'Bebês Melhores': o concurso que visava padronizar a sociedade

19/06/2021 às 13:002 min de leitura

O circuito dos "freak shows" e seu uso como entretenimento mostrou bem aos cidadãos dos Estados Unidos o ipo de pessoas que eles não queriam ver na sociedade. Portanto, no final do século XIX, eles começaram a promover movimentos eugênicos que defendiam a criação de uma população considerada "melhor" em todos os aspectos humanos, como a aparência perfeita (de tom de pele branco, claro), bem como a alta inteligência e nenhum tipo de deformidade.

Os defensores da prática apoiaram descaradamente os programas que pretendiam melhorar as características que podem ser transmitidas de pais para filhos, com o intuito de ampliar o número de indivíduos "estáveis e perfeitos" que seriam essenciais para a promoção da sociedade americana.

No início do século XX, a ex-professora Mary De Garmo, presidente do Congresso Nacional de Mães e conhecida por ser uma ativista dos direitos e bem-estar infantil, criou o concurso de "Bebês Melhores" no estado de Louisiana, em meados de 1908.

Todos iguais

(Fonte: Timeline/Reprodução)(Fonte: Timeline/Reprodução)

O concurso possuía uma bancada médica e reunia centenas de bebês com idades entre 4 e 6 anos para serem avaliados como cabeças de gado, fazendo comparações a partir de uma tabela de pré-requisitos para pontuar o quanto de perfeição a criança possuía – e também encontrar os que eram 100% "perfeitos".

Diante de uma plateia de pais ansiosos, as enfermeiras registravam o peso, circunferência torácica, capacidade mental, aparência física e aptidões psicológicas dos infantes. Os jurados pontuavam cada bebê a partir de uma escala de mil pontos, dos quais 700 iam para a aparência, 200 pontos para aptidões e 100 pontos para medidas físicas. Durante os testes de interatividade com os profissionais, qualquer criança que se mostrasse tímida já perdia vários pontos.

No final do exame e das notas, os bebes vencedores ganhavam troféus de prata.

(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)

Mas a obsessão de De Garmo pela padronização e higiene das crianças não parou por aí. Na década de 1910, ela desenvolveu um cartão de pontuação que as mães podiam avaliar seu próprio sucesso na criação e molde de seus filhos. A revista Woman’s Home Companion chegou até a publicar um cartão de pontuação nacional e criar uma agência para promover as competições nos Estados Unidos inteiros, reforçando o desejo de uma raça melhor.

De acordo com De Garmo, a criação de padrões para medir a saúde infantil melhoraria o desempenho das mães na criação de seus filhos. Além de que, tratar uma criança o mais cedo o possível a "preveniria de futuras deformidades de saúde" na época da adolescência.

Gêmeos sociais

(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)

Em uma época em que as taxas de mortalidade infantil eram altíssimas no país, com uma criança em 100 morrendo antes de seu primeiro aniversário, os concursos, por um lado, serviram para que os profissionais de saúde encontrassem maneiras de melhorar o bem-estar dos bebês e desenvolvimento por trás de seu objetivo doentio – apesar de visar apenas os brancos.

No final das contas, onde possuía objetivos minimamente bons, foi ocultado pelo endossamento da ideia de que os americanos brancos eram mais saudáveis e superiores do que os outros por causa de sua hereditariedade, estabelecendo leis com base em princípios eugênicos e promovendo a esterilização ao nível federal de pessoas consideradas "inaptas".

Mães pobres, pretas, solteiras, imigrantes e violentadas – consideradas "débeis mentais" pelas sequelas psicológicas da violência – apresentavam uma ameaça social para a continuidade do princípio da sociedade americana. 

A recompensação com pontos e troféus de uma ideologia preconceituosa estende suas marcas até hoje.

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