Sífilis: descubra quando essa doença surgiu e se espalhou pelo mundo

01/10/2017 às 02:003 min de leitura

De acordo com os achados históricos, a palavra "sífilis" se originou de um poema chamado "Syphilis Sive Morbus Gallicus", de Girolamo Fracastoro. Esse poema conta que o protagonista, Syphilus, é castigado pelos deuses com uma doença horrível e repugnante, que o autor descreve como a sífilis.

A doença, causada pela bactéria Treponema pallidum, é transmitida principalmente pelo contato sexual, mas também pode ser passada de mãe para filho durante a gravidez, no momento do nascimento ou na amamentação, além de transfusões de sangue contaminado ou contato direto com as feridas.

A sífilis é um mal que acomete pessoas até hoje, porém tem tratamento. Durante séculos, tempos atrás, ela assustou e assolou parte da população, principalmente da Europa. Mas você sabe como a doença surgiu e se espalhou pelo mundo?

Histórico

Existem algumas teorias sobre a origem da sífilis. Uma delas conta que a doença pode ter sido documentada por Hipócrates na Grécia Antiga, em 600 antes de Cristo. Outra diz que ela já era uma doença antiga no Velho Mundo, mas era confundida com lepra e sofreu mutações que a tornaram mais contagiosa no século 16.

Porém, a teoria mais difundida, e talvez a mais correta, diz que a doença foi levada das Américas para a Europa pelo navegador e explorador italiano Cristóvão Colombo ou seus sucessores por volta de 1492. Um estudo recente realizado por uma equipe formada por especialistas de três universidades norte-americanas (Emory, Columbia e Mississipi) confirma essa tese.

De acordo com o artigo de Rob Knell, do The Conversation, a doença ganhou mais força no território europeu em 1495, quando ela teria sido disseminada por soldados do exército do rei Carlos VIII da França após eles retornarem de uma invasão bem-sucedida na Itália, tornando-se uma epidemia.

Na época, a doença foi descrita por algumas pessoas com detalhes nada agradáveis como feridas iguais a “furúnculos saltados como bolotas de cor verde escuro, acompanhados por um mau cheiro terrível e por dores tão severas que era como se o doente tivesse sido colocado em cima do fogo".

Além das lesões, a doença causa ainda danos ao sistema nervoso, ao coração, ao cérebro, aos olhos e ossos, levando à morte em muitos casos. Por isso era tão temida em uma época em que a medicina ainda estava engatinhando.

Os países jogavam a origem da doença uns para os outros. Por exemplo, os ingleses a chamavam de “mal francês”, enquanto os franceses a chamavam de “mal italiano” ou “doença napolitana”.

Além da teoria de Colombo, existe outra pesquisa recente que declarou que ossos encontrados na Croácia parecem indicar sinais de infecção por sífilis bem antes da época de Colombo, sugerindo que a doença estava lá desde os tempos do Império Romano. Porém, as evidências mostram o contrário.

Entre outras possíveis explicações para o surgimento da sífilis, existe ainda a que diz que ela evoluiu de uma doença menos virulenta que não era transmitida através de relações sexuais ou foi introduzida a partir da África. Porém, a teoria de Colombo continua sendo a mais convincente. Vamos verificar a razão.

Um importante estudo de 2008 sequenciou o DNA da bactéria que causa a sífilis e seus parentes próximos, apontando que a origem é das Américas de vários milhares de anos atrás. Um segundo estudo, utilizando sequência de DNA e de material paleopatológico, também apontou para uma origem no Novo Mundo em algum momento entre 16 mil e 5 mil anos atrás.

A epidemia europeia

A promiscuidade e as casas de prostituição na Europa fizeram com que a sífilis se espalhasse rapidamente no final do século 15 e início do 16, matando milhares de pessoas. Porém, surpreendentemente, após essa fúria inicial, a doença parece ter evoluído para uma forma menos virulenta, embora ainda muito grave.

Segundo o The Conversation, esta mudança evolutiva na virulência da sífilis é consistente com a sua incorporação a uma população desprotegida em 1495. A doença havia evoluído, sendo superada pelas defesas imunológicas de pessoas no Novo Mundo após alguns milhares de anos. Em seguida, ela infectou europeus sem tais defesas, e isso explica por que ela se espalhou como fogo.

O rápido declínio na virulência após a explosão inicial de casos provavelmente aconteceu porque a principal via de propagação é o contato sexual, o que significa que as estirpes da doença que não causavam as pústulas gigantes verdes e o mau cheiro teriam tido uma chance muito maior de transmissão (pois não eram tão percebidas pelas pessoas) e suplantaram as cepas altamente virulentas originais em pouco tempo.

Mas se as evidências científicas já estão tão esclarecidas, por que existem ainda controvérsias sobre a origem da sífilis?

A terceira linha de evidências

Essa terceira linha se volta a achados arqueológicos: ossos de crânio com corrosão característica e ossos longos com deformações que podem denunciar que certo indivíduo foi acometido por alguma forma de sífilis.

De acordo com o The Conversation, aparentemente, todos os anos alguém encontra um esqueleto de um período antigo em algum lugar na Europa que parece ter mudanças sifilíticas, o que faz alguns especialistas alegarem que a doença poderia estar presente na Europa antes de Colombo.

Entre essas ossadas, estão a de gêmeos de Pompeia e, mais recentemente, o esqueleto encontrado na Croácia, que tem um fêmur deformado. Se estes tinham inquestionavelmente alterações sifilíticas no corpo, eles realmente desafiam a hipótese de Colombo. Porém, como distinguir a sífilis de outra patologia esquelética?

Uma parte do problema é que outras doenças causadas pelas bactérias estreitamente relacionadas com Treponema pallidum também podem causar alterações semelhantes, e é extremamente difícil fazer distinção entre elas.

Uma análise de todos os pedidos sobre mudanças causadas pela bactéria Treponema em material esquelético pré-colombiano da Europa não encontrou casos que poderiam conclusivamente refutar a hipótese, as reivindicações não foram bem suportadas ou o registro temporal do material foi questionável.

No caso do esqueleto na Croácia, parece que apenas o fêmur foi afetado. Vários cientistas sugeriram que o osso pode muito bem ter sido apenas afetado por uma doença chamada de displasia fibrosa em vez de sífilis.

Portanto, contando com as evidências de todas as pesquisas de DNA sequenciado apoiando a hipótese de Colombo, será difícil ir contra ela sobre a origem da doença.

*Publicado em 19/12/2014

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