O negacionismo das extinções é o novo movimento anticiência

22/09/2020 às 10:002 min de leitura

Em pleno século XXI, o negacionismo científico está ganhando cada vez mais força e tem várias vertentes: os antivacinas, os terraplanistas, os que negam o aquecimento global e as mudanças climáticas e, agora, os negacionistas da pandemia, que se recusam a colaborar com as medidas sanitárias... Isso quando a mesma pessoa não é todas as coisas, né?

Muito que bem. Agora temos um novo tipo de movimento anticiência para fazer a gente sentir vergonha alheia: a negação da extinção. Basicamente, são pessoas que negam que há um número maior de espécies sendo extintas, por causa das ações humanas na natureza. Ou, então, eles negam que isso seja um problema. De qualquer forma, esse movimento questiona os esforços para a conservação das espécies de seres vivos que correm risco de extinção.

A vergonha alheia quando descobrimos um novo movimento anti-ciência (Fonte: GIphy)
A vergonha alheia quando descobrimos um novo movimento anticiência (Fonte: Giphy)

Uma espécie que podia entrar em extinção...

Ao contrário dos pandas, borboletas e rinocerontes, os negacionistas não parecem perto da extinção. Pelo contrário: há um número cada vez maior deles. 

Essa observação foi feita em um artigo científico, assinado por um grupo de biólogos conservacionistas, publicado recentemente pela revista Nature Ecology. Segundo eles, muitos estudos científicos sobre as extinções foram rebatidos por artigos de opinião que não apenas refutavam a ideia de que há espécies sumindo da natureza, como também atacavam a reputação de seus autores. 

Eles explicam que as opiniões, de maneira geral, se dividem em três categorias: dizer que a extinção de espécies sempre aconteceu, que o crescimento econômico vai solucionar a crise de biodiversidade ou, então, que o progresso tecnológico vai superar as extinções. 

A borboleta Ornithoptera alexandrae é uma das espécies que corre risco de extinção (Fonte: Wikimedia Commons)
A borboleta Ornithoptera alexandrae é uma das centenas espécies que corre risco de extinção, atualmente (Fonte: Wikimedia Commons)

Ou seja, os negacionistas da extinção são contra os esforços de conservação ambiental, de forma semelhante àqueles que negam as mudanças climáticas. Naturalmente, eles são armados de opiniões e têm uma boa retórica, embora não tenham argumentos sólidos ou fatos e dados para embasá-los. De qualquer forma, o surgimento de mais um movimento anticiência deve ser visto com preocupação — e combatido com muito cuidado — para não prejudicar as iniciativas de conservação da natureza. 

Até porque, voltando aos fatos, os cientistas alertam que o planeta está caminhando para sua sexta onda de extinção em massa, nos próximos anos. Essa será a maior desde o asteroide que dizimou os dinossauros. 

Só que, ao contrário dos outros eventos, que foram causados por desastres naturais ou mudanças geológicas, a atual crise de biodiversidade é causada pela ação humana: destruição de habitat, mudanças climáticas, inserção de espécies invasivas e outros fatores que podemos e devemos evitar — isto é, se os negacionistas da extinção não ganharem mais poder. 

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