Por que os norte-americanos são obcecados por banheiros?

11/08/2022 às 06:302 min de leitura

Conforme dados de uma pesquisa elaborada pelo Statista, desde a década de 1960, o número de domicílios nos Estados Unidos mais que dobrou, indo de 53 milhões para cerca de 129 milhões em 2021.

A maioria dessas casas, cerca de 34%, são ocupadas apenas por duas pessoas, mostrando que os domicílios familiares com filhos próprios diminuíram desde 1970, indo de 56% para 40% em 2020. Apesar disso, como declarou Bruna Pani, da We Buy Any House, em matéria ao The Independent, no último meio século, estudos mostraram que o número de banheiros por domicílios dobrou, com os americanos construindo casas cada vez maiores devido às condições de terreno.

Mas por que os norte-americanos são tão obcecados por banheiros?

Um motivo histórico

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Nos últimos 10 anos, o número de casas com dez ou mais banheiros também dobrou nos EUA, e para Pani, tudo é uma questão de tamanho combinado com status. E essa relação de amor com banheiros privativos tem tudo a ver com isso, visto que é o resultado do benefício do privilégio de ter mais terra para construir coisas – muito diferente do que acontece na Inglaterra, por exemplo.

Historicamente, uma combinação de fatores culminou no excesso de banheiros em uma casa, desde a ideia errônea de que doenças se originavam do gás do esgoto – da época em que banheiros eram integrados ao quarto –, até a expansão dos subúrbios que criou a demanda por amenidades, como banheiros a mais.

Antes de 1970, o Censo dos EUA indicou haver 37,4 milhões de residências pelo país, das quais 11,5 milhões não tinham água encanada; 13 milhões não tinham vasos sanitários; e 16 milhões delas não tinham banheira ou chuveiro. E mais chocante ainda, mais de 40% (16 milhões) de casas ainda usavam uma bomba manual para conseguir água.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Por mais de três décadas após a Segunda Guerra Mundial, a típica casa norte-americana possuía 3 quartos e 1 banheiro, provavelmente porque faziam parte da era em que o encanamento interno era considerado um luxo que poucos poderiam bancar.

A pesquisa da National Association of Home Builders mostrou que 53% de todas as novas casas construídas nos EUA no ano passado tinham dois ou mais banheiros, em comparação com apenas 15% em 1971. 

Para os compradores da nova geração, uma casa boa é medida pela quantidade mínima de banheiros, no caso, dois.

Crescendo com privilégio e o individualismo

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Ou seja, mais banheiros vendem casas, e isso Nadine Ferrata, corretora de imóveis, reforçou em sua entrevista ao The Atlantic, até porque uma pessoa passa em média 30 minutos no banheiro diariamente, somando mais de 182 horas por ano, e sendo que muitos passa bem mais do que a média, como indicou a Pesquisa de Hábitos de Banho da MaP.

De acordo com Bella DePaulo, especialista em pessoas solteiras e afiliada acadêmica em Ciências Psicológicas e do Cérebro pela UCSB, ela descobriu durante longas pesquisas para seu livro – How We Live Now –, que quase todo mundo quer desesperadamente por um pouco de privacidade em suas vidas. 

No caso dessa nova geração, essa necessidade pode ter a ver com o privilégio que tiveram quando menores de terem crescido com um quarto com suíte, desfrutando de uma privacidade que moldou a maneira como cresceram. DePaulo enfatiza que quando as pessoas se acostumam com esses privilégios, é difícil desistir deles quando adultos. 

No entanto, também é importante ressaltar que a obsessão por banheiros e de ter o próprio espaço, pode estar atrelada ao individualismo, que aumentou cerca de 12% em todo o mundo desde a década de 1960, como pesquisadores relataram na revista Psychological Science, como consequência do aumento do desenvolvimento socioeconômico e urbanização.

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