Teoria sugere que buracos de minhoca fariam viagens espaciais mais longas

30/04/2019 às 02:003 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar sobre os buracos de minhoca, certo? Também conhecidos como “Pontes de Einstein-Rosen”, sua existência é prevista pela Teoria da Relatividade Geral e eles consistiriam em “atalhos” que conectariam dois pontos no tecido espaço-tempo que, hipoteticamente, permitiriam que as viagens espaciais se tornassem muito, muito mais curtas.

(Reprodução / Giphy)

Essa ideia inclusive já foi bastante explorada pela ficção, mas a verdade é que, além de ainda não termos tecnologia suficiente para ir muito longe no cosmos, ninguém jamais se deparou com uma dessas “passagens intergalácticas” para provar que elas realmente podem existir. Agora, uma teoria recente, proposta por Daniel Jafferis, um físico da Universidade de Harvard, nos brinda com uma boa e uma má notícia com relação aos buracos de minhoca.

Buracos negros, brancos e universos paralelos

As teorias sobre essas passagens começaram a se formar a partir de uma ideia apresentada pelo físico austríaco Ludwig Flamm, no início do século 20. Esse cara propôs a existência de “buracos brancos”, que seriam o oposto dos buracos negros e, portanto, em vez de atrair a matéria, a ejetariam ao cosmos. Além disso, os buracos brancos (hipoteticamente) estariam do outro lado espaço com relação aos negros – lançando de volta ao cosmos o que seus pares “engolem”, mas em um universo paralelo. Sendo assim, enquanto um serviria de porta de entrada, o outro serviria de saída, e 2 áreas do espaço estariam de alguma forma conectadas.

(Reprodução / Giphy)

Einstein achou a ideia de Flamm interessante e explorou a proposta com o colega Nathan Rosen – parceria que deu origem à teoria das Pontes de Einstein-Rosen, isto é, dos buracos de minhoca. Bem, as teorias de Einstein que foram postas à prova até agora passaram nos testes com louvor, então, não é de se estranhar que muita gente esperasse que os buracos de minhoca pudessem servir de passagem um dia. Mas...

Atalhos, só que não

O problema, entretanto, é que esses portais seriam incrivelmente instáveis e tenderiam a entrar em colapso pouco depois de se formarem. Ademais existe ainda a questão do “Paradoxo da Informação em Buracos Negros”, que se refere ao que realmente acontece com a matéria uma vez ela é atraída por um deles – ela desaparece em seu interior ou vai parar em algum lugar desconhecido por meio de outro buraco, como seria o caso da hipótese dos buracos brancos?

(Reprodução / Giphy)

Voltando ao estudo do físico de Harvard, a boa notícia é que, segundo Jafferis, as pontes cósmicas parecem mesmo ser teoricamente possíveis. Mas, a má é que, de acordo com as simulações realizadas pelo pesquisador, os buracos de minhoca não serviriam como atalhos – tal como se acreditava –, senão que tornariam os deslocamentos de um ponto a outro do Universo mais longos e, consequentemente, não seriam especialmente úteis para viagens espaciais.

Jafferis conseguiu solucionar o problema da instabilidade dos buracos de minhoca construindo uma passagem que seria composta por 2 buracos negros entrelaçados, ou seja, por um par de buracos negros em um mesmo estado quântico onde variações afetariam as duas estruturas de maneira idêntica e simultânea, ainda que elas se encontrassem em galáxias diferentes.

Dessa maneira, os portais se manteriam estáveis e permitiriam que se pudesse viajar através deles. Entretanto, se alguém se aventurasse a usar uma dessas passagens para ir de um ponto a outro do cosmos, o que ocorreria é que, conforme a (hipotética) espaçonave se aproximasse de um dos buracos negros, para uma pessoa assistindo de fora, o foguete começaria a se mover cada vez mais devagar e jamais chegaria a passar pelo horizonte de eventos – ou seja, o ponto limite na entrada de um buraco negro –, já que a gravidade, o espaço e o tempo se comportam de modo diferente no interior de um desses portais.

“Teoria de Tudo”

Na realidade, o propósito de Jafferis – que realizou o estudo em parceria com outro físico de Harvard, Ping Gao, e um de Stanford chamado Aron Wall – nem era tratar de buracos de minhoca propriamente ditos. Os portais só serviram de “meio” para outra coisa. O trio, assim como muitos outros cientistas mundo afora, está focado em encontrar uma forma de conciliar a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica, que representam os pilares da Física, mas não conversam entre si.

(Reprodução / Giphy)

No caso dos buracos de minhoca, eles foram escolhidos com base em um estudo apresentado há alguns anos pela dupla de físicos Juan Maldacena e Leonard Susskind, que propuseram a ideia de que os buracos negros entrelaçados funcionariam como portais – em uma hipótese conhecida como “ER=EPR”, onde ER representam Einstein e Rosen, e EPR, Einstein, Podolski (de Boris Podolsky) e Rosen.

Jafferis e seus colegas se inspiraram nesse conceito para “construir” um buraco de minhoca formado por 2 buracos negros entrelaçados a nível quântico para, assim, usar essa passagem para testar novas teorias relacionadas com a mecânica quântica e a gravidade e, quem sabe, encontrar formas de conciliar as duas.

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