‘Exército de um homem só’: conheça a história de John ‘Johnny’ Broderick

12/11/2017 às 05:004 min de leitura

Esta é a história de um homem que atuou em nome da lei e alcançou status de herói, mas enfrentou altos e baixos, pois tinha métodos um tanto quanto questionáveis. Se vivesse atualmente, talvez John “Johnny” Broderick não conseguisse o mesmo reconhecimento. Mesmo tendo vivido até pouco mais que a metade do século 20, em tempos nos quais os direitos humanos não eram tão discutidos, ele conseguiu chamar atenção de todos por seus atos.

A fama de Johnny o elevou a ponto de ser requisitado para liderar a segurança pessoal de diversas celebridades e autoridades que passavam por Nova York, cidade onde nasceu e viveu a maior parte de sua vida. O presidente Franklin Roosevelt, que compareceu à final do campeonato de baseball de 1936, a rainha da Romênia e o rei da Bélgica são alguns exemplos de pessoas que solicitaram o trabalho do policial à frente de suas equipes de segurança.

No entanto, após o auge, seus feitos começaram a ser questionados, afinal, pelos relatos, o homem não costumava perguntar quem era ou quem não era bandido antes de aplicar seus métodos. Sofreu inúmeros processos em sua carreira como policial, porém na maioria das vezes conseguiu se livrar da culpa de ter usado força excessiva. Em certo ponto, esse foi o motivo para o seu grupo, conhecido como “Esquadrão Industrial”, passar a ser chamado de “Esquadrão Gângster”.

Johnny Broderick, ao centro, prendendo um bandido quando já era detetive em Nova York

Ainda assim, os feitos, muitas vezes heroicos, de Broderick, após a sua morte, o levaram a ser lembrado como “o policial mais forte do mundo”. Mas quem é esse homem que teve o reconhecimento contestado? Conheça um pouco mais sobre a vida de John “Johnny” Broderick.

A infância e a descoberta do talento para ser “herói”

Nascido em 1896, em Gashouse, distrito de Manhattan, Broderick se viu obrigado a largar a escola aos 12 anos, quando seu pai morreu. Só assim ele poderia trabalhar com fretes e caminhões para ajudar a sustentar a família. Mais tarde, acabou por se alistar para a marinha americana com o advento da Primeira Guerra Mundial.

Como pugilista, em seus tempos de forças armadas, só há conhecimento sobre uma luta oficial. Nessa única vez em que esteve sobre um ringue, ele perdeu logo no primeiro round para um outro marinheiro desconhecido. No entanto, isso acabou lhe dando fama para situações futuras.

Após a Primeira Guerra, ele usou alguns contatos que fez na época de motorista para conseguir um novo emprego na União dos Caminhoneiros. Lá ele chamou a atenção de Samuel Gompers, líder trabalhista, que havia ouvido as histórias do passado do rapaz e de suas habilidades com os punhos. Com 1,55 metro de altura e 77 kg, ele acabou contratado como segurança pessoal de Gompers.

Depois disso, em 1922, Broderick se tornou bombeiro, pois cansou de ser segurança. Passou no teste com louvor, mas não demorou para largar a nova função por considerar o serviço extremamente entediante. Seu próximo passo, em 1923, foi entrar para a academia policial e, ironicamente, seu primeiro trabalho foi salvar duas crianças de um prédio em chamas.

Imagem aérea da ilha de Manhattan em 1922

Apenas 3 meses depois de ter entrado para o departamento, atos heroicos como este o levaram de policial de rua a detetive de terceiro grau. Não demorou para ele chegar ao segundo grau e finalmente, um ano depois, ao primeiro, em 1926. Em apenas 3 anos, Broderick conseguiu três promoções que policiais geralmente levavam a carreira inteira para conseguir. O jornal New York Herald Tribune ressaltou que o feito foi resultado de uma “extraordinária sorte, ou influência, ou ambas”.

Seus atos, aos poucos, foram construindo sua fama perante o público e seus amigos policiais, independentemente dos boatos de negociações e contatos fortes nos bastidores. Os jornais passaram a exaltar seus feitos de acabar com criminosos conhecidos. Os ataques aconteciam porque o policial podia fazê-los com os bandidos pegos em flagrante ou não, e isso começou a ser contestado.

A personalidade e os métodos não tão heroicos...

Um dos pontos que mais chamam a atenção sobre a história de Johnny é que ele ficou famoso por derrubar delinquentes batendo em suas cabeças com um jornal enrolado. Questionado nos tribunais sobre deixar os acusados inconscientes, ele se defendia dizendo que tinha apenas desferido um golpe “na brincadeira”, como se não tivesse más intenções. A verdade é que, geralmente, os rolos de jornal escondiam uma barra de ferro.

Times Square, em 1943, época em que o detetive John Broderick patrulhava a área

Algumas passagens conhecidas de John Broderick mostravam como realmente era a sua personalidade. Ao mesmo tempo em que era muito dócil com mulheres e crianças, guiando-os para casa durante a noite e oferecendo seus serviços de guarda-costas sem custo, ele tinha convicções e era muito rígido com relação ao cumprimento de seus princípios.

Um dos pontos mais importantes para ele era o fato de não beber nem fumar. Em certa ocasião em um bar de um amigo, um ator famoso chamado Edward G. Robinson queria conhecer o policial pessoalmente. Robinson havia interpretado o papel de Broderick em um filme de 1936, e quando o amigo, dono do estabelecimento, o avisou do desejo do ator, ele disse que não queria vê-lo e que na verdade deveria ensinar uma lição a ele. A justificativa foi que aquele rapaz que o interpretou estava fumando e bebendo. Assim, como ele poderia mostrar aquela foto para os filhos?”.

O ator Edward G. Robinson

Em outra passagem, o amigo lutador campeão dos pesos-pesados Jack Dempsey alegou que, se tivesse a oportunidade, enfrentaria um combate com o policial, mas nas suas condições. “Eu lutaria com Johnny no ringue e com as regras do esporte, mas, em um beco qualquer, nem por 1 milhão de dólares”, ressaltou. A amizade entre os dois nasceu do gosto de Broderick pelas lutas, e Dempsey frequentemente o chamava para ser seu segurança nas lutas ocorridas no Madison Square Garden, em Nova York.

A derrocada

John Broderick chegou a ser rebaixado de posto durante a sua carreira policial, pois foi revelado um esquema de favorecimento, em que o policial recebia endosso e assistência de alguns dos políticos mais influentes da cidade. Por isso, conseguia livrar a sua imagem em todos os casos de que era acusado. Ele chegou a voltar à função de detetive, mas continuou causando problemas e foi forçado a se aposentar em 1947.

O motivo foi a descoberta de uma viagem feita em novembro de 1946 na qual Johnny acompanhou um ex-presidiário ao Arkansas para encontrar o gângster Jack "Legs" Diamond, sem justificativas plausíveis. A alegação foi que isso fazia parte de sua profissão e que ele frequentemente estava em contato com mafiosos e criminosos para saber o que se passava no submundo do crime em Nova York.

Imagem do Gangster Jack "Legs" Diamond

John Broderick tentou a carreira política, mas sem sucesso, em 1949. Os motivos de sua aposentadoria foram revelados e acabaram com os planos de eleição. Depois disso, ele vendeu os direitos de sua história para uma produtora que iria fazer um filme sobre a sua vida com o título de “O exército de um homem só da Broadway”. O valor foi de US$ 75 mil (US$ 753 mil ou mais de cerca de R$ 3 milhões nos valores atuais), mas o projeto acabou nunca vingando em função de problemas com o orçamento.

Com o dinheiro, Broderick passou um tempo em uma fazenda, criando cães e cavalos, e faleceu aos 70 anos de idade em 1966. Os jornais do país inteiro, então, noticiaram o fato como a morte do “policial mais forte do mundo”.

*Publicado em 25/01/2016

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