Ciência
30/01/2018 às 12:01•3 min de leitura
Para quem pensava que as areias do Egito apenas escondiam múmias, pirâmides e outras relíquias da época dos faraós, eis uma notícia — talvez — surpreendente! De acordo com Sarah Sloat, do site Inverse, um time de paleontólogos descobriu uma nova espécie de dinossauro por lá, e o achado pode ajudar os cientistas a entenderem como esses répteis gigantes se distribuíam pelo continente africano.
Segundo Sarah, o lagartão pertence a um grupo de dinossauros saurópodes conhecidos como titanossauros e foi batizado com o nome de Mansourasaurus shahinae. Os fósseis foram descobertos em uma formação rochosa chamada Quseir, situada no Oásis de Dakhla, que fica no Deserto Ocidental, e sua remoção foi liderada por um time internacional de paleontólogos ligados à Universidade de Almançora, no Egito.
Conforme explicaram os cientistas que descreveram a nova espécie, os Mansourasaurus shahinae eram dinossauros herbívoros que podiam medir mais de dez metros de comprimento e pesar cerca de 5,5 toneladas — ou o equivalente a um elefante africano — e os ossos se encontram praticamente intactos.
Os fósseis foram datados em cerca de 80 milhões de anos e representam o exemplar mais completo de dinossauro do finalzinho do período Cretáceo já descoberto na África, e consiste em um achado extremamente raro e importante para a paleontologia.
Um dos fósseis descobertos pelos paleontólogos (Inverse)
De acordo com Sarah, uma das dificuldades em se encontrar fósseis do Cretáceo na África está no fato de a maioria deles estar enterrada sob as camadas de vegetação dos oásis — ao contrário do que acontece em outros lugares famosos pela descoberta de dinossauros, como é o caso do Deserto de Gobi, na Ásia, e da Patagônia, aqui na América do Sul, onde os ossos ficam mais expostos.
Com isso, a falta de exemplares representa uma lacuna sobre como ocorreu a distribuição dos dinossauros no continente africano durante o fim do Cretáceo. Foi nesse período que se deu o início da fragmentação dos supercontinentes Laurásia e Gondwana até a formação das massas continentais que existem hoje, e ninguém sabe ao certo como é que a África e a Europa ficavam conectadas há milhões de anos.
Modelo criado a partir dos fósseis encontrados (Inverse)
Sendo assim, os pesquisadores também não sabem se (ou como) a separação dos dois continentes afetou evolução dos dinossauros — tanto que alguns cientistas chegaram a pensar que os répteis da África tinham evoluído de maneira isolada de outros animais. Pois a descoberta do novo fóssil ajuda a esclarecer uma porção de dúvidas relacionadas com essa e outras questões.
As análises dos ossos sugerem que, pelo menos durante o Cretáceo, o trânsito dos répteis entre a África e a Europa aconteceu de alguma forma, uma vez que o Mansourasaurus shahinae é mais “parecido” com os répteis encontrados na Ásia e no continente europeu do que no sul do continente africano ou em outras regiões do hemisfério sul.
Representação do Mansourasaurus shahinae (NBC News/Andrew McAfee/Museu Carnegie de História Natural)
Além disso, o estudo dos fósseis pode ajudar os cientistas a finalmente montar o quebra-cabeça de como os grandes répteis viviam e se distribuíam na África — e de como se deu a sua evolução com o passar dos milênios.