'Médicos fantasmas': o lado assustador da cirurgia estética

01/11/2022 às 02:002 min de leitura

Vai fazer uma cirurgia plástica com algum médico famoso? Pois se assegure que é o médico mesmo que estará lá na hora da operação. O escândalo dos "médicos fantasmas" tem assustado os cidadãos da Coreia do Sul, e já há casos conhecidos de pessoas que morreram por conta desta fraude.

A prática, ilegal, consiste na contratação de um cirurgião (geralmente alguém bem conhecido) mas, na hora da cirurgia, quando o paciente já está anestesiado, ele é substituído por outro médico. Muitas vezes, as operações são realizadas por médicos inexperientes, ou até por enfermeiros e dentistas.

O problema na Coreia do Sul

(Fonte: Spiegel)(Fonte: Spiegel)

O problema dos "médicos fantasmas" tem sido compreendido com um sintoma da expansão gigantesca da cirurgia plástica na Coreia do Sul. Trata-se de um setor que movimenta cerca de R$ 60,5 bilhões por ano. Por consequência, algumas clínicas se tornaram "fábricas" de cirurgias, e os cirurgiões mais conhecidos realizam vários procedimentos ao mesmo tempo — o que significa que eles dependem de substitutos. 

Segundo as leis sul-coreanas, os profissionais não licenciados que praticam atos médicos irregulares estão sujeitos a uma pena de até cinco anos de prisão. A questão é que estes são crimes difíceis de provar, pois muitas vezes não há registros destas trocas dos médicos nem câmeras de segurança nas clínicas. 

Quando os casos chegam aos tribunais, dificilmente estes profissionais recebem penas pesadas, o que encoraja as clínicas a continuarem a praticar este procedimento ilícito.

O caso mais famoso de vítima dos médicos fantasmas

(Fonte: CNN)(Fonte: CNN)

O caso que mais causou repercussão até o momento é o do estudante universitário Kwon Dae-hee. Em 2016, ele morreu após realizar um procedimento para afinar o seu queixo. O cirurgião que ele havia contratado estava fazendo várias intervenções ao mesmo tempo, e ele foi operado por um cirurgião fantasma.

As gravações mostraram que a cirurgia de Kwon, que normalmente duraria cerca de duas horas, se estendeu para mais de três, e em certo momento ele foi deixado sozinho, anestesiado e sem supervisão. O estudante teve uma hemorragia, foi encaminhada para um hospital e morreu sete semanas depois.

Os familiares contaram que Kwon era um filho afetuoso, mas muito inseguro sobre sua aparência. Ele costumava editar as suas fotos para fazê-lo parecer que tinha a mandíbula mais pontuda, parecendo com os seus ídolos do K-pop.

Em 8 de setembro de 2016, um médico realizou uma cirurgia em que um osso do rosto de Kwon foi removido. De acordo com a mãe do estudante, o procedimento custou cerca de R$ 32 mil. Depois de alguns minutos, o cirurgião contratado saiu da sala e outro médico entrou para continuar a operação. Era um clínico geral recém formado que não tinha licença para cirurgia plástica.

Mesmo com a morte de Kwon, a clínica continuou aberta e anunciando que funcionava há 14 anos sem qualquer problema com pacientes. Ela só fechou em 2021. Os pais processam agora os responsáveis, mas têm enfrentado problemas com a legislação coreana sobre o caso dos médicos fantasmas, pois as leis são pouco claras e incompletas, protegendo de alguma forma os réus.

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