Avenida Brasil: um país unido pelas novelas

18/10/2012 às 21:232 min de leitura

Hoje eu tenho um compromisso imperdível às 21 horas: vou assistir ao capítulo final de Avenida Brasil, a novela do “Oi, oi, oi!”. Quero saber quem matou o Max, qual será o destino da Carminha e se a Nina e o Jorginho vão viver felizes para sempre. E sei que tenho muita companhia para esse compromisso, afinal a novela teve uma média de 38,5 pontos de audiência.

Mesmo sem ter esse número, basta dar uma olhada ao seu redor para perceber o sucesso da novela: as pessoas comentam na fila do mercado, na espera do salão, no intervalo do trabalho, no Twitter, no Facebook e onde mais for possível interagir com alguém. Esse gosto pelas novelas parece ser uma característica de boa parte dos brasileiros – tanto é que elas se transformaram um produto de exportação.

Tufão e Carminha (Fonte: Avenida Brasil/Divulgação)

Sempre a mesma história

Li na Superinteressante: “Essas histórias fazem tanto sucesso porque, apesar de mudarem conforme o gênero, o autor e a época, tratam de questões milenares como encontro, separação, traição, segredo, mistério e disputas”, afirma Maria Lourdes Motter, professora do Núcleo de Pesquisa em Telenovela da USP. “A diferença é o enorme avanço tecnológico.”

Para mim, isso faz um sentido enorme: por mais que digam que a história é sempre a mesma, os dilemas da humanidade também são sempre os mesmos. Não há quem não tenha sofrido com desencontros amorosos ou tido que lidar com um grande segredo. E é muito tranquilizador ver esses dilemas sendo resolvidos, mesmo que seja na ficção.

Adauto e Muricy (Fonte: Avenida Brasil/Divulgação)

Alienação?

Muitas das críticas a respeito das novelas dizem respeito ao “poder de alienação” que elas teriam, mas eu discordo disso. Em Avenida Brasil, por exemplo, Tufão, que é ex-jogador de futebol, passou a novela toda com livros nas mãos. Ágata, uma menina em idade escolar, sempre aparecia fazendo lição de casa, estudando para as provas e – o que eu acho mais fantástico – ensinando Adauto, um gari analfabeto, a ler.

Além disso, Ágata é uma criança obesa, e a novela mostra sua mãe, Carminha, mais atrapalhando do que ajudando a filha a cuidar da saúde, muitas vezes debochando da menina por ela ser gorda. Por ser a vilã da novela, o comportamento de Carminha passa uma imagem negativa e não se torna necessário dizer com todas as letras que “não é assim que se trata uma criança acima do peso”.

Ágata e Carminha (Fonte: Avenida Brasil/Divulgação)

Até mesmo José de Abreu (o intérprete do Nilo), que é conhecidamente politizado, declarou numa entrevista: “Bicho, o nível de literatura, direção, cinematografia, interpretação etc., etc., etc. de uma ‘Avenida Brasil’, que é transmitida de graça para o povão! (...) Em termos de entretenimento, novelas como ‘Cordel encantado’, ‘Avenida Brasil’ e outras tantas são do mais alto nível, que é muito raro você ver numa TV aberta, em qualquer lugar do mundo. A novela está sendo comentada por colunistas de todas as áreas, de futebol a política.”

Alívio, pelo menos na ficção

Talvez, meu motivo maior para gostar de novelas seja porque, ao chegar em casa depois de ter passado o dia na faculdade, no trabalho e no flamenco, eu gostaria de ter um momento de descanso, durante o qual eu não precise responder nada nem atender ninguém. É o tal “me deixa ser burra” de que já falei em outro post (não acho que as novelas sejam um tipo de passatempo inferior; acho que cada momento pede uma atividade diferente).

Jorginho e Nina (Fonte: Avenida Brasil/Divulgação)

O que eu quero dizer é que é reconfortante saber que, pelo menos na ficção, todos os problemas se resolvem no final. Não importa o quanto a mocinha sofra e o quanto é preciso lutar, pois tudo dará certo até o último capítulo. Um pouco de esperança, enfim.

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