Como uma vila inglesa se sacrificou para evitar a Peste Bubônica?

04/12/2021 às 11:002 min de leitura

Assim como outras cidades ao seu redor, a vila de Eyam, na Inglaterra, esteve vulnerável quando a peste bubônica chegou a Londres em 1655. A doença, que posteriormente ficaria conhecida como Peste Negra, desolou a Europa no século XVII e chegou a matar milhões de pessoas.

Ao contrário do que acontecia no restante do país, entretanto, Eyam — um assentamento agrícola de 800 pessoas — decidiu tomar ações para impedir os avanços da doença durante os 14 meses em que ela atingiu a região, tornando-se historicamente uma comunidade importante na luta contra as doenças transmissíveis por centenas de anos.

A chegada da peste em Eyam

(Fonte: Eyam Museum)(Fonte: Eyam Museum)

Desde que chegou na Europa no século XIV, a peste bubônica se mostrou altamente transmissível e sempre fatal. Assim como outras pandemias, disseminou-se principalmente através das rotas comerciais. Três séculos depois, não havia qualquer indício de que as pessoas faziam ideia sobre o que estava causando a praga.

Algumas teorias incluíam punição divina ou poluição do ar. Por conta disso, muitos acreditavam que a cura para a Peste estava nas preces e arrependimento dos pecados, ou simplesmente na diminuição do lixo das cidades. Porém, a peste bubônica se espalhava principalmente por meio de uma bactéria espalhada por pulgas.

E foi assim que a doença chegou em Eyam: por meio de um pano contaminado. No dia 7 de setembro de 1665, o primeiro contaminado apareceu na vila. Em questão de dias, ele e seus familiares estavam mortos. A situação continuou se agravando até o fim daquele ano, quando o novo vigário da região, William Mompesson, decidiu tomar providências.

Vencendo a praga

(Fonte: Museums Sheffield)(Fonte: Museums Sheffield)

Na primavera de 1666, Mompesson convenceu os habitantes do vilarejo a criarem um cordão sanitário, ou zona de quarentena, para que ninguém saísse dos limites estabelecidos. Sinais nas fronteiras alertavam visitantes para se manterem afastados da região. Essa era uma medida inspirada nas práticas para tratar leprosos nos tempos bíblicos e no início da pandemia na Itália durante o século XV.

Essa prática foi essencial para que a praga não continuasse se expandindo pela Inglaterra. Como Eyam não era uma vila autossuficiente, eles estabeleceram uma área de troca com as cidades vizinhas. Na fronteira entre Eyam e Stoney Middleton existiam uma pedra com seis buracos preenchidos com vinagre, onde as moedas de troca seriam depositadas e, teoricamente, desinfetadas.

Além disso, eventos públicos eram feitos a céu aberto para diminuir as taxas de transmissão entre pessoas. Corpos eram enterrados às pressas para evitar aglomerações e disseminação da praga. Embora famílias inteiras tenham se tornado vítimas da Peste, a epidemia parecia controlada.

Aprendizados com Eyam

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Ao total, 260 pessoas morreram por conta da peste bubônica em Eyam — mais de 25% da população da vila. A última morte registrada aconteceu em 1º de novembro de 1666, pouco mais de um ano depois que o primeiro caso foi confirmado na região. No fim da pandemia, o vigário Mompesson encorajou o restante dos habitantes a queimar suas roupas, móveis e roupas de cama, além de dedetizar suas casas para acabar com qualquer resquício da ameaça.

Embora Eyam tenha pagado um preço muito caro para impedir a disseminação da praga, o sacrifício feito pelo vilarejo provavelmente salvou milhares de vidas ao redor da Inglaterra. Segundo o relatório publicado pelo The Washington Post, a Peste Negra não ultrapassou as fronteiras estabelecidas pelos habitantes.

Por fim, a metodologia adotada por Mompesson tornou-se fruto de novos estudos científicos, que posteriormente serviram para guiar o manejo de outras epidemias, como poliomielite, ebola e covid-19. 

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