O que é o tribalismo masculino?

27/11/2021 às 08:002 min de leitura

Quando a sede do Congresso dos Estados Unidos foi invadida no início de 2021, um grupo de homens autointitulados como parte do "Tribalismo Masculino" ou "Masculinismo" comandou a ação. De maneira geral, trata-se de uma seita violenta representada por integrantes usando chifres e pelos de bisão na cabeça, normalmente com o rosto pintado com as cores da bandeira norte-americana.

O grupo tem como inspiração os vikings, mas justifica seus objetivos violentos e radicais como "ações pelos EUA". Além disso, prega o ódio contra mulheres, pessoas LGBTQI+ e negros: os participantes do movimento defendem que direitos iguais não devem existir na sociedade e que as mulheres são apenas objetos para reprodução.

Origem e ascensão

(Fonte: Win McNamee/Getty Images)(Fonte: Win McNamee/Getty Images)

Apesar das imagens chocantes divulgadas pela imprensa no início do ano, o tribalismo masculino está longe de ser um movimento novo na sociedade. Na realidade, os primeiros relatos mostram que o grupo passou a crescer a partir dos anos 2000 por meio de debates, fóruns anônimos na internet e pela deep web.

Entretanto, a verdadeira expansão e notoriedade veio em 2016, quando Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. Com um governo marcado por um forte aceno às políticas de extrema direita, diversos movimentos passaram a ter mais força e a se revelar.

Alguns exemplos claros disso estão na escalada do negacionismo científico e das teorias da conspiração. Os apoiadores desse tipo de "causa" acabaram ficando conhecidos pelos termos alt-right (direita alternativa) e  QAnon — referência aos fóruns anônimos.

Ideais absurdos

(Fonte: Saul Loeb/AFP)(Fonte: Saul Loeb/AFP)

A invasão à sede do Congresso dos EUA no dia 6 de janeiro foi um cartão de visita para que as pessoas entendessem o radicalismo do grupo. Na visão dos tribalistas masculinos, o grupo foi criado com base nos princípios passados por gerações de vikings, espartanos, romanos e indígenas norte-americanos.

Em suas manifestações, os participantes alegam que a virilidade masculina foi perdida ao longo do tempo e precisa ser recuperada. Entre as pautas defendidas, o grupo acredita que os homens deveriam exibir sua masculinidade através da caça, da guerra e da religião — apesar de alguns membros serem mais ligados à fé do que outros.

Um dos principais perigos que o tribalismo masculino oferece para a sociedade é a violência contra as mulheres ou feminicídio: os masculinistas creem que nenhuma mulher tem papel importante para a sociedade e, portanto, deveriam ser mantidas presas, estupradas e caçadas.

Disseminação da violência

(Fonte: Getty Images/BBC)(Fonte: Getty Images/BBC)

Apesar dos acontecimentos, é difícil ter uma métrica sobre o tamanho do tribalismo masculino na sociedade nos dias de hoje. Alguns dos grupos mais famosos sobre o tema no Facebook tinham mais de 200 mil membros participando ativamente, até que a plataforma decidiu banir e excluir discussões desse tipo em 2020.

Em setembro desse mesmo ano, uma pesquisa feita nos EUA demonstrou que no mínimo 50% dos norte-americanos já tinham pelo menos "ouvido falar" no QAnon. Na visão de alguns especialistas, os fortes atos praticados pelo grupo recentemente dão indícios de que o tribalismo masculino não pode mais ser levado como brincadeira, e ações precisam ser tomadas para coibir esse tipo de manifestação.

Em reportagem publicada pela BBC, as professoras Lola, da Universidade Federal de Fortaleza, e Debora Diniz, da Universidade de Brasília, relataram terem sido vítimas de grupos radicais identificados como masculinistas brasileiros, sendo alguns participantes investigados pela polícia. De acordo com elas, esse tipo de violência passou a ter mais espaço na sociedade brasileira após 2018.

Assim como Trump, políticas da extrema direita teriam dado espaço de fala para que grupos radicais e violentos pudessem se manifestar livremente.

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