um homem também escocês, Neil R. McKinnon, para comprar mais selos. Cada vez que mudava de mãos, o selo aumentava de valor.

No final do século 19, o selo passou para um colecionador em Liverpool, que foi o primeiro a reconhecer a sua raridade e o vendeu por 120 libras, o equivalente a cerca de 20 mil dólares hoje, para o Conde Philippe la Renotiere von Ferrary, um dos colecionadores de selos mais importantes do mundo.

Quando o Conde morreu, o Museu de Selos de Berlim tornou-se o mais novo proprietário do vermelhinho até que toda a coleção do local foi apreendida pela França, como parte das ações da Primeira Guerra Mundial.

Os franceses então venderam o selo em um leilão por 35 mil dólares em 1922 (já cerca de 500 mil dólares hoje). Depois que o dono (muito rico) que havia arrematado o selo morreu, ele foi colocado a leilão novamente em 1970, sendo vendido por um valor que seria de um milhão de dólares atualmente. Em seguida, em 1980, ele foi arrematado novamente por quase meio milhão a mais por John E. du Pont.

Crime

No entanto, du Pont, herdeiro da fortuna da empresa química homônima, morreu na prisão em 2010, enquanto cumpria pena por assassinar a tiros o campeão olímpico e seu amigo de longa data David Schultz em 1996. Apesar de mórbida, é notória que essa ocorrência auxiliou no processo de valorização do selo, que poderá alcançar valor recorde em junho deste ano.

Segundo o site Gizmodo, há até um filme sobre este mesmo assassinato programado para estrear nos Estados Unidos no final de 2014, estrelado por Channing Tatum como Schultz e Steve Carrell como o insano amante de selos, du Pont.

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