Pintura roubada por nazistas será devolvida aos descendentes de seu dono

20/03/2019 às 04:002 min de leitura

Uma obra do francês Paul Signac, considerado um dos principais expoentes da técnica de pontilhismo, ressurgiu em uma coleção de arte investigada há alguns anos na Alemanha. A suspeita das autoridades é de que muitas das peças que compõem o acervo foram roubadas de famílias judias pelos soldados nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O criador da coleção, Hildebrand Gurlitt, ajudou os nazistas a venderem algumas obras que eram consideradas “degeneradas” e a comprarem outras para os museus projetados por Adolf Hitler. Ele foi considerado inocente nos julgamentos que enfrentou após o fim da Guerra e continuou a trabalhar no ramo das artes até a sua morte, em 1956.

O filho de Gurlitt, Cornelius, cuidou da coleção de arte criada pelo pai até morrer, em 2014, quando as autoridades alemãs passaram a se debruçar com muito mais interesse sobre o acervo. Inclusive, novas diretrizes foram criadas para lidar com os bens que foram roubados pelos nazistas no decorrer da Guerra.

No entanto, provar que uma obra foi furtada não é nada fácil para os pesquisadores. Das 1,5 mil peças que compõem a coleção dos Gurlitt, apenas 7 foram confiscadas pelos nazistas e identificadas, entre elas a de Signac. As demais pinturas foram assinadas por artistas franceses como Camille Pissarro, Henri Matisse e Thomas Couture.

Justiça histórica

“Entramos em contato com os descendentes do dono e estamos confiantes de que a obra será restituída”, disse Monika Grütters, comissária alemã para cultura e mídia, no comunicado que anunciou a identificação. “Não devemos desistir de investigar o roubo de artes pelos nazistas, pelo qual a Alemanha é responsável. Cada obra devolvida é um passo importante na busca por justiça histórica.”. 

O dono original da pintura foi o corretor imobiliário francês Gaston Prosper Lévy. Enquanto vivia na França, ele montou uma coleção de pinturas impressionistas de artistas do país e comprou a de Signac por volta de 1927. Quando fugiu para a Tunísia com a sua esposa, em 1940, Lévy mandou boa parte do acervo para uma residência que tinha no sul de Paris.

Relatos de testemunhas dão conta de que a casa foi invadida poucos meses depois e as obras foram apreendidas por soldados nazistas. Daí em diante, o caminho delas é pouco conhecido. O que os especialistas sabem até o momento é que a pintura de Signac entrou no mercado de arte francês e foi comprada por Gurlitt em algum momento entre 1943 e 1947.

A pintura de Signac data do ano 1887 e retrata um cais sob um tempo cinzento. Além da técnica de pontilhismo, a obra traz outros dois aspectos que aparecem em artes do pintor: a região de Clichy, que fica em Paris, e as representações de elementos náuticos, com ênfase em portos, navios e, é claro, no mar.

Imagem

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: