Jovem descobre trombose cerebral e a culpa é da pílula anticoncepcional

03/08/2016 às 12:214 min de leitura

Uma postagem que mostra os riscos das pílulas anticoncepcionais está correndo pela internet. Nele, a estudante Juliana Pinatti Bardella, de Botucatu, em São Paulo, narra os momentos de pânico que viveu ao descobrir que estava com uma trombose venosa cerebral após fazer o uso contínuo desse medicamento.

Não foi o primeiro alerta nem será o último. Todos os dias, mulheres contam os males que vêm agregados às pequenas pílulas, que muitas de nós ingerimos todos os dias, sem desconfiar de nada.

Pílula prometia liberdade sexual

Lá em 1957, quando o remédio Enovid foi lançado nos Estados Unidos, a ideia era controlar os distúrbios ligados à menstruação. Em sua bula, havia uma advertência: pode causar suspensão temporária da fertilidade.

Não demorou muito para que muitas mulheres usassem tal remédio justamente buscando esse efeito colateral. Foi então que o FDA, órgão norte-americano que regula medicamentos, aprovou a venda desse primeiro anticoncepcional de via oral.

Com a promessa de liberdade sexual e controle de natalidade, a popularidade da pílula cresceu, e hoje qualquer garota consegue comprar uma cartela na farmácia, mesmo sem a devida indicação médica.

Mas os problemas existem e, em tempos de redes sociais, eles têm vindo à tona cada vez mais.

Como a pílula funciona no seu organismo

A cada vez que você ingere aquele pequeno comprido, está jogando no seu corpo uma combinação de hormônios que vão inibir a sua ovulação: o estrogênio e a progesterona  – lembrando que cada pílula tem uma composição diferente, até sem estrogênio. 

O estrogênio é responsável pelas chamadas “características femininas”, tais como seios e outras curvas, além de preparar o útero para a reprodução.

A progesterona também tem um papel fundamental na gravidez: ela prepara a base na qual o óvulo fecundado vai passar com segurança, fazendo com que ele seja implantado no útero.

Como a pílula funciona no seu corpo

Mas vamos ao que interessa: como esses comprimidos evitam a gravidez? Através da ingestão, esses hormônios feitos sinteticamente (em laboratório) alteram as taxas hormonais no organismo e mandam o seguinte recado para o cérebro: “Olha só, já temos estrógeno e progesterona de montão aqui, então não precisa mandar a hipófise liberar o FSH e o LH”.

Caso você não se lembre das aulas de biologia, sem esses dois hormônios, o FSH (hormônio folículo-estimulante) e o LH (hormônio luteinizante), o desenvolvimento dos folículos ovarianos é interrompido e a ovulação não ocorre! Ou seja, nada de bebês.

Os riscos

Existem benefícios nas pílulas anticoncepcionais? Claro que sim! Além da sua função principal, elas podem aliviar as dores, o inchaço e as alterações hormonais causadas durante o ciclo menstrual.

Mas é preciso estar alerta aos sinais que indicam que algo não vai bem. Entre os maiores problemas relacionados ao medicamento está a trombose.

Trombose cerebral

Esse problema ocorre quando há a formação de um coágulo sanguíneo que bloqueia o fluxo de sangue em uma ou mais veias. O coágulo pode ficar parado em um lugar, causando inchaço e dor, ou se movimentar e causar uma embolia.

A trombose cerebral, que é um tipo de acidente vascular cerebral (AVC), pode levar à morte ou causar diversas sequelas graves, como paralisia, cegueira e dificuldades na fala.

E é aí que nós voltamos para a história da Juliana.

Juliana descobre uma trombose venosa cerebral

Na noite de ontem, 2 de agosto, a jovem estudante divulgou em seu perfil no Facebook um relato sobre a sua experiência com a pílula anticoncepcional. Até o momento, a publicação já teve mais de 85 mil comentários e 25 mil compartilhamentos. Confira na íntegra a história:

Juliana Pinatti Bardella

“Última cartela. Último comprimido.

Começou com uma pequena dor de cabeça. A dor foi aumentando gradativamente durante três semanas, até ficar insuportável. 

Fui ao hospital em Botucatu, onde a médica me receitou remédios para enxaqueca, não pediu nenhum exame e não quis me encaminhar para um neurologista (mesmo com minha insistência), pois disse que não era o caso.

Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui à aula e resolvi esperar passar. Não passou.

Quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. 

Alguns minutos depois peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone. Deixei o celular de lado e fui ao banheiro, e para o meu maior desespero não sabia mais usar o banheiro, fiquei olhando pela porta e não sabia mais por onde começar, como isso era possível? 

Minha visão começou a ficar turva depois de algum tempo. Já não conseguia fazer nada sozinha, não realizava nenhum raciocínio básico. 

Minhas amigas que moram comigo me socorreram, me ajudaram a usar o banheiro, fizeram as ligações que eu precisava, me ajudaram a comer, e principalmente, me mantiveram calma para esperar até que minha mãe, vindo de outra cidade, chegasse.

Meus pais resolveram me levar com urgência para um hospital em São Paulo, na viagem o efeito do remédio para enxaqueca havia passado, a dor voltou muito mais forte.

O efeito do remédio para enxaqueca havia passado, a dor voltou muito mais forte

No hospital realizei alguns exames, administraram três medicamentos para a dor, sem sucesso, a dor continuou forte. Em poucas horas fui chamada para saber o resultado dos exames e na ressonância magnética foi diagnosticada trombose venosa cerebral.

Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema.

Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco. Não tenho histórico familiar, não sou fumante, e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose.

Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito

Foram três dias dentro da UTI, e um total de quinze dias de internação. A causa era mesmo o anticoncepcional, um remédio que era pra estar me ajudando, mas que ali poderia ter me causado uma sequela irreparável ou até mesmo algo pior.

De certa forma me culpei por ter ignorado as notícias sobre a trombose que via na internet ou que ouvia falar. Confiava demais no YAZ, confiava demais em mim mesma, pensava que aquilo não iria acontecer comigo.

Foram três dias dentro da UTI, e um total de quinze dias de internação. A causa era mesmo o anticoncepcional

Após o diagnóstico parece que virei um ímã de histórias de trombose, ouvi incontáveis casos como: a amiga que teve trombose na perna ou no braço, a outra amiga também com trombose venosa cerebral que teve que realizar cirurgia, a menina que tem que tomar anticoagulante pro resto da vida por causa da trombose, e o pior, como a amiga que morreu de tromboembolismo pulmonar. 

Todos os casos eram mulheres jovens e que tomavam anticoncepcional. 

Não sou contra o anticoncepcional, acredito que ele traga benefícios sim, mas sou contra a negligência de se receitar anticoncepcional indiscriminadamente sem informar adequadamente seus riscos, e da própria negligência de tomar um medicamento durante tantos anos sem desconfiar que poderia ser prejudicial e poder levar até mesmo a morte.

Mulheres, preocupem-se, pesquisem e perguntem!”

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