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Antigos micróbios podem ser a chave para salvar cidades costeiras

23/02/2020 às 06:202 min de leitura

As mudanças climáticas já estão alterando o meio ambiente e o planeta como o conhecemos. O aumento do nível do mar ameaça inundar, em um futuro não tão distante, metrópoles importantes como Nova York, Xangai e Mumbai. Mas, de acordo com o filósofo experimental Jonathon Keats, a ação de antigos micróbios que formaram as “primeiras cidades” que a Terra teve, há cerca de 3,5 bilhões de anos, pode ser a chave para salvar as cidades costeiras.

As “cidades” antigas nada mais eram do que montes em camadas de estromatólitos, que se formavam graças aos esforços de milhões de micróbios, como cianobactérias fotossintéticas. À medida que as criaturas se moviam para capturar os raios de sol, o monte crescia com camadas de biofilme sedimentando a estrutura. Essa ação dos micróbios acontecia em áreas de maré. Os estromatólitos tinham ainda um bom senso de comunidade, uma vez que os micróbios ativos acabavam se tornando apoio estrutural à medida que o monte crescia.

Fonte: David Holt (arranha-céus) and Didier Descouens (estromatólito), Jonathon Keats (ilustração)

Para Keats, essa ação pode inspirar planejadores urbanos a pensar as cidades do futuro já vislumbrando as inundações. Para isso, criou o “Iniciativa Cidades Primordiais”, projeto de arte interdisciplinar feito em parceria com pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Física da Construção (IBP) na Alemanha.

Construindo cidades inspiradas em micróbios

No ano passado, Keats e os pesquisadores criaram projetos de arranha-céus que permite aos habitantes a construção “para cima”, camada por camada, como os antigos micróbios. Com isso, ficariam sempre acima do nível de água. Eles desenvolveram ainda um plano de energia que dependeria de geradores de maré e baterias gravitacionais.

Fonte: Fraunhofer IBP

Os pesquisadores testaram ainda diversos materiais que poderiam ser utilizados na construção, como concreto e madeira e conseguiram detectar efeitos positivos em todos. Com esses dados, Keats construiu arquétipos de arranha-céus. “As madeiras são especialmente interessantes para mim, porque os materiais de construção podem ser cultivados no telhado, paralelamente à forma como os estromatólitos se adaptam ao crescer", disse Keats.

Os estromatólitos também são eficientes porque cada camada absorve a anterior. Em entrevista ao Live Science, Keats disse que não é contra que suas cidades sejam “construídas a cada camada em cima dos ossos dos mortos”, mas também afirmou que “seria muito lento”.

Os prédios e os detalhes do plano de gerenciamento de energia projetados por Keats e pelos pesquisadores de Fraunhofer IBP estão expostos no STATE Studio, em Berlim.

Fonte: Anne Freitag Photography

Keats é ainda mais ambicioso e quer dar o passo seguinte, fazendo um teste de campo completo em uma grande cidade o que, para ele, duraria pelo menos uma década, levando em consideração a modificação de vários prédios. Ele afirma que um bom teste de campo poderia ajudar a solucionar erros no sistema de cidades primordiais, como o melhor projeto gerador de maré, por exemplo.

Keats espera ainda que a iniciativa motive um novo campo de estudo, a paleobiomimética, que ensinaria lições e ideias de sistemas ecológicos inteiros com o olhar voltado para o passado.

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