Em país africano, homens são contratados para fazer sexo com adolescentes

25/07/2016 às 10:003 min de leitura

No sul do Malauí, região no leste africano, homens chamados de “hiena” são contratados para fazer sexo com meninas que acabaram de chegar à puberdade. O motivo? Para os moradores da região, essa prática é um ritual de “purificação”.

Obviamente, estamos falando de pessoas que vivem em uma cultura muito diferente da nossa e que têm crenças que nos são completamente estranhas, mas até que ponto questões culturais devem ser propagadas sem interferências? Esse ritual de “purificação”, por exemplo, é conhecido também por espalhar diversas doenças sexualmente transmissíveis, além, é claro, de atestar como normal o que não pode ser chamado de outra coisa além de violência sexual.

A BBC publicou, recentemente, uma reportagem chocante sobre a vida de um desses homens, Eric Aniva, que vive em um casebre cheio de sujeira. “Hiena” há tempos, volta e meia Aniva é contratado para fazer sexo com meninas e também com mulheres viúvas, que só podem enterrar seus maridos depois de receberem os “serviços” de um “hiena”. A mesma “purificação” é recomendada para mulheres que sofrem um aborto.

Com relação às meninas, funciona assim: depois da primeira menstruação, elas são obrigadas a fazer sexo com um “hiena” durante três dias. Somente dessa forma deixam de ser crianças e são consideradas adultas. Se se recusarem, a crença é de que a família ou até mesmo o vilarejo todo será amaldiçoado.

Sacrifício

Aniva

Em declaração à BBC, Aniva contou que faz sexo com meninas de 12 ou 13 anos. Orgulhoso do trabalho que faz, ele garante, ainda, que as jovens dizem sentir prazer com ele, ainda que as meninas do vilarejo, quando falam a respeito, demonstrem sentir aversão ao ritual. Uma dessas meninas, Maria, disse que se submeteu ao ritual para que sua família não tivesse doenças e não morresse.

Aniva, que não revela sua idade, mas aparenta estar na casa dos 40 anos, é casado com duas mulheres, que sabem de sua profissão. Antes de perder as contas, acreditava ter feito sexo com 104 meninas e mulheres – ele não faz ideia de quantas delas possam ter engravidado, mas afirma ter cinco filhos legítimos.

A comunidade na qual Aniva vive tem dez hienas, e cada um chega a receber o equivalente a até R$ 23,10 por serviço. Os rituais são organizados por mulheres que são consideradas guardiãs da tradição. No caso das que falaram à BBC, Fagisi, Chrissie e Phelia, todas têm idades na casa dos 50 anos, e suas tarefas se resumem a ensinar as meninas a satisfazer os homens sexualmente.

As três explicam que a “purificação sexual” é necessária para que tanto a família das meninas como os moradores do vilarejo não tenham infecções. O problema é que essas relações sexuais são feitas sem proteção – o argumento? Os “hienas” escolhidos são “boas pessoas” que apresentam bom comportamento e possivelmente não transmitem doenças.

Só que não

Aniva, sua esposa Fanny com a filha mais nova, a cunhada e uma antiga cliente

A crença no “bom comportamento” é comprovadamente falha: uma em cada 10 pessoas do vilarejo é portadora do vírus HIV – Aniva, inclusive, embora ele não fale sobre o assunto aos pais das meninas que o contratam como “hiena”.

Felizmente, esse tipo de ritual vem sendo duramente criticado por ONGs, pelas igrejas e, inclusive, pelo governo de Malauí, que busca conscientizar a população a respeito do que chama de “práticas culturais nocivas”. Ainda assim, as mulheres que participam da organização do ritual acreditam que não há nada de errado com essa interferência bruta na vida sexual de meninas.

Ainda que a prática seja comum no sul do país africano, não são todas as culturas que a aceitam – em alguns lugares, a “purificação” é feita apenas em mulheres viúvas e que têm problemas de fertilidade. Vale lembrar que Malauí é um dos países mais pobres do mundo, e acabar com os rituais de “purificação” não é, definitivamente, a maior preocupação do governo e da própria população de modo geral.

“Quero que essa tradição acabe. Somos forçadas a dormir com hienas. Não se trata de uma escolha voluntária e acho isso muito triste para todas as mulheres”, declarou Fanny, uma das esposas de Aniva, quando perguntada se gostaria que sua filha, hoje com 2 anos, passasse pela experiência de “purificação” assim que menstruasse.

O próprio Aniva diz que quer um futuro diferente para a sua filha: “A minha filha, não. Não posso permitir que isso aconteça. Agora estou lutando para o fim dessa prática”, disse ele ao jornalista Ed Butler. Ao que tudo indica, Aniva está aposentado.

Atualização:

A BBC divulgou hoje (26 de julho) que o governo de Malauí decretou a prisão de Aniva. "O presidente disse que as práticas culturais e tradicionais nocivas não podem ser toleradas neste país", declarou Mgeme Kalilani, porta-voz da presidência. 

"Todas as pessoas envolvidas nesta má prática deveriam ser responsabilizadas por submeter suas meninas e mulheres a esse mal desprezível", disse um comunicado feito pela presidência do país, que criticou fortemente o fato de Aniva ter HIV e não contar às meninas ou às suas famílias.

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