Feitiço do Tempo: erros e acertos mostrados por uma comédia inteligente

18/05/2012 às 07:252 min de leitura

Uma premissa bastante simples se transforma em um filme extraordinário com um roteiro bem escrito, atuações bem dirigidas e uma edição de dar inveja. Um deles certamente é “Feitiço do Tempo” (no original, “Groundhog Day”), de 1993.

A sinopse é a seguinte: “um homem que apresenta a previsão do tempo acaba preso em uma cidade, vivendo o mesmo dia a cada nova manhã”. Simples, não é? Adicione a isso Bill Murray, o ator principal, conhecido por seus trabalhos de comédia, para que o filme passe a impressão de ser mais uma história rasa, feita apenas para divertir.

Fonte da imagem: Divulgação/Columbia Pictures

Entretanto, este filme é mais do que isso. Sim, ele tira boas risadas do espectador, mas usa a inteligência para fazê-lo. Além de divertir, a narrativa é capaz de mostrar que as relações são muito mais complicadas do que aparentam.

Em certa parte do filme, Phil (o personagem de Murray) descobre que um sem-teto da cidade morreu sem ajuda. Portanto, ele passa vários dos dias que se repetem tentando ajudar o velho e, mesmo que tome qualquer ação para que o destino trágico não ocorra, descobre que nada adianta.

Em um primeiro momento, o personagem fica perdido e completamente fora de controle, fazendo aquilo que bem entende. Conforme ele amadurece em relação àquele dia, começa a conhecer as pessoas, descobrindo exatamente o que se passa no local.

Da mesma forma, a relação romântica também amadurece durante a estadia de Phil. Se no começo ele se utiliza de clichês e de conhecimento superficial sobre Rita (interpretada por Andie MacDowell) para conquistá-la, com o passar do tempo o protagonista descobre que isso não é o suficiente para ganhar o amor real daquela mulher.

Assim que o personagem começa a focar seu interesse em não apenas ajudar os outros, mas a melhorar como ser humano e como cidadão, a situação começa a mudar, trazendo admiração e respeito por parte de toda aquela cidade (e de Rita, claro).

Em termos técnicos, o filme é sublime, especialmente em relação à montagem e edição. As cenas que se repetem são perfeitamente arquitetadas e ensaiadas, algo que certamente vale a pena conhecer (e rever).

O mais interessante de “Feitiço do Tempo”, no entanto, é a falta de uma “voz da consciência” para explicar ao protagonista o que está acontecendo. Diferente do que vemos em “Um Homem de Família”, por exemplo, não temos uma entidade capaz de dizer o motivo pelo qual Phil está preso naquela situação, nem mesmo o que ele deve fazer para sair dela.

Em vez de contar para o público exatamente o que o personagem aprendeu, “Feitiço do Tempo” apresenta a história de uma maneira a não subestimar quem está assistindo, para que este recupere por si mesmo os ensinamentos e a filosofia de vida ali descritas.

Phil aprende com seus erros e acertos, já que precisa ficar ali durante boa parte de sua vida. Entretanto, nós não temos a mesma “vantagem”, ou seja, precisamos aprender conforme os dias passam, um diferente do outro. O tempo não pausa em um dia específico, portanto, não devemos desperdiçar energia nos mesmos "becos sem saída".

Da mesma forma, é preciso reconhecer em cada situação um aprendizado diferente, adaptando nosso conhecimento ao inesperado. Afinal, não dá para cometer os mesmos erros e esperar um resultado diferente, não é mesmo?

Não se sabem exatamente quantos dias Phil passou revivendo o mesmo dia, mas pelo que vemos no filme, são alguns anos até que o final da trama aconteça. Porém, o importante mesmo é que o filme nos traz boas horas de entretenimento inteligente, feito para quem adora romance, comédia e drama.

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