Seria possível existir um animal tão grande quanto o King Kong?

31/03/2017 às 11:084 min de leitura

Há mais de 80 anos, um gorila grande — grande mesmo —, já fazia sucesso entre o público, esmagando aviões e escalando edifícios nas telonas. E parece que nós gostamos muito de assistir a animais em proporções inimagináveis causando estrago e fazendo com que os humanos pareçam muito mais peças de LEGO. Não por menos, o filme “Kong: a Ilha da Caveira” continua atraindo um grande público para os cinemas, mostrando que a história do King Kong nunca fica antiga.

Eu não chegaria tão perto...

Mas afinal, seria possível existir na Terra uma criatura tão grande a ponto de destruir um helicóptero na palma da mão? O pessoal do Smithsonian foi atrás da resposta e nós contamos para você!

Não queremos arrasar com os seus sonhos de acordar e dar de cara com um animal gigante causando caos na grande cidade, mas precisamos deixar claro desde o início que não existe nenhum primo distante do King Kong por aí. Segundo Jonathan Payne, paleobiologista da Universidade de Stanford, “o King Kong, como mostrado no filme, provavelmente, não é um organismo fisicamente viável”. Payne, que estuda como o tamanho dos animais evoluiu ao longo da História, explica as principais razões: gravidade e biomecânica.

Socorro!

Se nós quiséssemos aumentar muito o tamanho de um animal, precisaríamos seguir uma das regras da matemática que diz que a massa precisa aumentar de forma cúbica. No entanto, com essa proporção de aumento, a largura do corpo — ossos e músculos — aumentaria em apenas duas vezes.

Mas Payne lembra que, “à medida que você aumenta de tamanho, precisa também ter mais massa corporal para que os ossos sustentem toda a estrutura”. Por isso, pegar um gorila que tem, em média, 350 kg e simplesmente aumentá-lo em 20 vezes seria fisicamente impossível: o seu esqueleto e os seus músculos não aguentariam toda a sua massa.

Sai Hollywood, entra a física

A explicação fica mais simples considerando os cálculos do professor Fernando Lang da Silveira, do Centro de Referência para o Ensino da Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele afirma que a massa e o peso de um animal são proporcionais ao volume corporal; assim, a resistência mecânica da estrutura que sustentaria o corpo (os ossos e os músculos) são também proporcionais à área da seção transversal dessa estrutura. O volume é proporcional ao produto de três dimensões, enquanto a área é proporcional ao produto de apenas duas dimensões.

Eles são assustadores longe das telonas também

Assim, se pudéssemos transformar um gorila em King Kong, precisaríamos multiplicar por um determinado fator todas as suas dimensões corporais. Considerando que esse fator fosse igual a 10, o volume cresceria por 10 na sua terceira potência, totalizando 1000, enquanto a resistência da estrutura cresceria a 10 na sua segunda potência, apenas 100. Consequentemente, o seu peso aumentaria mais rapidamente com as dimensões corporais do que a resistência da estrutura de sustentação.

Completando a explicação, Felisa Smith, paleontologista da Universidade do Novo México, afirma que animais maiores precisam de membros proporcionalmente grandes e espessos para se sustentarem, o que tornaria improvável a existência de uma criatura terrestre com mais de 100 toneladas. Para ela, o pobre King Kong não conseguiria, de forma alguma, atacar pessoas ou alcançar rapidamente helicópteros.

Um dos grandalhões da vida real

Sendo assim, não fica difícil imaginar o motivo pelo qual os maiores animais terrestres, como os elefantes, estão bem distantes do tamanho do protagonista do filme. Os elefantes africanos, por exemplo, podem chegar “apenas” a 3 metros de altura e pesar até 7,5 toneladas.

E os dinossauros?

Mas vamos voltar “um pouco” na História: e os dinossauros? Bem, algumas espécies desses animais, como o titanossauro, por exemplo, pesavam cerca de 80 toneladas, o que os deixa 10 vezes maiores que os nossos elefantes, mas, ainda assim, bem distantes do King Kong.

Os titanossauros eram imensos

A razão está ligada ao fato de que os dinossauros, como você sabe, eram répteis, e, atualmente, vivemos em uma época dominada por mamíferos. Só para você compreender melhor: para manter a temperatura corporal, os mamíferos de sangue quente gastam cerca de 10 vezes mais energia do que os répteis de sangue frio. Considerando essa característica metabólica, faz total sentido o tamanho máximo dos mamíferos que encontramos por aí.

Mas vamos deixar os animais terrestres de lado por um instante: e a baleia-azul? Bom, na água a história é diferente! Mesmo que esse animal pese mais de 200 toneladas, a água ajuda a sustentar o seu corpo, tirando boa parte da tensão dos seus músculos e do seu esqueleto. Acredita-se até mesmo que as baleias-azuis poderiam ser ainda maiores do que nós conhecemos, mas o seu período de gestação, de 11 meses, limita o tamanho.

Curiosidade rápida

Em um planeta como Marte, por exemplo, cuja gravidade é menor do que a da Terra, as criaturas terrestres poderiam ser muito maiores!

King Kong marciano?

Mas, voltando ao assunto anterior, há outro fator determinante que limita o tamanho de um animal: a sua alimentação. Imagine o cenário do filme... a Ilha da Caveira é incrível e exuberante, porém não teria alimento suficiente para manter um gorila de 158 toneladas!

As próprias baleias-azuis nadam por milhares de milhas para encontrar o que comer. Os elefantes africanos são capazes de percorrer mais de 120 km em um dia em busca de vegetação. Por isso, é comum que a quantidade de animais grandes diminua em ilhas, justamente para compensar o fato de haver pouco alimento em potencial no local.

Já pensou dar de cara com uma fera dessas?

Para Smith, a explicação é clara: “precisam existir vantagens evolutivas para que os animais sejam maiores”. Assim, fazer parte de uma família de gorilas gigantes em uma pequena ilha não apresentaria muitos benefícios. Claro, animais pequenos são facilmente escolhidos por grandes predadores, o que fez com que a seleção natural conduzisse algumas espécies a maiores proporções. Mas não podemos nos esquecer de que animais grandes tendem a se mover bem mais lentamente que os menores.

Chegando ao fim desta matéria, só podemos dizer que, atualmente, você só poderá ver animais gigantes nas superproduções de Hollywood — ou na Austrália, como nós já mostramos aqui no Mega. Porém, dá para ficar com uma pontinha de esperança, já que Payne diz que não descarta completamente a possibilidade: “Eu não gosto de dizer ‘nunca’ para essas coisas. Toda vez que você pensa que algo não é possível, muitas vezes, pode descobrir o contrário. A vida nos surpreende de todas as maneiras”.

O que você acha sobre o assunto? Deixe a sua opinião nos comentários e não se esqueça de conferir nossas outras matérias sobre a vida na Terra!

*Texto redigido por Camila Galvão via N-Experts.

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