3 mil mortes na conta: assassino fiel a Escobar dá declarações

20/09/2016 às 11:104 min de leitura

Há dois anos longe da prisão, Popeye, o temido assassino que trabalhava na equipe de confiança de Pablo Escobar, resolveu quebrar o silêncio.

John Jairo Velasquez Vasquez, 53 anos, admitiu ter assassinado cerca de 300 pessoas e ordenado a morte de mais de 3 mil. Ele foi uma peça fundamental no reinado de horror de Escobar. Mesmo assim, policiais e juízes não foram capazes de encontrar processos pendentes que o deixassem na prisão mais do que 23 anos.

Em entrevista à TV colombiana Caracol, Popeye disse que nunca foi culpado por nenhuma morte, mas apenas mais uma vítima do mais famoso traficante.

Escobar e Popeye

A vida fora da prisão

Depois de ganhar a liberdade, Popeye se escondeu por temer reações das famílias de inúmeras vítimas que fez. Mas agora, ele diz que está finalmente pronto e pretende escrever um livro de memórias para contar tudo que viveu com o Cartel de Medellín.

Sem o envolvimento da DAS, na década de 1980, os assassinatos de muitos políticos, bem como de traficantes de drogas que eram inimigos do Cartel de Medellín, não teriam acontecido

Intitulada “Eu sobrevivi ao Pablo Escobar”, a obra promete revelar a verdade sobre o chefe do tráfico e o Departamento Administrativo de Segurança do país: “Sem o envolvimento da DAS, na década de 1980, os assassinatos de muitos políticos, bem como de traficantes de drogas que eram inimigos do Cartel de Medellín, não teriam acontecido”.

Em suas declarações, ele insiste que todas as pessoas mortas foram vítimas de guerra e, tentando justificar suas ações, afirma que “as circunstâncias fazem o homem”.

Popeye passou mais de duas décadas na prisão

Pablo Escobar e a DAS

Seria impossível contar a vida de Popeye sem falar de Escobar. Ele afirma que o “barão da droga” era muito mais poderoso do que qualquer um possa imaginar e que a sua fortuna o permitiu controlar a agência de inteligência do país, o Departamento Administrativo de Segurança, que foi dissolvido em 2011 e tinha um papel semelhante ao do FBI.

Ao lado de Carlos Castaño, Escobar conseguiu encontrar e matar rivais de outras gangues e políticos que queriam limitar o seu poder. Segundo ele, em 1986, Alberto Romero e Carlos Castaño assumiram o controle da DAS com o dinheiro do Cartel de Medellín.

Para Popeye, suas revelações vão chocar as pessoas que acompanharam os terríveis anos em que Escobar mandava na Colômbia e que acreditaram que o serviço de inteligência do país tentava colocar fim ao reinado dele. O ex-chefe do DAS, Carlos Castaño, além de ser procurado por tráfico de drogas, foi líder de uma organização paramilitar de extrema direita, a AUC.

Escobar e o Cartel de Medellín

Ao subornar Castaño, Popeye conseguiu abrir caminho dentro do Governo colombiano para cometer seus mais ousados homicídios. Ele sequestrou e torturou um futuro presidente e o seu vice, matou um procurador-geral e ainda participou do assassinato de Luis Carlos Galan, também candidato a presidente.

Quando foi preso, em 1992, Popeye há havia tirado a vida de mais de 250 pessoas com as próprias mãos, detonado mais de 250 carros-bomba, além de ter envolvimento direto com o atentado que matou 107 pessoas em um voo da Avianca.

Atentado ao voo da Avianca

Para ele, “se não fosse a DAS, Dr. Galan (candidato) não teria morrido, José Antequera (líder sindical) não teria morrido e as 107 pessoas que estavam no avião não teriam morrido”.

Dinheiro e luxo

Popeye conta que, em seu auge, o Cartel de Medellín fornecia 80% do mercado de cocaína em todo o mundo, gerando, em média, US$ 420 milhões por semana. Era tanto dinheiro que eles gastavam todos os meses quase US$ 2 mil em elásticos para organizar as cédulas.

Na propriedade de Escobar, havia um jardim zoológico privado, incluindo nada menos do que 50 hipopótamos vindos da África. Até mesmo na hora de comer um simples hambúrguer Escobar esbanjava: mandava buscar de helicóptero os seus favoritos.

Casa de Escobar

O primeiro contato com Escobar

Popeye conta que conheceu Pablo quando tinha apenas 18 anos e se lembra de seu primeiro trabalho: matar um motorista de ônibus em Medellín que não havia ajudado a mãe de um amigo quando ela caiu do veículo – e acabou falecendo.

Depois disso, a carnificina envolveu muita gente, desde policiais, jornalistas, políticos e juízes, até inúmeros civis inocentes.

Ele revela que não sentiu nada: “Essa ideia de que uma pessoa não pode dormir apenas por pensar sobre os mortos não se aplica a mim. Não preciso tomar drogas ou comprimidos para me acalmar. As coisas que eu fiz não me tiram o sono”.

Ao ganhar a confiança do chefe, ele passou para outro nível, sendo envolvido no sequestro de Andres Pastrana, um conhecido jornalista colombiano e que entrou para a política, e no assassinato de Carlos Mauro Hoyos, procurador-geral do país.

Atentado no Congresso colombiano em 1989

O dia em que Popeye abandonou Escobar

Em 1991, Escobar se entregou depois de ser investigado pelo assassinato de um candidato presidencial. Em um acordo, ele garantiu não ser extraditado e, de quebra, ainda pôde construir a sua própria prisão, com campo de futebol, hidromassagem e outras regalias.

Popeye continuou fiel a ele, matando em seu nome mesmo quando Pablo estava atrás das grades.

Assim que o Governo ameaçou colocar Escobar em uma prisão mais dura, ele simplesmente saiu pelo portão de trás de sumiu.

Com César Gaviria no poder, o Governo lançou uma cruzada antidroga, causando uma verdadeira guerra que terminou com Escobar morto em um tiroteio três anos depois.

Escobar morto

Mas antes disso, em outubro de 1992, sentindo o cerco se fechando, Popeye decidiu abandonar aquele que considerava um deus e se entregar.

Na prisão, ele cooperou e facilitou o trabalho das autoridades, que conseguiram condenar outros membros do cartel.

Depois de mais de duas décadas atrás das grades, Popeye foi solto em agosto de 2014, escoltado por 200 policiais e acreditando que seria morto a qualquer momento.

Ele se escondeu por dois anos, até que, neste mês, resolveu criar uma página no Facebook para contar a sua versão da história: “eu sou a memória viva de Medellín”.

Sobre a famosa série Narcos, da Netflix, ele diz: “Estas novelas, séries, filmes, são lixo e não dizem a verdade”.

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