Vá de bicicleta para emagrecer e poupar o ambiente

07/12/2012 às 13:008 min de leitura

Crédito: Thinkstock

Se você perde horas no trânsito todos os dias, leva uma vida sedentária por falta de tempo para a prática de exercícios e gostaria de perder uns quilinhos, o segredo para uma vida mais saudável e menos estressante pode estar no meio de transporte. Você trocaria o carro pela bicicleta para beneficiar o corpo e ainda dar uma forcinha para o planeta?

Para algumas pessoas, essa troca parece sem sentido. Afinal, o carro ou mesmo o transporte coletivo é sinônimo de conforto, certo? Mas para muitos daqueles que precisam enfrentar o trânsito todos os dias nas grandes cidades, essa afirmação já não faz tanto sentido. E a promessa de poder emagrecer e melhorar o condicionamento físico enquanto poupa alguns minutos para ir ao trabalho está fazendo com que muitos motoristas troquem seus automóveis pela bicicleta.

Marcela de preparando para pedalar. Crédito: Marcela AbreuEsse foi o caso da designer Marcela Abreu, que faz parte do grupo Pedal de Salto Alto, de Belo Horizonte. “Comecei a pedalar há mais ou menos três anos e comprei a bike já com a intenção de usá-la como meio de transporte rápido para ir ao trabalho e à faculdade”, conta ela. Como não morava muito longe de seus destinos, com a bicicleta ela conseguia chegar aos lugares em apenas 10 minutos.

Além disso, o fato de o caminho ser formado por descidas facilitava a não chegar suada no trabalho ou na sala de aula. “Encarar os morros na volta pra casa era mais suado, literalmente, mas meu condicionamento físico melhorou muito e eu já nem sentia mais o cansaço”, lembra a ciclista.

E essa é realmente uma das vantagens da modalidade. Como explica a professora de spinning da academia curitibana Mobi Dick, Íris Duarte Sola, as pedaladas frequentes melhoram a capacidade cardiovascular e ainda fortalecem e tonificam os músculos dos membros inferiores.

Do ponto de vista do emagrecimento, aderir à bicicleta no dia a dia também pode ser bem vantajoso. Segundo Íris, pedalar em um trajeto de meia hora em um terreno variado (que mescla subidas, descidas e planos) pode eliminar até 300 calorias.

A designer Marcela sentiu esses benefícios na prática. “Eu senti que o meu condicionamento físico melhorou muito. Gosto de acordar cedinho, pegar a bicicleta e subir para a Praça do Papa, um ponto alto que dá para ver toda a cidade. Assim tenho mais disposição para começar o dia”, conta ela.

A princípio, a ciclista optou pela bike para economizar com o ônibus, se deslocar mais rápido e também praticar uma atividade física. Mas, em pouco tempo de prática, os benefícios das pedaladas fizeram com que ela conhecesse um grupo de Mountain Bike de Belo Horizonte, onde também fez amigos e aprimorou a prática da modalidade. “Os passeios com o grupo eram frequentes e uma válvula de escape para um dia cheio de trabalho. Eu participei também de campeonatos, conheci lugares lindos que só a bicicleta poderia me levar, mas, principalmente, por meio da ‘magrela’ ganhei amigos pra vida toda”, relata ela.

Para pedalar no dia a dia, Marcela usa capacete, luvas e sinalização noturna. Além disso, mantém sempre uma garrafinha de água por perto para se hidratar. Para ir ao trabalho, ela também teve que adaptar o modo de se vestir. Ela costuma sair de casa com uma roupa mais confortável e na mochila leva uma roupa a mais para vestir na empresa. “Uso uma roupa mais confortável, como legging e camiseta, para um pedal mais tranquilo e, se o trajeto for mais longo, o ideal é usar bermuda ou calça para ciclismo com almofadinha”, indica a designer.

Estilo para pedalar do grupo Pedal de Salto Alto. Crédito: Marcela Abreu

Pedalando com estilo

Quem não gosta de pedalar por achar que as roupas esportivas são indispensáveis vai precisar achar outro motivo. Em Curitiba, o grupo Cycle Chic prova que é possível usar a bicicleta com os looks da moda, esbanjando estilo. A ideia está associada a um modelo de ciclismo como meio de transporte que é praticado em cidades como Amsterdã, Paris, Berlim, Copenhagen, entre outros. Nelas, o uso das bikes é grande e muitos ciclistas optam por vestir roupas mais estilosas em oposição ao uso de apenas acessórios e roupas para esporte.

A fotógrafa Michele Micheletto é uma das ciclistas que aprova o conceito e faz parte do grupo Curitiba Cycle Chic. Ela conta que sempre quis andar de bike, mas não pôde aprender quando era criança por morar no centro da cidade, onde não havia espaço para praticar.

Assim, há dois anos ela encarou o desafio de começar a pedalar e, quando conseguiu, ficou maravilhada com a sensação de bem-estar que a modalidade proporciona. Para ela, sentir o vento e a adrenalina é um atrativo para apostar no veículo, além da interação que acontece com os outros ciclistas durante o passeio.

Por enquanto, Michele é adepta da bike apenas nos fins de semana, para atividades próximas de casa, como ir ao mercado ou à farmácia. Como trabalha no centro, que é muito movimentado, e não tem muita experiência com a bicicleta, ela ainda opta pelo transporte coletivo. “Disputar o espaço com os carros exige boa aptidão e preparo físico” explica ela.

Mesmo sem usar o veículo diariamente, ela já nota benefícios desde que optou pela modalidade. Entre eles, ela cita a agilidade para chegar aos lugares, o emagrecimento e a tonificação dos músculos. A fotógrafa também não esquece as vantagens mais amplas da bicicleta, que é um meio de transporte sustentável e que ajuda a desafogar o trânsito nas grandes cidades.

Para pedalar, Michele segue a inspiração dos Cycle Chics e não deixa o estilo de lado. “Eu sou mais casual, gosto de pedalar de bermuda, sapatilha ou mesmo vestido. Tenho também uma cestinha na minha bike, que ajuda bastante”, conta ela. Porém, o look é composto também por capacetes e luvas, para garantir a segurança. “Acho importante usá-los pela segurança e conforto. O capacete é fundamental”, conta ela.

Desfile promovido pelo Curitiba Cycle Chic. Crédito: Michele Micheletto


O estilo na hora de pedalar levou o grupo inclusive a criar um desfile de bicicleta, em que os ciclistas desfilam seus looks de bike. Michele conta que, em Curitiba, já aconteceram duas edições em praças da cidade, mostrando que não é necessário usar apenas roupas esportivas para andar de bicicleta.

Vale lembrar que esses eventos são, em geral, bem autorais, sem grandes apoios. Neles, as marcas amigas aceitam o convite para exibir os looks associados à prática da bike.

Outro look desfilado com a bicicleta pelos Cycle Chics de Curitiba. Crédito: Michele Micheletto

Benefícios de pedalar

Para quem ainda não está convencida dos benefícios de trocar o carro pela bicicleta de vez em quando, vale conhecer as vantagens da modalidade para a saúde. Pedalar faz bem para o coração e ajuda a perder gordura e emagrecer, sendo uma boa dica de esporte para quem precisa perder uns quilinhos extras para o verão.

Além disso, andar de bike tonifica e fortalece os músculos das pernas e do bumbum, deixando o corpo em dia. Há outras vantagens que vão além da questão estética, já que a modalidade também contribui para aliviar dores nas costas e nas articulações. Ela ainda ajuda a reduzir a pressão arterial.

A boa notícia, como afirma a professora Íris, da academia Mobi Dick, é que praticamente não há contraindicações para começar a pedalar. Apenas quem tem problemas de joelho ou rompimento de ligamentos é que não poderá apostar na bike.

Ela recomenda apenas estar atento ao ajuste do banco de acordo com a sua altura para evitar problemas, já que as pernas nunca devem ficar totalmente esticadas ao pedalar.

Para aquelas que querem intensificar o emagrecimento andando de bicicleta, a dica de Íris é escolher terrenos variados. Segundo ela, quanto mais subidas houver no trajeto, melhor, pois a capacidade cardiovascular será mais trabalhada.

Vale ressaltar que o treino de bicicleta é um dos mais completos, pois trabalha o aspecto aeróbico (para o coração e pulmões) e de resistência (para os músculos das pernas). Além disso, pode ser praticado por pessoas de várias idades e sem exercer um impacto de risco para as articulações. Pedalar também afasta o risco de doenças (como cardíacas e diabetes) e dá mais energia para o dia a dia.

Crédito: Thinkstock

E não é apenas a saúde que agradece. Investir na bike também faz você conhecer mais amigos, já que há vários grupos que se reúnem para praticar, ajuda no orçamento (pois você vai gastar menos com transporte) e ainda pode poupar o tempo que você perde no trânsito. Você estará ainda dando sua contribuição do ponto de vista sustentável, eliminando o lançamento de poluentes na atmosfera para chegar aos seus destinos.

Os desafios para os ciclistas

Assim como toda modalidade, o ciclismo não tem apenas benefícios, mas também alguns desafios. Quem deseja aderir à bike para ir ao trabalho precisa encontrar seu espaço no trânsito caótico de algumas vias e enfrentar o desrespeito de motoristas que ainda não reconhecem a bicicleta como um veículo.

A falta de infraestrutura para quem anda de bike na cidade é apontada como um problema pelas ciclistas Michele e Marcela. A fotógrafa conta que faltam ciclofaixas, paraciclos e mesmo a educação dos motoristas. “Ainda é complicado andar de bike, ainda mais para uma pessoa ‘pouco habilidosa’ como eu. Quando levo uma ‘fechada’ fico supernervosa”, conta Michele.

Porém, para ela, a tendência é que a situação melhore, pois o veículo vem ganhando espaço nas cidades. “Podemos reparar que, em lugares onde as pessoas usam mais a bicicleta e o transporte público, a qualidade de vida é melhor. Elas são magras, sorridentes, conversam e convivem com a cidade, que passa a ser um lugar mais humano”, argumenta a fotógrafa.

Em Belo Horizonte, Marcela também enfrenta os desafios de ser uma ciclista urbana. “Falta estrutura na cidade e educação tanto de motoristas quanto dos próprios ciclistas, que não respeitam as leis de trânsito. É difícil pedalar com receio de que algum carro estacionado abra a porta e simplesmente lance você para o meio da pista por pura falta de atenção ou costume de ver uma bicicleta transitando pela rua”, relata ela.

A designer reclama que muitos motoristas ainda acham que as vias são apenas para carros e não devem ser compartilhadas, sendo que a bicicleta estaria atrapalhando ao ocupar aquele espaço. “Junto com esse pensamento vem desde xingamentos até ameaças de atropelamento, como já aconteceu comigo. É necessária uma campanha para educar tanto motoristas quanto ciclistas para que respeitem as leis e compartilhem as vias. Além disso, é preciso criar uma estrutura adequada para as bicicletas, como mais ciclovias e bicicletários”, exemplifica ela.

Locais adequados para guardar a bike ao chegar ao destino é outro problema para os ciclistas urbanos. Na falta de suportes adequados, o jeito é improvisar. “Quando eu vou trabalhar, a bicicleta fica guardada dentro do próprio ambiente de trabalho, num cantinho, pois não tem bicicletário ou garagem para colocá-la”, conta Marcela.

Ciclistas com muito estilo flagrados no exterior. Crédito: Reprodução/businnesschic.com.au

A legislação para o ciclista

O professor Felipe Ribeiro é adepto da bicicleta como meio de transporte há cerca de quatro anos e ressalta a importância de conhecer a legislação para o ciclista antes de sair pedalando por aí.

De acordo com ele, do ponto de vista da lei, a bicicleta é considerada um veículo e, portanto, o ciclista tem o direito de circular pelas vias, desde que respeitando as regras. A princípio, a bike deve circular pelas ciclovias, mas, quando as condições não permitirem, o ciclista deve usar os bordos da pista, sempre no mesmo sentido dos carros.

Ele deve manter-se no lado direito da via, mas isso não impede que ele trafegue pelo lado esquerdo caso necessite fazer uma conversão. O ciclista só não pode trafegar na calçada, na contramão ou furar semáforos. Vale lembrar também que ele deve sempre sinalizar suas intenções aos demais motoristas.

Felipe explica que os itens obrigatórios de segurança são: campainha, espelho retrovisor do lado esquerdo e refletores (dianteiros, traseiros e nos pedais). A legislação não exige o uso do capacete.

Vale observar ainda que, no trânsito, os ciclistas têm preferência sobre os carros, assim como os pedestres têm preferência sobre os ciclistas. Em contrapartida, um ciclista “desmontado” equivale a um pedestre.

De acordo com sua experiência, o professor também aconselha aqueles que desejam andar de bike a não usar o fone de ouvido, para evitar distrações e permitir que o ciclista ouça o trânsito. Outra dica é optar por roupas claras ou chamativas, para que os demais motoristas possam notá-lo.

Além disso, evite ficar muito próximo do meio-fio, para diminuir o risco de acidentes, e sempre mantenha contato visual com pedestres, outros ciclistas e motoristas.

Crédito: Thinkstock

O que você precisa para começar a pedalar

Quem gostou da ideia de apostar na bike para emagrecer e fugir do trânsito pode começar desde já a aproveitar os benefícios da modalidade. O primeiro passo é escolher uma bicicleta adequada, de preferência com sistema de blocagem e 21 marchas. Ela também deve ser adequada à sua altura. Vale destacar também que versões mais leves tendem a custar mais.

Para evitar acidentes graves, invista em um capacete, luvas e outros equipamentos de segurança que você julgar necessários, além daqueles que são estabelecidos por lei. Um kit de reparo para pneus e uma bomba para enchê-los também são uma boa ideia a longo prazo, já que no futuro você precisará lidar com esses problemas. Comprar um suporte para garrafa de água ou uma cestinha é uma boa ideia.

Do ponto de vista da saúde, a dica da professora de spinning Íris é começar aos poucos, principalmente se você for sedentário. Assim, prefira trajetos com terrenos mais planos nas primeiras vezes. Outra dica é ir aumentando o tempo de percurso aos poucos, conforme o corpo for conquistando condicionamento físico, e fazer alongamentos antes e depois das pedaladas.

A ciclista Marcela também tem alguns truques para quem quer começar a andar de bike agora. “Não desanime na primeira subida que você empurrar a bicicleta por não conseguir ir até o final. Na próxima, ela estará menor aos seus olhos e menos difícil. Não desista quando os músculos estiverem doendo no dia seguinte: você vai perceber que eles ficarão mais fortes e passarão a doer menos a cada pedalada”, incentiva ela.

Ela também indica não dispensar o uso do capacete. “Eles não ajudam muito no penteado e não combinam com as roupas do dia a dia, mas são indispensáveis no trânsito, assim como as luvas e a sinalização luminosa à noite”, recomenda a designer.

A ciclista curitibana Michele também dá algumas recomendações para quem quer começar a andar de bicicleta. Segundo ela, no começo, o melhor é pedalar pelas proximidades de casa, usando capacete, e depois aumentar os trajetos, conforme o condicionamento físico for melhorando. Quando você estiver mais adaptado, é hora de pensar em usar a bike como meio de transporte para o trabalho, por exemplo.

Para aquelas que estão receosas de começar as pedaladas sozinhas, a fotógrafa recomenda procurar em sua cidade o grupo “Bike Anjos”. Esse grupo é formado por ciclistas experientes que se propõem a acompanhar as pessoas nos primeiros trajetos, ensinando a andar nas vias de tráfego e para dar mais segurança aos novatos.

E você, se arriscaria a usar a bike no dia a dia? Se você ainda tem receio da escolha, pelo menos neste dia 08, em que é comemorado o Dia do Ciclista, aproveite para sentir um pouco dos benefícios de pedalar por aí.

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