Drogas sonoras: será mesmo que é possível ficar loucão só com música?

07/10/2015 às 08:563 min de leitura

Você sabe o que música, sexo, chocolate e cocaína têm em comum? São perfeitos estimuladores do nosso sistema cerebral de recompensa. Por questões de sobrevivência, temos necessidade de sentir prazer e, por isso, quando estimulamos a região cerebral capaz de nos dar esse prazer, acabamos ativando também a sensação de que precisamos mais e mais do que quer que tenha nos deixado tão satisfeitos.

Todo esse mecanismo envolve a liberação de substâncias que dão a sensação de bem-estar, como a dopamina. Esse é um dos fatores que faz com que a música, assim como o sexo, o chocolate, a cocaína e tantas outras substâncias e experiências, seja “viciante”.

A relação entre música e droga ficou ainda mais evidente com a criação das chamadas “drogas sonoras”. Aproveitando que há alguns dias um leitor nos pediu para falar sobre o tema, hoje você vai entender um pouco melhor esse assunto.

Drogas sonoras?

É isso mesmo: ao que tudo indica, é possível ter alucinações e alterações de níveis de consciência graças à influência da música – mas não de qualquer música. Existem algumas faixas específicas que prometem causar esses distúrbios visuais – dá até para baixar um programa e experimentar os efeitos prometidos pelo I-doser.

De acordo com a pesquisadora Helane Wahbeh, da Oregon Health and Science University, as drogas sonoras são, na verdade, as chamadas batidas binaurais, que são provocadas quando as pessoas ouvem duas ondas sonoras diferentes simultaneamente. “Quando se escuta esses sons com fones de ouvido estéreo, o ouvinte sente a diferença entre as duas frequências”, explicou a pesquisadora. É por isso, segundo ela, que é possível ter a sensação de que um desses barulhos está vindo de dentro da nossa cabeça.

Ela explica que se um ouvido escuta um tom de 400 hertz e o outro, um de 410 hertz, a batida sentida dentro da cabeça é de 10 hertz. É por causa disso que algumas pessoas acreditam que esses sons são capazes de alterar nosso estado de consciência, por meio de um mecanismo chamado de “arrastamento das ondas cerebrais”. Em teoria, ele faz com que as ondas cerebrais fiquem sincronizadas com as ondas sonoras que a pessoa escuta.

A equipe de Wahbeh realizou um estudo com quatro pessoas, por meio de monitoramento da atividade cerebral, para tentar comprovar essa ideia. No final das contas, as imagens não revelaram qualquer alteração das ondas cerebrais.

Em 2005, a Universidade do Sul da Flórida promoveu um estudo para tentar descobrir se batidas binaurais poderiam melhorar a concentração de crianças e jovens adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Não houve qualquer resultado conclusivo.

Ainda assim, o site I-doser continua sendo um sucesso, especialmente entre os jovens. Lá, é possível comprar diferentes tipos de áudio, que prometem efeitos diferentes como “primeiro amor” e “orgasmo” – eles estão entre os mais procurados. O site, que existe há 10 anos, já vendeu mais de 1 milhão de sons bizarros que prometem mexer com o humor e a libido, acabar com a insônia e, claro, simular efeitos de drogas como maconha, cocaína e ópio. O dono do site, Nick Ashton, afirma que os áudios comercializados têm, no mínimo, 80% de taxa de sucesso.

O professor e pesquisador de neurobiologia e comportamento da Universidade da Califórnia, Norman M. Weinberger, afirma que a música pode, sim, melhorar nosso humor. Ele não é um entusiasta da música como droga devido à falta de comprovação científica. Já Paul Doering, professor de Farmácia também da Universidade da Flórida, chama a ideia por trás do I-doser de “nonsense”.

Doering explica que, nesses casos, o que pode fazer com que o efeito “exista” é o poder de sugestão da pessoa que acredita tanto que vai ficar drogada que acaba percebendo alguns sinais – uma espécie de efeito placebo, digamos assim.

As tais “drogas digitais” criaram bastante polêmica quando começaram ser conhecidas. Muitos pais temiam que seus filhos estivessem diante de mais uma opção perigosa de entretenimento. Nesse sentido, vale o conselho de Jose Szapocznik, do departamento de Medicina da Universidade de Miami: “Quando seu filho está à procura de um estado alterado de consciência, porque está entediado ou porque o mundo é doloroso para ele, é com isso que os pais devem se preocupar”.

Ainda assim, o nosso leitor, Santiago, que sugeriu que abordássemos o tema, nos garantiu que sentiu o efeito das tais drogas sonoras. Nesta publicação da Vice, é possível ler as observações de Amira Asad, que testou alguns tipos de “drogas” e, apesar de começar o teste totalmente cética, acabou sentindo também alguns efeitos. E você, já ouviu essas faixas? Se sim, conte para a gente como foi a sua experiência!

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