Por que às vezes enxergamos coisas que não existem?

21/10/2015 às 07:022 min de leitura

Ver coisas que “não existem” é geralmente algo que acontece com pessoas com algum tipo de doença mental ou que fazem uso de drogas com efeitos alucinógenos. Um novo estudo revelou, no entanto, que não apenas podemos ter alucinações como provavelmente já tivemos alguma vez na vida.

Quer um exemplo? Digamos que uma pessoa sente uma repulsa muito grande por baratas. Aí o verão vai chegando, e essa pessoa vai para a praia, na casa da família, que ficou fechada por alguns meses. É bem possível que ela se depare com algumas baratas ao abrir a porta. A primeira medida, nessas situações, é sempre fazer uma boa faxina na casa, e assim acontece.

Depois de a casa estar livre da presença das baratas, essa pessoa acaba tendo a sensação de ver baratas de tempos em tempos, mesmo que as temidas criaturas nem estejam mais por perto. Um novo estudo divulgado pela Discovery revela que isso acontece porque nosso cérebro às vezes usa experiências antigas para criar essas alucinações e, por isso, age da mesma maneira que o de um paciente com distúrbios mentais.

De acordo com o professor Dr. Predrag Petrovic, é a primeira vez que a Ciência conseguiu demonstrar que existe uma continuidade entre a nossa percepção sobre o que é saudável e o que é psicopatológico.

Na pesquisa, os cientistas conseguiram demonstrar que, de fato, nos apropriamos de experiências anteriores para modelar nossas percepções futuras. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram dois grupos de voluntários que foram expostos a uma atividade envolvendo reconhecimento de imagens.

O primeiro grupo era composto por indivíduos considerados mentalmente saudáveis, e o segundo, por pessoas que já tinham apresentado algum grau de psicopatia. Em um primeiro momento, as pessoas precisaram dizer se decifravam alguma coisa da imagem em preto e branco, que você vê acima. A maioria das pessoas enxergou apenas borrões.

Depois, os voluntários viram a imagem colorida, logo abaixo, e, a partir de então, a maioria deles conseguia reconhecer as formas da primeira foto – as pessoas com propensão à psicose conseguiam detectar as formas com ainda mais precisão.

A pesquisa foi realizada por membros do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O responsável pelo estudo, professor Paul Fletcher, afirma que esse tipo de análise comprova que nossas experiências anteriores podem influenciar nossas perspectivas futuras, especialmente em condições de stress e ansiedade.

Fletcher afirma que um dos principais sintomas de transtornos psicóticos é a alucinação, mas ela também está presente em pessoas sem doenças mentais, afinal é sempre bom lembrar que a visão humana é um processo complexo e construtivo.

Esse tipo de estudo é fundamental para que as doenças mentais sejam mais bem conhecidas e para que, dessa forma, os tratamentos se aprimorem e sejam mais efetivos. Além de tudo, nos dá a noção de que, sim, é possível que nosso cérebro crie imagens novas com base em experiências antigas, o que não deixa de ser divertido. 

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