Plano Dulles: Rússia ainda acredita em suposta estratégia da CIA

15/01/2021 às 03:002 min de leitura

A Agência Central de Inteligência (CIA) foi fundada em 1947 nos Estados Unidos, e nomeou no ano seguinte Allen Dulles como o presidente de um comitê de três homens que eram os responsáveis por supervisionar o sistema de inteligência dos Estados Unidos, bem no início da Guerra Fria.

 O homem esteve por detrás de vários projetos, como o programa de aeronaves Lockheed U-2, o golpe de estado de 1954 da Guatemala, o infame Projeto MK-Ultra, a operação Midnight Climax e a desastrosa invasão da Baía dos Porcos, que fez John F. Kennedy destituí-lo do cargo. Ironicamente, ele acabou se tornando membro da Comissão Warren, responsável por investigar o assassinato de Kennedy.

Até hoje, o nome de Dulles ainda é amplamente falado. O motivo? Os russos acreditam que o homem criou o “Plano Dulles”, uma tática dos Estados Unidos para invadir e destruir a então União Soviética.

A falsa doutrina

(Fonte: Alchetron/Reprodução)
(Fonte: Alchetron/Reprodução)

O “Plano Dulles” ou “Doutrina Dulles” seria um documento desenvolvido em 1940 pelo então chefe da CIA com a intenção de destruir a União Soviética durante a Guerra Fria através do princípio da inversão dos valores, incluindo a destituição da herança cultural da nação. A ideia do texto, que é uma grande teoria da conspiração, seria pregar o culto ao sexo, à violência, ao sadismo e à traição para que fosse criado um país corrompido, onde a burocracia seria elevada a um patamar de virtude. Os soviéticos seriam conduzidos a uma torpeza moral com insolência, mentiras, enganos, vício em drogas, medo de tudo e de todas as coisas, nacionalismo extremo e conflito entre grupos étnicos. Era quase como se o plano quisesse transformar a União Soviética em um experimento social real. O grafismo da ideia expressou o que ela realmente aparenta ser: risível.

No entanto, o plano surgiu logo no início da década de 1990, um pouco depois de a União Soviética ser dissolvida, e o professor Aleksandr Pachenko, da Academia Russa de Ciências e pesquisador principal do Instituto de Literatura Russa, explicou que as pessoas tendem a acreditar tanto em teorias da conspiração como o Plano Dulles porque aprenderam com a era soviética que as informações oficiais não são confiáveis e as autoridades nunca dizem a verdade. 

Os atuais líderes políticos russos ainda são convictos de que o documento existe, por isso abrem debates calorosos sobre o assunto. Inclusive, já ficou claro que as teorias da conspiração possuem uma grande influência política. 

(Fonte: Zip Poll USA/Reprodução)
(Fonte: Zip Poll USA/Reprodução)

Em anos de estudos, o próprio professor Pachenko não consegue explicar se os políticos sabem ou não que o Plano Dulles é uma peça de propaganda e uma piada muito mal elaborada, ou se insistem na ideia para praticar politicagem e manter o povo russo em oposição aos Estados Unidos, principalmente se algum ataque ao governo acontecer.

No final das contas, o texto foi formulado a partir do romance “Chamada Eterna” (The Eternal Call), escrito pelo russo Anatoly Ivanov, onde um plano idêntico é proclamado por um dos vilões da história que é considerado um “inimigo trotkista”. Enquanto isso, o nome “Plano Dulles” provavelmente foi cunhado de um dos trechos do documento do Conselho Nacional de Segurança (NSC), onde constava os objetivos de conduta básica dos Estados Unidos para com a União Soviética. Ainda assim, em nada mencionava sobre a CIA ou Allen Dulles, ao contrário do que aponta o documento que os teoristas apresentam.

Segundo Pachenko, esse tipo de invenção mantém o pensamento da sociedade em união e tem muita influência quando mencionado por líderes políticos, e isso não é considerado nada bom.

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