Matrix: como saber se estamos vivendo em uma simulação de computador?

24/08/2016 às 12:273 min de leitura

Você alguma vez se perguntou se o mundo ao seu redor é real — ou se tudo não passa de um experimento bizarro, uma simulação de computador criada por alguma mente maligna? Caso a sua resposta tenha sido positiva, como saber se, por exemplo, o seu cérebro, em vez de se encontrar guardadinho no interior do seu crânio, não está sendo mantido vivo e operante dentro de um recipiente que o supre com os nutrientes necessários?

Imagine, então, este cenário: o seu cérebro foi removido da sua cabeça e se encontra em um laboratório a incrivelmente avançado, e as terminações nervosas foram conectadas a um supercomputador que o alimenta com informações que criam a realidade na qual você acredita estar vivendo. Digno de pesadelo, certo? Mas, como saber se esse cenário não é real, e que você é você mesmo — e não um mero cérebro ligado a uma supermáquina?

Realidade x ilusão

De acordo com Laura D’Olimpio, professora de Filosofia na Universidade de Notre Dame, na Austrália, apesar de a situação do “cérebro ligado à máquina” parecer ter saído diretamente do filme Matrix, ela foi proposta há muito tempo — com a primeira versão sendo apresentada pelo filósofo francês René Descartes em 1641!

Olha o Descartes aí, gente!

Na verdade, segundo Laura, esse tipo de questionamento — sobre o que é realidade e o que não passa de ilusão — vem sendo usado pelos filósofos há séculos, e serve para que eles “filosofem” a respeito de quais crenças nós podemos tomar como verdadeiras e, portanto, possamos determinar que tipo de conhecimento podemos construir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos rodeia.

Mas, como? Como ter certeza de que existimos em nossa realidade — em vez de estarmos sonhando (ou ligados a um computador)? Voltando a Descartes, no lugar de cérebros e computadores, ele imaginava a existência de uma presença maligna e onipotente, uma espécie de “demônio” que nos engana e nos faz acreditar que estamos levando nossas vidas tranquilamente quando, na verdade, a nossa realidade pode ser bem diferente do que pensamos.

Pensador francês

Para explicar essa situação melhor, Laura disse que, em um de seus trabalhos, o francês descreve uma cena na qual ele se encontra sentado, fumando tranquilamente diante de uma lareira. Então, ele começa a indagar se o cachimbo realmente se encontra em suas mãos, e se seus sapatos estão mesmo nos seus pés.

O que é real e o que é ilusão?

E Descartes faz isso porque, conforme explicou, no passado, seus sentidos já o haviam enganado e, portanto, qualquer coisa que tenha sido ilusória não podia ser confiável. Sendo assim, o filósofo pensava que seus sentidos podiam traí-lo.

Segundo o francês, o melhor a fazer para lidar com essa questão é duvidar de absolutamente tudo — e começar embasar o nosso conhecimento a partir daí. De acordo com Laura, Descartes pensava que, através dessa abordagem, apenas a parte mais essencial da certeza absoluta poderia ser usada como base confiável para construir o conhecimento.

Matrix

Como você deve se recordar, no filme Matrix, lançado em 1999, Neo, interpretado por Keanu Reeves, descobre que sua realidade não passa de uma simulação criada por computador. Ele também descobre que seu corpo se encontra em suspensão em uma espécie de tanque com um líquido que o mantém vivo — e é quase impossível que, quando assistimos ao longa, não se imaginar no lugar do personagem. Afinal, vai saber!

Será possível?

Pois, de acordo com Laura, mesmo que nós não sejamos capazes de dizer com total e absoluta certeza que a nossa realidade é... real, ao menos podemos estar certos de que, independente de que nos encontremos em uma simulação ou não, nós existimos. Isso porque, cada vez que duvidamos de algo, isso significa que há um “eu” duvidando e, conforme já dizia Descartes, eu penso, logo existo.

***

Então, respondendo à pergunta do título, é impossível determinar com absoluta certeza se o mundo que te rodeia é real ou se você se encontra em uma simulação de computador criada por uma mente maligna. Por outro lado, segundo Laura, você pode estar certo de uma coisa: pelo menos você está pensando, portanto, você existe.

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