3 retratos da evolução das espécies diante de grandes catástrofes naturais

17/09/2018 às 13:022 min de leitura

O fato de que mudanças climáticas e catástrofes naturais são capazes de dizimar grandes comunidades de seres vivos você já sabe – a provável queda de um meteoro no planeta Terra teria sido a principal causa da extinção dos grandes répteis, por exemplo. 

Mas outras perturbações naturais e eventos catastróficos, tais como vulcões, furacões e terremotos, continuam ocorrendo na natureza e ocasionam mortes e renovação da diversidade local. Estes eventos contemporâneos extremos são responsáveis por alterar a composição das comunidades e indicar novos rumos evolutivos das espécies a curto prazo, que você verá abaixo:

1. Os lagartos e os furacões Irma e Maria

As Ilhas Turcas e Caicos, localizadas no Mar do Caribe, foram afetadas em 2017 pelos furacões Irma e Maria, – ambos de categoria 5. Catastroficamente destrutivos, acabaram afetando as populações de Anolis scriptus, uma pequena espécie de lagartos da região. Logo após o evento, já foi possível observar o efeito de seleção biológica causada pelos furacões, que acarretaram na sobrevivência dos lagartos com membros dianteiros e posteriores mais longos e, claro, na sobrevivência dos lagartos com maiores “almofadas adesivas”, estruturas com moléculas de grande capacidade de aderência localizadas na parte ventral das digitais das patas.

lagartosOs lagartos das Ilhas Turcas e Caicos: novo furacão pode acabar com a espécie

2. Peixes e o terremoto do Alasca

O maior terremoto já registrado na América do Norte ocorreu em 27 de março de 1964 na região do Golfo do Alasca. Ele foi capaz de elevar as pequenas ilhas da região criando assim lagoas de água doce a partir do habitat marinho. Naturalmente adaptado ao ambiente salgado, um pequeno peixe nativo da região, conhecido popularmente como esgana-gato, acabou sendo afetado pelo evento. A rapidez e a magnitude das mudanças sofridas pelo conjunto da população são impressionantes! Neste curto período de tempo, já foi registrado a reconstrução genética destes animais que estão de acordo com o que se sabe sobre a adaptação ao ambiente de água doce.

esgana-gatoO esgana-gato e o seu lar doce lar: do habitat marinho à água doce

3. Os bugios-pretos e o furacão Íris

O furacão Irís afetou as Ilhas do Caribe e a costa do México em 2001 e teve sua força máxima em Belize, uma pequena nação na América Central. Destruindo o país e o habitat natural de muitos animais, este evento catastrófico foi bastante representativo de como um distúrbio natural é capaz de afetar a organização dos sistemas sociais de primatas.

Após a passagem do furação, a população de Alouatta pigra, espécie bugios-pretos encontrados na região, caiu de 9.784 para 1.181 macacos, uma redução de 88%. Mas outros fatos afetaram ainda mais a reprodução da espécie: antes da tempestade, 75% dos grupos sociais eram multimachos, ou seja, continham mais de um macho no grupo. Após o desastre, 74% dos grupos permaneceram com apenas um representante adulto macho em cada grupo.

bugiu-pretoO Bugiu preto Alouatta pigra: Menos Machos nos grupos

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Qual será a próxima catástrofe?

Apesar do importante papel que os desastres catastróficos desempenham nas comunidades naturais, os estudos sobre seus efeitos permanecem incomuns. Isto é devido à imprevisibilidade de perturbações naturais e, consequentemente, aos dados antes dos eventos geralmente serem escassos.

*Este texto foi redigido por Raquel Sanzovo, bióloga e pedagoga do Departamento de Educação da Unesp Botucatu.

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