Por que será que os homens vivem menos que as mulheres?

14/06/2017 às 04:003 min de leitura

Você já deve ter ouvido por aí que, estatisticamente, as mulheres vivem mais que os homens. Muitos pesquisadores dizem que isso acontece porque os cuecas não são lá muito cuidadosos com a própria saúde e só vão ao médico quando algo realmente grave acontece, ignorando exames e consultas médicas de rotina. Mas será que é só isso?

O Los Angeles Times falou sobre o assunto há algum tempo e, ao contrário do que se possa imaginar, nem sempre as mulheres viveram mais do que os homens. Ao que tudo indica, essa percepção de que eles morrem antes e mais do que elas só começou ao final do século XIX, o que nos faz entender que essa diferença de gênero no quesito longevidade é algo recente.

Além disso, novas pesquisas sugerem que essa diferença não tem nada a ver com questões biológicas – ou, pelo menos, não apenas com questões biológicas. De acordo com o demógrafo Hiram Beltran-Sanchez, da Universidade de Wisconsin, essa questão de longevidade sempre foi vista como um tipo de vantagem feminina, uma espécie de “ponto positivo”.

Agora, em seu novo estudo, Sanchez avaliou documentos populacionais antigos para, dessa forma, tentar entender se essa “vantagem” sempre existiu. Para começar o levantamento, ele e sua equipe analisaram as causas mais comuns de morte de pessoas que nasceram entre 1800 e 1935 em 13 países diferentes da América do Norte e também da Europa.

Na sequência, os pesquisadores compararam os dados coletados com os índices de causas de morte da Organização Mundial da Saúde, de modo que ficou possível determinar a causa desses óbitos. Para tal, as cinco principais causas de mortalidade foram avaliadas: doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais (AVC ou “derrame”), câncer, gripe e pneumonia.

Além disso, os pesquisadores avaliaram causas provocadas pelo tabagismo, o que inclui câncer de pulmão e outras doenças geradas pelo cigarro. Os obituários analisados eram de pessoas entre os 40 e os 90 anos de idade – pessoas mais jovens foram excluídas da pesquisa para evitar classificar mortes ocorridas em períodos de guerra, violência e acidentes.

As conclusões permitiram afirmar que homens e mulheres nascidos no século XIX viveram muito menos do que as pessoas nascidas no século XX. Nesse sentido, vale lembrar que pessoas que viviam nos anos de 1800 enfrentavam péssimas condições de saneamento, o que os levava a consumir comida e água contaminadas frequentemente. Além do mais, essas pessoas não contavam com antibióticos na hora de tratar uma doença infecciosa.

Nessa época, portanto, homens e mulheres tinham a mesma expectativa de vida. Esse quadro mudou justamente com o surgimento de antibióticos, com a purificação da água e com a melhora no cultivo e na limpeza de alimentos. A partir daí, as chances de morte entre os 40 e os 90 anos eram de 0,29% entre as mulheres e 0,17% entre os homens.

Com o passar dos anos, esses índices começaram a subir. Homens nascidos entre 1900 e 1935 tinham de duas a três vezes mais chances de morrer na casa dos 50 ou 60 anos em relação às mulheres. Sanchez diz que, nesse período, houve um “excesso de mortalidade masculina”. Além disso, os pesquisadores descobriram que essas mortes eram, na maioria dos casos, provocadas por doenças cardiovasculares e também pelo fumo – um hábito muito maior em homens do que em mulheres, no início do século passado.

Dados das Nações Unidas sobre agricultura e alimentação revelaram que o salto entre os índices de mortalidade relacionados ao gênero foi mais evidenciado quando as pessoas começaram a consumir gordura animal – uma tendência que se intensificou em pessoas nascidas no final do século XIX.

Além disso, algumas pesquisas já sugeriram que os homens nascidos entre 1950 e 1985 comem mais produtos de origem animal do que as mulheres. Dietas ricas em gordura animal tendem a ser mais prejudiciais aos homens do que às mulheres quando o assunto é o ganho de peso e o entupimento de artérias.

Dessa maneira, podemos dizer que a diferença entre as expectativas de vida entre homens e mulheres não tem relação apenas com fatores biológicos. Nesse sentido, Sanchez acredita que, se os homens morrem mais cedo por questões de hábitos de vida e alimentação, esse quadro pode ser revertido, o que é uma ótima notícia, não é verdade?

*Publicado em 15/7/2015

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