A polêmica e as mulheres que inspiraram a criação da Mulher-Maravilha

21/10/2015 às 13:593 min de leitura

O início de 2016 está sendo aguardado ansiosamente pelos fãs da DC Comics, com a estreia de “Batman Vs Superman - A Origem da Justiça”. É nele também que a nova Mulher-Maravilha vai aparecer antes da estreia de seu filme próprio, em 2017.

Para quem é fã da heroína, o livro "The Secret History of Wonder Woman” (A História Secreta da Mulher-Maravilha) conta tudo sobre a criação da personagem.Enquanto ele não chega ao Brasil, você pode conferir um pouco das inspirações e polêmicas envolvidas neste caso.

Livro conta a história sobre a criação da personagem

Quando a mais famosa super-heroína do universo DC Comics foi lançada em 1941, manteve-se em mistério a identidade do verdadeiro responsável pela criação de Diana, a Mulher-Maravilha. Mais tarde, seria revelado que o Dr. William Moulton Marston, um psicólogo com título de PhD da Universidade Harvard, teórico feminista e inventor, seria o “pai” desta guerreira grega. Mas a história de Marton na DC Comics começa um pouco antes disso.

O criador da Mulher-Maravilha

As revistas em quadrinhos surgiram na década de 30, criadas por Maxwell Charles Gaines, fundador da editora All-American Comics. Rapidamente se tornaram uma febre, com vendas mensais ultrapassando a casa das 10 milhões de cópias. O sucesso trouxe também um forte grupo opositor, que julgava as histórias como péssimas influências para as crianças.

Na mesma época, o Dr. William, teve um artigo publicado pela Family Circle. Com o título “Não ria dos Quadrinhos”, William defendia o potencial educacional das histórias. Foi aí que Gaines o chamou para liderar uma consultoria editorial para lidar com seus opositores. 

Maxwell Charles Gaines, criador da editora All-American Comics

Um dos principais pontos usados pela crítica era o de que os quadrinhos possuíam uma alarmante masculinidade. Foi então que William idealizou um novo tipo de super-herói, “que triunfaria não com punhos ou poderes, mas com amor.” Ao ouvir a ideia, sua esposa Elizabeth concluiu: “Mas faça uma mulher.”

O objetivo de William era criar um personagem forte, que afastasse a ideia da inferioridade feminina e inspirasse meninas a terem conquistas em diversas áreas, como no atletismo e nas profissões dominadas por homens.

Em sua vida pessoal, William mantinha um relacionamento poligâmico, possuindo duas mulheres admiráveis para se inspirar na criação da nova super-heroína. Ele era casado com a advogada Elizabeth Holloway, mas, enquanto dava aulas na Universidade Tufts, apaixonou-se por uma aluna chamada Olive Byrne. Ela então mudou-se para a residência do casal, passando a viver os três como uma família.

Elizabeth, a esposa de William

Olive era sobrinha de Margaret Sanger, uma importante feminista da década de 20, responsável pela primeira clínica de planejamento de natalidade nos Estados Unidos. Cada uma das mulheres teve dois filhos com William, o que era um choque para a sociedade da época. Então, eles diziam a todos que Olive era uma cunhada de William que estava viúva. 

Na imagem, Dr. William (direita) realizando testes e Olive (esquerda) tomando notas

O lançamento

Em 1942, era publicada a primeira história da Mulher-Maravilha, uma guerreira amazona da Grécia Antiga que conseguiu se libertar das amarras criadas por homens. Sua vestimenta já era como conhecemos: bustiê vermelho, calcinha azul e suas botas de cano alto.

Foi esse “uniforme” que fez a DC entrar para a lista de “Publicações Desaprovadas para Jovens”, da Organização Nacional para Literatura Decente. Além disso, alguns estudos publicados por Lauretta Bender, do Brooklyn College, e de Josette Frank, da Universidade de Minnesota, trazem pontos em que o roteiro de Marston descreve cenas de bondage – fetiche sexual através da imobilização — cuidadosamente detalhadas em suas histórias.

Mesmo com toda controvérsia causada pela personagem, William não alterou suas histórias. Preocupado com a repercussão, Gaines chamou Dorothy Roubicek, primeira mulher editora da DC Comics, para contornar a situação. Uma guerra estava travada: William não apenas se opôs às mudanças exigidas por Dorothy como causou polêmica ao usar como argumento: “Ela nunca trabalhou na área de psicologia. As mulheres apreciam a submissão, serem amarradas”. 

Mulher-Maravilha vs A família tradicional

Além disso, logo após a Segunda Guerra Mundial, o psiquiatra Fredric Wertham foi ao senado defender sua posição de que os quadrinhos estavam corrompendo as crianças. Seus argumentos eram ainda piores em relação à Mulher-Maravilha. Ao contrário da ideia de que a personagem promovia a igualdade de gêneros, Fredric dizia que, nos quadrinhos, ela não trabalhava, não era uma dona de casa ou cuidava de uma família.

Em contrapartida, a Dra. Lauretta Bender também foi ao Senado defender a personagem e acusar Walt Disney de fazer mal à cultura popular americana, já que as mães são sempre mortas ou enviadas para hospícios em seus filmes.

Primeiros esboços do que seria a personagem

Características e superpoderes

Para Willian, a Mulher-Maravilha era uma “propaganda psicológica para o novo tipo de mulher que deveria governar o mundo”. Curiosamente, muitas de suas características foram tiradas da história e vida de Willian e de suas mulheres.

O principal exemplo é o Laço Mágico, ou Laço da Verdade, que Diana usa para obter informações que as pessoas não dariam facilmente. Com desejo em desvendar segredos, Willian foi o criador do teste de pressão sanguínea sistólica, utilizado para detectar mentiras e que foi essencial para a criação do polígrafo. 

Os braceletes, usados para desviar balas e flechas, fazem referência à sua relação poligâmica com Olive, que, em vez de usar uma aliança, utilizava um par de braceletes.

Já as cordas e correntes, sempre presentes nas histórias, simbolizam a ligação da família de Willian com o movimento feminista e o controle contraceptivo. 

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