De repente 30: fazer amigos na vida adulta é realmente mais difícil?

04/12/2017 às 05:003 min de leitura

A infância, a adolescência e o início da juventude são fases marcadas pela presença de amigos. Quanto mais, melhor. Acontece que, de repente, o tempo passa e os feriados já não são mais como antigamente: em vez de uma turma de 15 pessoas reunidas na chácara de um dos amigos, você, com sorte, encontra um ou dois deles, e o espaço entre cada encontro tende apenas a aumentar.

Nesse momento, é comum que muitos integrantes da turma questionem a amizade uns dos outros. “Nunca mais fulano me procurou” e “minha nossa, não vejo sicrana desde a Copa” são sentenças cada vez mais ditas. Por que será que esse afastamento acontece? Nossos amigos desaparecem mesmo quando chegamos aos 30?

Ali na casa dos 30 anos, a frequência com a qual dizemos e ouvimos a famosa “temos que marcar alguma coisa” aumenta. A quantidade de vezes que a ideia vira ação, no entanto, não é lá grande coisa. Mas isso não acontece por falta de vontade – muito pelo contrário! Psicólogos e sociólogos acreditam que a resposta é bastante simples: quando somos adolescentes, temos mais oportunidades para reunir a galera.

Tudo muda

Fonte: Giphy

Uma pesquisa recente confirmou aquilo que quem já chegou aos 30 percebe na prática: depois dos 25 anos, tendemos a fazer cada vez menos amigos. Não significa que vivemos em uma bolha – na verdade, depois dos 30, tendemos a manter contato com colegas não tão próximos assim, o que não é algo ruim. A questão é que o nível das amizades não é tão intenso quanto costumava ser.

Para o pesquisador William Rawlins, da Universidade de Ohio, manter as amizades na fase adulta da mesma forma como mantínhamos na adolescência é algo fora do nosso controle. A verdade é que esses laços mais fortes de amizade, assim como a frequência de encontros, têm uma espécie de “era de ouro”, que acaba logo quando saímos da faculdade e começamos a vida adulta de fato, trabalhando e tendo outras preocupações.

Rawlins, especialista em estudar amizades, afirma que essa sequência é até irônica, já que nossos amigos de juventude nos ajudam a tomar as decisões que nos impulsionam para a vida adulta, mas, uma vez inseridos dentro dela, temos cada vez menos tempos para os amigos.

Compromissos mil

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Tornar-se chefe, pai, mãe, esposa, marido, funcionário dedicado, estudante de pós-graduação, de mestrado, de doutorado; pagar contas, cuidar da limpeza da própria casa, fazer compras no supermercado, ir a reuniões de condomínio. Tudo isso tira de nós o tempo que um dia foi dedicado à mesa de bar, às partidas de truco, às conversas acompanhadas de pizza e vinho barato. Simples assim.

Essa mudança, ainda que prevista e muitas vezes esperada, acontece em um intervalo relativamente curto de tempo, por isso ficamos quase indignados quando percebemos que não vemos aquele superamigo há meses, quem sabe anos...

Além de tudo isso, tem o fato de que a geração de jovens de hoje, formada pelos famosos millennials, tem sempre em mente a ideia de inovação, de movimento, de arriscar tudo e começar do zero – depois de tanta agitação, a calmaria chega, e ela geralmente vem depois dos 30, dizem alguns especialistas.

Sdds

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Saudosistas por natureza, tendemos a idolatrar nossas amizades de infância e adolescência quando chegamos à fase adulta – repare. Isso acontece porque, além de essas pessoas nos conhecerem há mais tempo, elas geralmente estiveram presentes em momentos significativos, importantes, que hoje trazem saudade. Essa relação entre saudade e importância é o que faz com que alguns amigos ganhem o selo especial de “melhores amigos”, ainda que o contato entre eles seja cada vez mais raro.

A questão dos 30 anos também envolve mais alguns pontos da nossa passagem para a maturidade: fazer 30 anos é algo realmente significativo, até mesmo porque essa idade é a que nos coloca dentro da fase definitivamente adulta da vida – depois disso, não tem mais jeito: é aluguel, condomínio, IPVA, fralda, consórcio, prestação da cama nova...

Com a vida definitivamente adulta vem também uma série de preocupações e, adivinha só: menos tempo – e disposição, a gente confessa – para jogar conversa fora com os amigos.

Colegas são fundamentais também

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O detalhe legal dos amigos de verdade é que o que nos dizem é realmente verdade: podemos passar tempos sem o sonhado reencontro, mas, quando ele acontece, a interação continua natural, espontânea e divertida. Além do mais, não estamos falando de isolamento social, mas sim da frequência com que os encontros sociais acontecem depois da vida adulta. Acaba-se vendo mais os colegas do que os melhores amigos.

Para quem não tem muitos colegas nem mantém contato com os amigos de adolescência ou da faculdade, hoje já existem até aplicativos que buscam promover amizades entre pessoas mais velhas – obrigada, tecnologia.

Vale sempre reforçar que contatos sociais são importantes para mantermos nossas próprias identidades, afinal não é possível viver em total isolamento e, já que isso é verdade, bom mesmo é sempre ter por perto pessoas que sejam agradáveis de alguma maneira. Amigos de verdade são capazes de reduzir nossos níveis de estresse, melhorar nosso humor, nos ajudar a encontrar um propósito na vida e, inclusive, viver por mais tempo.

*Publicado em 14/7/2016

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