Ditadura no Brasil: conheça alguns fatos que deixaram cicatrizes no país

27/10/2018 às 03:004 min de leitura

Como você sabe, foi um golpe militar que culminou no fim do governo do então presidente João Goulart — ou Jango — e instaurou o regime militar no Brasil que durou até 1985. Esse período da História do nosso país foi marcado pela perseguição política aos que eram contra a ditadura, repressão, falta de democracia, censura e supressão de direitos constitucionais.

A seguir você pode conferir alguns fatos que deixaram muitas cicatrizes — e até muitas feridas que continuam abertas até hoje — no Brasil:

Principais eventos que culminaram no golpe

João Goulart — então vice-presidente eleito — assumiu o posto de presidente em 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros e em meio a uma enorme turbulência política e econômica. Jango só pode governar depois de aceitar que o faria sob o regime parlamentarista, embora tenha adotado um discurso considerado esquerdista e implantado políticas trabalhistas depois de assumir o cargo;

Seu governo foi marcado pela abertura a organizações populares, estudantis e trabalhistas em um momento em que o mundo vivia o auge da Guerra Fria, gerando um grande desconforto entre as classes mais conservadoras — entre as quais a Igreja Católica, os empresários, banqueiros e os militares — que temiam que o Brasil se tornasse um país socialista;

Fonte da imagem: Reprodução/Educação UOL

Os próprios Estados Unidos demonstraram preocupação de que o Brasil sofresse um golpe comunista, enquanto Jango propunha levar adiante uma série de mudanças, como ter mais controle sobre a remessa de lucros de companhias multinacionais, ampliar o direito de voto para analfabetos e nacionalizar o petróleo e as grandes extensões de terra que pertenciam a grandes latifundiários;

O “estopim” para o golpe foi um comício organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, no qual o presidente anunciou as reformas que seriam levadas a cabo para mudar o país e reuniu 150 mil pessoas. Em contrapartida, grupos da oposição organizaram em São Paulo uma passeata contra o presidente com cerca de 500 mil participantes e que ficou conhecida como “Marcha da Família”;

Fonte da imagem: Reprodução/Educação UOL

Foi neste ambiente que o General Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, lançou uma circular restrita aos militares que continha um alerta referente às medidas recentes propostas pelo presidente e que eram consideradas como um perigo comunista latente;

Assim, tropas marcharam para o Rio de Janeiro para forçar a deposição de Jango e, sem conseguir impedir o golpe, o presidente foi até Brasília, mas, no fim da noite, o Congresso anunciou que a presidência se encontrava vaga;

Fonte da imagem: Reprodução/Educação UOL

As principais capitais brasileiras foram, então, tomadas por soldados armados, jipes e tanques de guerra, que invadiram as organizações que apoiavam o presidente deposto, como sindicatos e partidos políticos. A sede da União Nacional dos Estudantes — a UNE — localizada no Rio de Janeiro foi incendiada;

João Goulart foi deposto e fugiu para o Rio Grande do Sul antes de se exilar no Uruguai, e o General Castelo Branco assumiu o poder e se tornou o 26° presidente do Brasil.

Fonte da imagem: Reprodução/Educação UOL

Desaparecidos famosos

Como você sabe, em mais de 20 anos de ditadura, não foram poucas as pessoas perseguidas, torturadas e mortas por se oporem ao regime militar e, só para que você tenha uma ideia, a — triste — lista disponibilizada pelo CEDED conta com mais de 380 registros. A seguir você pode conhecer alguns nomes famosos que infelizmente fazem parte dessa lista, assim como alguns métodos de tortura aplicados pelos militares logo mais.

Entre as centenas de vítimas do Regime Militar, existem militantes de esquerda que foram mortos depois de longas sessões de tortura, assim como em ataques e confrontos com a polícia militar. Mas também existem pessoas que foram capturadas pelas guerrilhas por apoiar a ditadura:

Fonte da imagem: Reprodução/BOL

Alexandre Vanuchi Leme, estudante de geologia da Universidade de São Paulo que foi morto em 1973 aos 22 anos de idade;

Fonte da imagem: Reprodução/BOL

Vladimir Herzog, jornalista que morreu aos 38 anos de idade em 1975 depois de ser interrogado e torturado devido à sua ligação com o PCB. A versão oficial foi a de que Herzog teria se enforcado, mas, na verdade, o jornalista não resistiu às torturas às que foi submetido;

Fonte da imagem: Reprodução/BOL

Rubens Paiva foi morto em 1976 um dia após ser capturado, embora a versão oficial divulgada pelo Exército seja a de que o ex-deputado teria sido resgatado por guerrilheiros enquanto era transferido das dependências para as quais havia sido levado para prestar depoimentos;

Fonte da imagem: Reprodução/BOL

Carlos Lamarca e Iara Iavelberg eram integrantes da Vanguarda Popular Revolucionária, e Lamarca foi morto em 1971 na Bahia. Iara, sua companheira, morreu pouco tempo depois e, oficialmente, ela teria cometido suicídio após ter sido cercada pela Polícia Federal. Contudo, em 2003, essa versão foi desmentida quando a exumação do corpo da militante mostrou que ela sofreu vários tiros;

Fonte da imagem: Reprodução/BOL

A vítima acima morreu pelas mãos dos revolucionários. Chamado Charles Rodney Chandler, o norte-americano era capitão do Exército e cursava sociologia em São Paulo. Chandler desapareceu em 1968, acusado pelos guerrilheiros de ser um agente da CIA;

Alguns métodos de tortura

Os militares desenvolveram uma série de torturas para arrancar informações dos militantes interrogados e também para coibir e causar terror aos que eram contra a ditadura. Você pode encontrar uma breve descrição de alguns desses métodos a seguir:

  • Pau-de-arara: a vítima era presa a uma barra de ferro abraçando os pés e os joelhos com as mãos amarradas e, então, pendurado entre dois cavaletes, ficando nessa dolorosa posição enquanto era queimado com cigarros, recebia choques elétricos ou era espancado;
  • Cadeira do dragão: a tortura consistia em sentar os presos nus em uma cadeira elétrica de zinco enquanto estes recebiam descargas elétricas que percorriam todo o corpo e, muitas vezes, suportavam as sessões com um balde de metal sobre a cabeça;
  • Balé no pedregulho: o torturado era deixado nu e descalço em um ambiente com temperaturas superbaixas e o chão coberto por pedregulhos pontiagudos que feriam os pés enquanto era molhado com água gelada. Este método recebeu esse nome por que a tendência das vítimas era a de “dançar” sobre as pedras para aliviar a dor na sola dos pés;
  • Telefone: aqui os torturadores aplicavam violentos golpes com as mãos em posição côncava sobre os ouvidos das vítimas causando o rompimento dos tímpanos e, também, a perda da audição;
  • Soro da verdade: o soro da verdade consistia em uma dose de pentotal sódico, uma substância de efeito duvidoso que supostamente era capaz de reduzir as inibições dos torturados além de provocar sonolência.

Além dos métodos descritos acima, os torturadores também contavam com a ajuda de médicos legistas que falsificavam os laudos e ocultavam os ferimentos provocados durante as sessões de tortura. Uma das causas de morte mais comuns descritas nesses laudos era o suicídio, além de atropelamentos, acidentes de tráfego e trocas de tiros com a polícia.

No entanto, quando já não se podia mais ocultar os sinais de tortura, os corpos eram enterrados como indigentes em valas clandestinas. Foi assim que centenas de pessoas desapareceram durante a ditadura militar.

Ferida aberta

Fonte da imagem: Reprodução/Educação UOL

Até hoje, apesar de inúmeros documentos da época terem se tornado públicos, valas clandestinas localizadas, torturadores identificados e alguns restos mortais finalmente terem sido encontrados, a verdade é que — infelizmente — a maioria dos que foram perseguidos, torturados e mortos continuarão desaparecidos, servindo eternamente de lembrança desse triste período da História do nosso país.

*Publicado em 31/3/2014

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